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quinta-feira, 28 de maio de 2015

CORTES E CONTRADIÇÕES



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
28/05/2015

Por falta de agilidade de um lado e muitos interesses políticos de outro, o Congresso Nacional atrasou a votação das Medidas Provisórias de ajustes que o governo federal colocou em prática desde o início do atual mandato. Esse atraso, com o risco de que nem tudo o que foi proposto seja aprovado, comprometeu a economia de R$ 18 bilhões pretendidos pelo Ministério da Fazenda. Ou seja, tornou impossível alcançar 1,2% de superávit primário projetado para este ano. Nestas condições, o governo partiu para um corte mais substancial do orçamento de 2015, embora ainda insuficiente (o mesmo será de R$ 69,9 bilhões enquanto o Ministro da Fazenda defendia um corte mais próximo a R$ 80 bilhões). O orçamento é uma peça contábil importante que tem como objetivo prever as quantias monetárias que, num determinado período, deve entrar e sair dos cofres públicos. Os cortes feitos significam que muitas rubricas (ministérios especialmente) terão menos recursos para aplicarem. Tal ação desnuda um grave problema que temos: por questões constitucionais e políticas, não se está cortando onde realmente se precisaria e se teria maior eficiência, que seria na estrutura da máquina pública, custosa e ineficiente. Corta-se, ao contrário, particularmente nos ministérios que têm como função principal cuidar das necessidades sociais da população, as quais são urgentes. Assim, 63% do total cortado sairão de quatro áreas essenciais: cidades, saúde, educação e transportes. Nesse contexto, os municípios brasileiros receberão R$ 11 bilhões a menos neste ano. Mas as contradições não param aí! Ao mesmo tempo em que a sociedade perde recursos públicos necessários, os juízes e desembargadores brasileiros ganham auxílio-moradia (R$ 4.300,00) e auxílio-alimentação (R$ 700,00). Somente no Rio Grande do Sul as despesas do Tribunal de Justiça, com tais medidas, aumentarão em R$ 6 milhões anuais. Enquanto isso, com um salário mensal infinitamente menor, mesmo no teto da carreira, um professor estadual não recebe um centavo de auxílio-moradia e ganha R$ 155,32 de auxílio-alimentação, porém, no final do mês tem um estorno de 6% desse valor. Por outro lado, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado acaba de aprovar projeto que aumenta os salários dos servidores do Poder Judiciário federal entre 53% e 78,6% no período de 2015 a 2017, sob a alegação de que a remuneração de tais servidores não ocorreu entre 2009 e 2012. Ocorre que a inflação oficial no período passado acumulou apenas 27,4%, e se estendermos o cálculo até o final de 2014, como compensação, a inflação fica em 43,6% (IPCA). Em tempo: o reajuste vai trazer um impacto de R$ 25,7 bilhões aos cofres públicos nos próximos quatro anos. E assim proliferam os exemplos nas três esferas de poder nacional. Com tamanhas contradições não há como equilibrar as contas públicas e resolver a crise econômico-financeira do Brasil.

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(22/05/2015 a 28/05/2015)




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quinta-feira, 21 de maio de 2015

IMÓVEIS: A BOLHA ESTOUROU



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
21/05/2015

Era uma questão de tempo! Como em todos os lugares do mundo, quando se artificializa um mercado o mesmo gera uma bolha positiva de crescimento e, mais adiante, estoura por falta de sustentação, pois a economia tende a voltar à realidade, além da relação entre oferta e demanda naturalmente se ajustar. Aqui no Brasil não está sendo diferente. Após os automóveis e a chamada linha branca, é a vez do estouro da bolha imobiliária. Prevista por muitos e ignorada por tantos, a mesma começa a fazer estragos na economia. Além disso, como tal bolha foi gerada por crédito público, num contexto de déficit fiscal agudo, a ação corretiva do governo, tornando mais difícil tal crédito, além de elevar os juros, cristaliza o artificialismo do processo e piora o quadro de ajustes no setor. Também pudera, e se preveniu isso há anos, não há como um setor se sustentar quando um terreno chega a valer mais do que o próprio prédio (imóvel) sobre ele construído. Sem falar nos preços de terrenos e imóveis que, de uma hora para outra, no embalo passageiro de uma economia que crescia turbinada por recursos públicos sem sustentação, quintuplicaram, para dizer o mínimo. Agora, o setor terá que conviver com os profundos ajustes que começam a ocorrer. Em primeiro lugar, menos crédito para o setor. Em segundo lugar, crédito mais caro e seletivo. Em terceiro lugar, consumidores endividados (muitos inadimplentes), sem fôlego para pagarem as despesas que assumiram. Em quarto lugar, uma oferta maior do que a demanda com capacidade para comprar sem dinheiro público fácil. Em quinto lugar, o setor da construção civil parando, com demissões em massa. Somente no Rio Grande do Sul, para 2015, projeta-se a demissão de 40.000 trabalhadores neste setor. Em sexto lugar, imóveis e terrenos se desvalorizando, ou melhor, retornando aos preços lógicos de uma economia sem recursos para esbanjar. Enfim, perda enorme de receitas para quem especulou no setor, no momento da alta, e agora não tem como repassar o imóvel a preços que possam compensar o investimento. O lado positivo de tudo isso está na lição de que a prática confirmou o risco de se apostar em bolhas de crescimento, pois as mesmas são passageiras (quem se prepara para isso, ganha). Ao mesmo tempo, os imóveis voltam, aos poucos, aos padrões financeiros de uma população que nunca foi rica o suficiente para sustentar a disparada de preços no setor. Além disso, quem deixou para comprar imóveis e terrenos a partir de agora, poderá comprar mais barato, pois o quadro de ajustes para baixo apenas está começando. Tanto é verdade que até mesmo o programa social Minha Casa Minha Vida está sendo atingido pelos ajustes. Pelo menos é o que se depreende do discurso oficial em torno do corte de R$ 78 bilhões no orçamento da União para 2015, a ser anunciado nestes próximos dias de maio. Poderia ter sido diferente, mas isso já se comentou diversas vezes neste espaço.

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(15/05/2015 a 21/05/2015)




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quinta-feira, 14 de maio de 2015

CRISE ECONÔMICA E INCOMPETÊNCIA GERENCIAL



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
14/05/2015

Pelo menos 75% de nossa atual crise econômica é resultado da má gestão de nossos governos federais, especialmente nos últimos cinco anos. Potencializada pelo jogo de interesses presente nos poderes legislativo e judiciário. Portanto, não adianta culpar os outros (crise mundial, falta de chuva...) pelo que nos acontece, como a propaganda oficial (que nos custa milhões de reais por mês) tenta nos convencer. Soma-se a isso a profunda corrupção que se instalou no governo, com desvio de verbas públicas, desde o mensalão em 2005, prosseguindo nos Correios e outras empresas, até chegar à Petrobrás (para ficar com os fatos mais contundentes). Um desastre completo. Quanto à questão econômico-financeira propriamente dita, o centro do problema sempre foi o Estado ter governos que gastam mais do que arrecadam, e frequentemente gastando muito mal. Como o destino dos gastos públicos é mal feito, na lógica estrutural o Estado “quebra”. Como o Estado não é uma empresa privada, ele não fecha as portas e sim transfere para a sociedade o custo da ineficiência e incompetência gerencial, via mais impostos, menos serviços públicos (sem falar na qualidade dos mesmos) e redução de investimentos em infraestrutura que, por óbvio, reduzem a competitividade do país e a qualidade de vida de seus cidadãos. A situação piora ainda mais caso não haja cortes na máquina pública, ao mesmo tempo em que medidas paliativas, porém custosas, vão enganando os mais ingênuos e protelando o estouro da economia. No Brasil dos últimos anos passamos por tudo isso e agora o país estourou! Além da má gestão da política econômica, evidencia-se que o grande rombo da Petrobrás vem particularmente do fato de o governo, entre 2008 e 2014, ter subsidiado o preço dos combustíveis aos brasileiros, enquanto o petróleo (que importamos) disparava de preço no mercado mundial. No setor elétrico o TCU, em recente relatório, acusa que “as dificuldades vividas pelo setor elétrico nos últimos anos possuem estreita relação com deficiências da atuação governamental no setor...”. Ou seja, a culpa da crise energética está longe de ser a seca, embora a mesma atrapalhe. Somente o atraso nas obras do setor gerou, nos últimos tempos, um custo adicional de R$ 8,3 bilhões. Por sua vez, continuamos sem reformas estruturais, especialmente a administrativa, tributária e previdenciária. No primeiro caso, não custa lembrar que no início dos anos de 1990 (governos Collor e Itamar) tínhamos 14 ministérios. Hoje o Brasil tem 38 ministérios, 128 autarquias, 34 fundações e 140 empresas estatais, a maioria servindo para apadrinhamento político e cabide de emprego, o que somente aprofunda a incompetência gerencial e torna a vida dos brasileiros ainda mais cara. Espera-se que o fato de a sociedade cair na real, neste início de 2015, quanto à verdadeira face de sua economia, lhe dê maior discernimento no momento de escolher seus gestores públicos.

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(08/05/2015 a 14/05/2015)




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quinta-feira, 7 de maio de 2015

AJUSTE FISCAL: OU FAZEMOS OU AFUNDAMOS



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
07/05/2015

Dentre as reformas necessárias a serem feitas em nossa economia o ajuste fiscal é a mais urgente. Depois de um superávit primário (receitas menos despesas antes do pagamento dos juros da dívida) negativo em 2014 (-0,6%), o atual ministro da Fazenda colocou como meta alcançar um resultado positivo de 1,2% nesta rubrica em 2015. Ainda será um superávit baixo para as necessidades atuais do país, porém, será um primeiro passo. Todavia, a realização do mesmo continua bastante comprometida e contraditória. Comprometida porque o Congresso Nacional continua a trabalhar em benefício próprio e não em favor do país, salvo exceções. Contraditório porque, nessa postura, o mesmo Congresso triplicou o chamado fundo partidário (na falta das verbas do setor privado após os escândalos de corrupção que grassam no país), passando-o para R$ 867,5 milhões no atual orçamento da União. E isso com o aval da presidente Dilma, refém desse Congresso na busca de aprovação para as duras medidas de ajuste fiscal para solucionar um problema que ela mesma ajudou a criar em seu primeiro mandato. Paralelamente, o governo anuncia que não há mais recursos para o FIES, que financia estudantes junto às universidades do país, nesse Brasil cujo slogan oficial do atual mandato é “Pátria Educadora”. É evidente, e isso vem sendo anunciado há alguns anos, que os constantes gastos federais acima das receitas iriam provocar um estouro das contas públicas, o qual exigiria correções, as quais atingiriam até mesmo os programas sociais. É o que passamos a vivenciar em 2015 e que deverá durar por alguns anos. Afinal, entre 1991 e 2013 a despesa primária do governo central cresceu de 11% do PIB para 18,9%, fato que exigiu, por não se cortar despesas, aumentar a fonte de receitas, ou seja, os impostos, de 25% para 36% do PIB no período. Em 2014 a situação piorou ainda mais. Como 85% desta elevação da despesa primária se devem aos programas sociais, muitos mal executados diga-se de passagem, torna-se lógico que os mesmos sofrerão percalços quando do necessário ajuste, especialmente se ainda enfrentarem contradições impactantes como é o caso da educação. Isso acontece principalmente porque os poderes da República resistem em cortar despesas adequadamente. O problema é que, no estágio em que nos encontramos, ou saem os ajustes ou o país afunda ainda mais, piorando a situação de todos. Assim, cortar subsídios (é o que vem acontecendo no setor elétrico) e modificar regras de alguns gastos sociais e da Previdência se torna imprescindível. Se isso não for feito, aumentará a carga tributária, a qual penaliza os cidadãos em geral e os mais pobres em particular, além de se refletir negativamente em nossa competitividade perante o mundo. Com o agravante de que esta última opção será feita para fechar o rombo no caixa público e não para melhorar os serviços estatais aos cidadãos, como deve ser o caso em país que se preze.

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

(01/05/2015 a 07/05/2015)




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