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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(20/09/2013 a 26/09/2013)

Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
29/09/2013

 A EDUCAÇÃO E O DESCASO
Qualquer país que se preza, para avançar, investe na educação, particularmente na educação de base (aqui no Brasil os ensinos fundamental e médio). A formação das pessoas, a partir de uma educação de qualidade, é fundamental para se galgar etapas importantes rumo ao desenvolvimento. Exemplos vizinhos nos chamam a atenção, casos do Uruguai e do Chile. A Argentina igualmente, por muito tempo, avançou nesta linha. Infelizmente, nas últimas décadas, perdeu o rumo e iniciou um processo de recuo importante nesta área. E o Brasil? Pois nosso país tem deixado a desejar historicamente neste quesito primordial, com piora considerável na atualidade. Hoje a educação pública se tornou um fracasso rotundo. A ponto das manifestações populares de junho/13 centrarem suas reivindicações em torno deste tema, relacionando a péssima qualidade de ensino nacional com o aumento considerável da corrupção nas diferentes áreas públicas. Nesse momento, em muitos locais do país os professores manifestam, cada uma a sua maneira, em busca de melhorias salariais, já que nem mesmo o piso salarial nacional do magistério muitos Estados da Federação estão pagando. Para muitos professores se torna proibitivo até mesmo realizar uma assinatura de jornal cotidiano de influência estadual ou nacional, que dirá investir na compra de livros e na internet. Paralelamente, nossos alunos, que serão os gestores futuros deste país, em sua grande maioria, não conseguem assimilar um mínimo de conteúdo da língua portuguesa, de matemática, de idiomas estrangeiros ou de qualquer outra área do conhecimento. Ao mesmo tempo a infraestrutura de nossas escolas, com raras exceções, é precária e recebe poucos investimentos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o atual governador não cumpre a lei que ele próprio assinou quando ministro da República (Tarso Genro, quando ministro, assinou a lei que reza que nenhum professor estadual deve ficar sem receber o piso salarial da categoria). A alegação, assim como o discurso existente inclusive nos órgãos federais, é que não há recursos suficientes para a educação no país. Na verdade recursos existem! O que não existe é interesse político em investir na educação nacional.

A EDUCAÇÃO E O DESCASO (II)
O total descaso para com esse aspecto da vida brasileira é monstruoso, pois continuamos a comprometer o futuro deste país. Enquanto os diferentes governos, estadual e federal, indicam falta de recursos para a educação, a corrupção, o mau gerenciamento e o desperdício de dinheiro público aumentam diariamente no Brasil. Somente na última semana três notícias exemplificam nossa indignação a respeito. Não há dinheiro para a educação no Brasil, porém, somente no Rio Grande do Sul, onde não se paga o piso ao magistério público, os três poderes gaúchos (Governo do Estado, Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Ministério Público do Estado e Tribunal de Contas do Estado) gastam com funcionários contratados sem concurso (geralmente para acomodar promessas de campanha) ao redor de R$ 33,4 milhões todos os meses. São 5.715 cargos de confiança, muitos sem nenhuma qualificação para ocuparem os cargos em que estão, cada um ganhando em média R$ 5.844,27 mensalmente. Enquanto isso o piso salarial nacional para o magistério é de R$ 1.567,00 e o Estado gaúcho paga apenas R$ 977,00 mensais como remuneração básica a seus professores (cf. Valor Econômico, 23/08/13). O que os três poderes gaúchos gastam mensalmente com CCs daria para remunerar 21.316 professores estaduais pelo piso nacional.

A EDUCAÇÃO E O DESCASO (III)

Por outro lado, enquanto não há recursos para pagar decentemente os professores públicos dos ensinos fundamental e médio no Brasil, a Câmara Federal, com 513 deputados, gastou R$ 58,1 milhões, desde o início da atual legislatura (janeiro de 2011), apenas com aluguel de automóveis, sendo que parte do tempo dos mesmos é usada para fins particulares. Esse volume de dinheiro equivale a R$ 113.255,36 por deputado federal ou ainda R$ 3.775,18 por mês e por deputado, considerando que o cálculo leva em conta 30 meses passados da atual legislatura. E quando o Brasil analisa o trabalho realizado pelos deputados federais em prol da sociedade nacional, com honrosas exceções, tais valores se tornam uma aberração. A ponto de que seria R$ 11 milhões mais barato se a Câmara comprasse um carro popular para cada parlamentar usar (cf. ZH, 16/09/13). Enfim, não há dinheiro para a educação nacional, porém, os 513 deputados federais gastaram R$ 13,2 milhões com selos para correspondências desde janeiro de 2011. Isso em plena era da internet e correio eletrônico. Sem falar que a grande maioria de tais correspondências nada mais é do que propaganda pessoal do próprio deputado. Não há como o Brasil aguentar tal desatino gerencial. E tem gente que ainda acha que nosso subdesenvolvimento permanente se deve basicamente ao imperialismo internacional.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O DEVER DE CASA


O DEVER DE CASA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
26/09/2013


O Brasil acaba de consolidar dois recordes negativos e perigosos para o futuro de nossa economia. O primeiro quanto a balança comercial. O segundo, alimentado também pelo primeiro, quanto às transações correntes. O balanço de pagamentos do país é formado particularmente pela balança de transações correntes (esta é formada pela balança comercial; balança de serviços e balança de transferências unilaterais) e pela balança movimento de capitais. A soma das transações correntes e do movimento de capitais proporciona, grosso modo, o resultado final do balanço de pagamentos. Se a conta de transações correntes acusar um déficit, necessariamente a conta de capital terá que registrar um superávit importante para que não ocorra um déficit no balanço de pagamentos. Caso este déficit ocorra o país terá que se endividar, se não possuir reservas suficientes, e/ou cortar fundo em suas despesas. Pois bem, em 2013, além do tradicional déficit da balança de serviços, oriundo principalmente dos juros da dívida externa e dos lucros e dividendos enviados ao exterior pelas multinacionais aqui instaladas, e pelo fato das transferências unilaterais representarem pouco movimento de recursos, temos o agravante de que a balança comercial também registra um déficit até o momento. O mesmo era de US$ 2,26 bilhões até a terceira semana de setembro, contra um superávit de US$ 15,3 bilhões em igual período do ano passado (nos primeiros oito meses do ano nossa balança comercial já havia registrado o seu pior resultado dos últimos 18 anos). Ou seja, o resultado da balança de transações correntes será ainda mais negativo do que o normal, devendo bater um recorde histórico ao chegar ao final do ano em torno de US$ 70 bilhões, contra US$ 54,2 bilhões negativos em 2012. Nesse contexto, será muito difícil evitar fecharmos o ano com um déficit na balança de pagamentos, e todas as suas conseqüências negativas, na medida em que a conta capital tende a não alcançar um resultado positivo de tal envergadura. Particularmente porque a entrada de investimentos externos diretos diminui, assim como assistimos a uma fuga de capital de curto prazo nos últimos meses. Dito de outra forma, o resultado comercial, que mantinha a conta de transações correntes no azul seguidamente, ajudando a financiar déficits estruturais, ao ficar negativo ou em torno de zero, aumenta sobremaneira a nossa vulnerabilidade externa, exigindo urgentemente importantes ajustes em nosso atual modelo de crescimento. E se isso ficar para 2015, após as eleições presidenciais, o remédio será ainda mais amargo, dolorido e com maior potencial de marginalização e empobrecimento de boa parte da sociedade, a começar por esta que, bem ou mal, hoje teria chegado ao estágio de “classe média”. Esse é um dos custos que nos espera por não termos feito o “dever de casa” nesta última década.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(13/09/2013 a 19/09/2013)

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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
22/09/2013

A GUERRA COMERCIAL E OS EUA
Durante a chamada “guerra fria” (1946-1991), quando EUA e União Soviética disputavam a hegemonia política e econômica, o mundo viveu grande parte do período sob regime comercial protecionista. Ou seja, apesar dos esforços do então Acordo Geral de Comércio e Tarifas (GATT) em abrir o comércio via rodadas de negociações multilaterais (envolvendo todos os seus países membros) o mundo encontrava dificuldades para liberar o comércio. Aliás, tem sido assim historicamente: em épocas de conflitos e crises globais a tendência sempre foi o comércio mundial diminuir, pois os países partem para ações protecionistas em favor de seus mercados internos. Com a implosão do império soviético em 1991 os EUA ficaram praticamente sós no mundo para exercer sua hegemonia. Foi o momento em que, iniciada em 1986, a lógica do livre-comércio, com base nas teorias neoliberais, avançou significativamente. Diferentes blocos econômicos surgiram, dentre eles o Mercosul, e as ações multilaterais em favor de um comércio sem protecionismos se multiplicaram. Neste cenário nasceu a proposta da Área de Livre-Comércio das Américas (ALCA), que foi erroneamente bombardeada no Brasil antes mesmo que se pudesse discuti-la com propriedade. A atual linha política brasileira terminou por enterrá-la, sustentada igualmente pela perda de interesse dos EUA na mesma após o fracasso do acordo entre União Europeia e Mercosul, em 2004. Pois bem, passados quase 10 anos destes últimos eventos assistimos a uma retomada mundial em busca de acordos de livre-comércio regionais. O Mercosul e a União Europeia falam em retomar as negociações para se criar uma zona de livre-comércio inter-blocos, mesmo que em nosso caso mal tenhamos uma integração econômica. Por sua vez, os EUA avançam em duas frentes: com a Europa e com a Ásia. Que estratégia o move nesta direção, dentro do contexto atual de guerra comercial que vivemos, especialmente depois de 1991?

A GUERRA COMERCIAL E OS EUA (II)
Tanto o Acordo de Livre-Comércio com a Europa (Transatlantic Trade and Investment Partnership – TTIP) quanto o Acordo de Livre-Comércio com a Ásia (Trans Pacific Partnership – TPP) tem como lógica o óbvio: um país cresce bem mais quando aumenta suas exportações, ampliando seus mercados. No caso dos EUA, diante do marasmo provocado pela crise mundial, se busca ampliar o comércio internacional para dinamizar um crescimento econômico anêmico. Mas há outro grande motivo para tais iniciativas: conter a retomada futura da potência econômica que é a China. Provavelmente esse seja o motivo principal! Ocorre que hoje não se pode mais utilizar as armas comerciais de um passado não tão distante, tipo a manipulação das tarifas aduaneiras, para bloquear as importações competitivas procedentes de outros países ou para favorecer produtos de países amigos. Agora, será preciso harmonizar as normas comerciais dos dois lados do mundo. Normas estas que têm servido para justamente bloquear o comércio entre países.
A GUERRA COMERCIAL E OS EUA (III)

Assim, facilitar o comércio entre duas potências significa aplicar as mesmas regras para brinquedos, pescado ou produtos financeiros. Hoje, a principal arma na guerra comercial mundial é dominar e ditar tais normas, pois isso permite controlar a circulação de riquezas. É por isso que se torna tão estratégico para os EUA compor um grupo de países, em torno de acordos comerciais de livre-comércio, com regras comuns, que inclua o máximo de Estados, para poder se opor à China. A complexidade do processo não deve permitir que os resultados sejam rápidos (cf. Le Monde, 17/06/13). Mas o jogo começou a ser jogado! E o Brasil nisso tudo? Talvez espere que, por ter sido um brasileiro escolhido para Secretário Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), a partir deste mês de setembro, possa assumir alguma relevância neste debate internacional. Todavia, nada indica que estamos realmente preparados, hoje, para jogar tal jogo. Afinal, nem mesmo a Argentina conseguimos enfrentar quando a mesma burla o mais simples dos acordos do Mercosul. Além disso, a própria OMC perde espaço, pois tais negociações estão passando por cima de sua estrutura. Aliás, é por isso que não teria havido interesse do chamado “mundo desenvolvido” em disputar a Secretaria Geral da Organização. O multilateralismo estaria claramente perdendo espaço em favor de um ou dois países hegemônicos, repetindo a história.  

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

RETOMADA DO CRESCIMENTO MUNDIAL (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
19/09/2013


Uma boa notícia para a economia mundial estaria se desenhando neste segundo semestre de 2013. Passados seis anos do estouro da grande crise econômico-financeira internacional, o mundo estaria, mesmo que lentamente, assistindo a uma retomada de sua economia. Todavia, o processo estaria se dando em três tempos: a Europa respira, apesar de parte da mesma terminar o ano ainda com crescimento negativo; os EUA voltam a acelerar em 2013, talvez acima do esperado; e os emergentes se estabilizam (mesmo que a maioria indique redução em seu PIB e dificuldades para acelerá-lo aos níveis de suas necessidades, caso do Brasil). O caso específico dos EUA gera um entusiasmo particular: estudos locais projetam um PIB de 3,2% no final do corrente ano; o desemprego recua (no final de agosto a demanda de emprego semanal caiu em um ano de 400.000 para 340.000); as compras aumentam, sobretudo e novamente no setor imobiliário (+13%), pois as famílias estariam com o menor endividamento dos últimos 10 anos; a competitividade do trabalho é a melhor nos últimos 30 anos; o recuo no déficit orçamentário permite ao Estado federal e aos municípios voltarem a investir; e a exploração do petróleo e gás de xisto criou 1,5 milhão de empregos e deve gerar dois milhões adicionais nos próximos anos. Ora, trata-se de um país que representa 20% da geração da riqueza mundial. Se esse quadro se confirmar em tendência o resto do mundo poderá igualmente usufruir de tal retomada. Todavia, dois adendos merecem ser feitos a tal contexto. O primeiro, de natureza global, indica que o “fundo do poço” efetivamente estaria sendo deixado para trás, porém, a retomada, mesmo que progressiva, será demorada. Afinal, a saída de uma crise financeira desta natureza é sempre mais lenta a se concretizar (cf. Le Monde, 16/08/13). O segundo, de natureza específica brasileira, indica que os alertas tendem a se confirmar: no momento em que o mundo desenvolvido começa a superar a crise, o Brasil, por não ter feito o dever de casa e por ter abusado de medidas de curto prazo, construídas em um cenário de alta corrupção e endividamento público, pode agora ficar para trás em relação aos demais emergentes, usufruindo bem menos da retomada internacional. Enfim, vale ainda destacar que a retomada mundial está muito desordenada e se concentra em metodologias de análise muito divergentes, exigindo cautela em suas interpretações. Portanto, nada ainda nos permite euforias.

A NOVA POLÍTICA AGRÍCOLA DA EUROPA (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
Setembro de 2013

A União Europeia, após dois anos de negociações, decidiu colocar em nova fase sua Política Agrícola Comum (PAC) entre 2014 e 2020. No artigo passado analisamos as medidas econômicas. No artigo de hoje destacaremos as medidas relacionadas ao meio ambiente. Pois a reforma da PAC busca igualmente tornar a agricultura europeia mais respeitosa da natureza. Nesse sentido, a Comissão europeia propôs condicionar 30% dos subsídios diretos à utilização de práticas mais ecológicas: a manutenção de pastagens permanentes; a diversificação de culturas; e a aplicação de 7% da área em zonas de interesse ecológico visando preservar a mata ciliar e outras fontes de biodiversidade. O que, finalmente, ficou decidido é que realmente 30% dos subsídios a receber ficam condicionados às seguintes obrigações por parte dos produtores rurais: a área das zonas de interesse ecológico a serem preservadas fica em 5% do total de cada produtor; na diversificação, duas culturas são obrigatórias para as propriedades com mais de 10 hectares e três para as com mais de 30 hectares, sendo que a principal cultura pode cobrir 75% das terras disponíveis na propriedade. Por sua vez, existem inquietações na União Europeia quanto aos efeitos da liberalização dos mercados agrícolas. De fato, com o passar dos anos a PAC optou por um modelo liberal, eliminando aos poucos as ferramentas de regulação do mercado, como as quotas. Fala-se em eliminar as quotas leiteiras, implantadas em 1984 para frear a produção de leite e os elevados estoques de derivados lácteos. Por sua vez, os direitos de plantação de parreirais, que regulam o mercado da uva europeu, devem desaparecer em 2015. Um novo mecanismo de gestão para as autorizações de plantação de vinhas, limitado a uma alta de 1% ao ano, será implantado entre 2016 e 2030. Enquanto isso, as quotas de açúcar deverão ser mantidas até 2017. Enfim, para quem leu com atenção esta e a coluna anterior, sobre a nova política agrícola europeia, percebeu o que é realmente se construir uma política agrícola. Com isso, confirmou que no Brasil temos, no máximo, “planos safras”, sem nenhum planejamento de longo prazo para o setor. 

domingo, 15 de setembro de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
15/09/2013

PARA ONDE VAI A SOJA
Após um recuo nas cotações em Chicago até o início de agosto passado, quando o bushel de soja atingiu novamente os US$ 13,00 para o primeiro mês cotado e, em alguns momentos, abaixo de US$ 12,00 para novembro e, particularmente, para maio/14, o mercado assistiu a uma reação em tais cotações. Neste meados de setembro o bushel trabalha acima de US$ 14,00 e o mês de maio/14 ao redor de US$ 13,30. Tal movimento se deve a fortes especulações em torno do clima nos EUA. O mesmo teria reduzido o regime de chuvas durante estes últimos 45 dias, trazendo prejuízos às lavouras de soja daquele país. Tanto é verdade que as projeções de safra estadunidense, após chegarem a 93 milhões de toneladas em julho, recuaram para 88,6 milhões em agosto e, neste último relatório de oferta e demanda, anunciado pelo USDA no dia 12/09, ficando em 85,7 milhões de toneladas. Ainda assim acima das 82 milhões de toneladas do ano anterior. Os estoques finais nos EUA foram reduzidos de pouco mais de 8 milhões de toneladas para apenas 4 milhões neste momento. Parte do mercado já considera impossível ocorrer uma safra cheia nos EUA. Assim, os preços se mantêm elevados em Chicago, embora longe do recorde de US$ 17,71/bushel ocorridos justamente em setembro/12. Dito isso, a tendência não permite ainda esperar cotações muito distantes destes valores. Aliás, é possível mesmo que haja um recuo nas mesmas quando a colheita se consolidar, em outubro. Isso porque há muita controvérsia sobre as reais quebras de safra nos EUA. Além disso, no ano passado, o clima foi muito mais seco durante o verão local e mesmo assim a colheita final chegou a 82 milhões de toneladas. Soma-se a isso o fato de que a América do Sul espera, em clima normal, colher 160 milhões de toneladas no início de 2014, após 147 milhões no ano anterior e apenas 115 milhões na frustrada safra de 2011/12.

PARA ONDE VAI A SOJA (II)

Nesse contexto, ainda é possível se verificar Chicago, mais para o final do ano e, particularmente no primeiro semestre do próximo ano, entre US$ 11,50 e US$ 13,50/bushel, conforme o próprio USDA indica neste seu último relatório. O impacto nos preços brasileiros em geral e gaúchos em particular, em safra futura normal, significa valores menores do que os atuais, que giram ao redor de R$ 66,00/saco na média de balcão do Rio Grande do Sul. A questão é que boa parte destes preços em reais foi dada pela forte desvalorização do Real desde maio passado. Tal desvalorização arrefeceu seu ímpeto neste mês de setembro, pois o câmbio parece estar se estabilizando ao redor de R$ 2,25 por dólar ou pouco acima disso, a julgar pelo movimento desta última semana. Assim, em projeção, em Chicago ficando no patamar indicado acima, a este câmbio, os preços do saco de soja ao produtor gaúcho, por exemplo, poderão atingir entre R$ 47,00 e R$ 57,00/saco no balcão no momento da colheita. Um preço ainda excelente em caso de safra normal, porém, ao redor de R$ 10,00/saco abaixo do que as ofertas futuras (preços futuros para entrega do produto em abril/14) estão a indicar no momento. Esse diferencial já vem de dois a três meses, mesmo com as oscilações em Chicago. Desta forma, continua valendo a lógica de que o produtor deve olhar com atenção os preços futuros, no intento de realizar uma média de preços mais interessante na comercialização da safra que ainda será semeada. Principalmente porque o comportamento atual de Chicago está mais para “altas no boato e baixas no fato”. Ou seja, altas agora e baixa quando a colheita se concretizar nos EUA, logo mais. Obviamente se não houver mais dificuldades climáticas nas próximas duas semanas nas lavouras da América do Norte.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(06/09/2013 a 12/09/2013)

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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O GOVERNO ERRA DE NOVO (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
12/09/2013

Após elevar a taxa Selic para 9% ao ano, o Copom, em sua ata desta última reunião, surpreende a todos dando a entender que não continuará a elevar o juro por muito tempo, pois haveria uma evolução favorável da política fiscal brasileira. Além disso, mesmo com o IPCA se elevando para 0,24% em agosto, após 0,03% em julho, o acumulado de 12 meses recuou para 6,09%, se distanciando do teto da meta, que é de 6,5%. Isso permitiria baixar a guarda futura dos juros. Ora, ao assim raciocinar o Banco Central se dobra mais uma vez às pressões eleitoreiras do governo, oriundas do Ministério da Fazenda. Em primeiro lugar, porque há uma clara contradição entre o que se disse na ata do Copom de julho e esta de agosto. Isso porque nada mudou no cenário econômico de lá para cá, não justificando a mudança no discurso. Antes, devido a uma política fiscal expansionista, era necessário manter a elevação dos juros. Agora, a mesma se mostra neutra, sem influências sobre a inflação. Ledo engano! Na prática, o expansionismo continua a ponto de o superávit primário, mesmo sendo rebaixado para 2,3% do PIB, não ser alcançado, devendo ficar em apenas 1,7% do PIB no final de 2013. Para piorar o quadro, o Projeto de Lei Orçamentária Anual 2014 se mostra ainda mais expansionista do que o de 2013. Além disso, o próximo ano é eleitoral e o governo tende a naturalmente gastar mais em busca da reeleição. Assim, a pressão inflacionária deverá se manter. Dito de outra forma, não há como aceitar o discurso de que a política fiscal vai ficar neutra. Deve-se somar a isso o fato de que o impacto da desvalorização do Real, sobre a inflação, se estender pelo resto do ano, mesmo com a moeda, neste momento, se aproximando de R$ 2,25 por dólar, valor que consideramos aceitável diante da paridade de poder de compra em relação ao ocorrido no ano de 2012. Soma-se a isso o fato de que a inflação acumulada entre setembro/12 e agosto/13 esconder uma dura realidade ao brasileiro: os preços administrados subiram apenas 1,2% enquanto os preços livres aumentaram 7,6%. Ou seja, no primeiro caso o governo vem segurando os preços dos produtos e serviços sob controle público, caso dos combustíveis, comprometendo a competitividade futura das empresas estatais que os oferecem, além de protelar um reajuste brutal que um dia terá que vir. No segundo caso, os preços que medem o real custo de vida dos brasileiros dispararam e continuam subindo, confirmando que a inflação real é muito superior aos dados oficiais. Nesse sentido, não há como deixar de aumentar os juros. Aliás, o mercado espera uma Selic entre 9,5% e 10% ao final do corrente ano. Se o governo não o fizer, estará errando mais uma vez, trocando um ajuste necessário, mesmo que freando o PIB, por um alívio imediato eleitoreiro e que penalizará mais uma vez o cidadão brasileiro logo adiante e por muito mais tempo.


Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(30/08/2013 a 05/09/2013)

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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
08/09/2013

O CÍRCULO VICIOSO
A presidente Dilma, em mais um discurso visando tranquilizar os brasileiros, voltou a dizer que “o Brasil tem bala na agulha” para enfrentar a crise cambial que se abate sobre o país. A verdade é relativa a respeito de tal afirmação. Efetivamente temos hoje mais dos mesmos instrumentos do passado para tal ação. A começar pelas reservas cambiais que ultrapassavam os US$ 370 bilhões em maio, quando do início da desvalorização intempestiva do Real. Todavia, o mercado já nos mostrou, em outras oportunidades, que se os fundamentos estruturais da economia não estiverem organizados, as reservas se esgotam com o tempo enquanto a pressão cambial se mantém. A nossa entrada no chamado “câmbio flexível”, a partir de janeiro de 1999, é fruto desta situação. Também se pode igualmente elevar ainda mais e por mais tempo o juro básico (Selic), tornando o país mais atrativo ao capital especulativo e, com isso, provocando uma entrada de dólares que revalorize em parte o Real. E assim existem outros instrumentos monetários de curto prazo que podem resolver parcialmente a situação. O problema, em todos eles, é que nenhum resolve a atual fragilidade estrutural da economia brasileira. E todos levam, mais dia ou menos dia, a gerar um círculo vicioso nefasto ao crescimento econômico. A solução passa, antes de tudo, pela reestruturação do Estado e da economia nacional, dentro de um contexto em que se elimine a ineficiência geral e se aumente a competitividade (aliás, o Brasil acaba de perder posições no ranking mundial de competitividade), tornando a economia mais ágil, menos burocrática e corrupta.

O CÍRCULO VICIOSO (II)
Enquanto isso não ocorre, nosso país perdeu espaço no cenário mundial, se viu atacado pelo mercado a ponto de o Real perder muito mais valor do que a paridade de poder de compra estaria indicando para o momento atual (o câmbio razoável seria ao redor de R$ 2,25 por dólar), e as ações oficiais em busca da estabilização cambial não surtem efeitos. E, para piorar, o cenário mundial continua difícil, agora se adicionando o possível ataque dos EUA à Síria. Num cenário de fragilidade econômica interna, após o governo estimular um consumo nacional muito além da infraestrutura existente para absorvê-lo, a desvalorização do Real nos atinge no exato momento em que o endividamento familiar aumenta, a inadimplência é uma realidade para muitos, o modelo de nos apoiarmos no consumo interno para sair da crise se esgota e os preços sobem, gerando forte preocupação quanto ao futuro da inflação e a própria continuidade da estabilização econômica. Para conter o ímpeto altista dos preços, o governo, desde abril passado, inverteu a sua lógica ingênua de tentar baixar juro “no grito” e passou a elevar a Selic. Hoje a mesma chega a 9% ao ano, com fortes possibilidades de atingir a 10% no final de 2013. Afinal, a desvalorização do Real veio adicionar mais combustível à inflação na medida em que importamos de tudo, a começar pelos combustíveis. Todavia, ao aumentar os juros colocamos um freio a uma economia que já vem crescendo muito pouco. Os 2% previstos para o PIB deste ano não é nada se considerarmos que no ano passado tivemos 0,9% apenas de crescimento (a base de comparação é muito baixa) e, sobretudo, diante das necessidades reais do país.

O CÍRCULO VICIOSO (III)
Paralelamente, o freio da economia, que representa a paralisação parcial do setor produtivo, eleva o desemprego, o qual atinge a 10,9% da população (dados de julho), após 10,7% um ano antes. Algumas capitais do país, como Recife e Salvador já estão com uma taxa de desemprego de 13,4% e 18,7% respectivamente, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). Ao mesmo tempo, nossas exportações não decolam, especialmente junto ao setor industrial e de serviços, mesmo com um Real bem desvalorizado neste ano. Assim, o empuxe que se esperaria do mercado externo não chega por absoluta falta de competitividade de nosso sistema produtivo. E, para completar o quadro, no próximo ano temos eleições presidenciais no Brasil, fato que tende a paralisar ainda mais qualquer ação consistente por parte do governo que, apesar de sua fraqueza, busca a reeleição. E quanto mais demorarmos em efetivamente enfrentar os problemas estruturais que temos em nossa economia, pior ficará a situação. Nessa lógica, dá para imaginar o que nos espera em 2015, primeiro ano pós-eleições! Não admira que o povo tenha, finalmente, começado a manifestar desde junho passado.


A VOLATILIDADE DO PIB E O FUTURO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
05/09/2013


Há uma expectativa demasiadamente positiva, por parte do governo e mesmo de alguns segmentos do mercado, em relação ao PIB deste ano de 2013. Apesar da recuperação no segundo trimestre, quando o mesmo subiu 1,5% sobre o trimestre anterior, elevando para 3,3% a recuperação econômica em relação ao mesmo período do ano anterior, os dados precisam ser vistos com realismo. O que puxou o PIB do segundo semestre foi especialmente o setor primário, com um crescimento de 3,9%, enquanto a indústria ficou em 2% e os serviços em apenas 0,8%. E esta situação do setor primário se deve particularmente ao fato de que no segundo semestre ocorre a comercialização da safra de verão, particularmente a soja, que neste ano foi cheia e de preços ainda muito bons. Ora, isso não deve se repetir no terceiro trimestre do ano. Além disso, a indústria brasileira, que havia crescido 2,7% em junho, em relação a maio, teve um recuo de 2% em julho em relação a junho, confirmando os altos e baixos deste setor durante o ano. Assim, o mercado já adianta que há fortes possibilidades de o PIB no terceiro trimestre ficar próximo a zero. Nestas condições, a tendência para o ano se confirma para um resultado ao redor de 2% e, talvez, um pouco mais baixo, apesar de o mercado adiantar uma última estimativa de 2,2%. Vale destacar ainda que o consumo das famílias, que vinha puxando o pouco de PIB que tínhamos, ter ficado em apenas 0,3% de crescimento no segundo trimestre, confirmando o desaquecimento do consumo interno brasileiro a partir do aumento do endividamento e da inadimplência geral. Além disso, para o último trimestre do ano começará a pesar o aumento do juro (Selic) iniciado em abril passado. Aliás, o novo aumento da Selic, com a mesma passando a 9% ao ano no final de agosto, e com a probabilidade de chegar a 10% no final do ano, tende a travar o PIB brasileiro ainda para 2014. O mercado já estima algo em torno de 2% a 2,5% embora o ministro Mantega, mais uma vez, anuncia 4% para o próximo ano (não se pode esquecer que para 2013 o ministro anunciou um PIB de 4,5%). E não há muito a fazer no curto prazo, já que o aumento dos juros se faz necessário diante da pressão inflacionária que começa a aumentar por conta da forte desvalorização do Real, que voltou a bater em R$ 2,40 neste início de setembro. A mesma estaciona em 22% aproximadamente desde meados de maio passado. Ou seja, apesar do desejo governamental em ver um PIB que possa ter superado o chamado “fundo do poço”, a realidade mostra que poderemos nos arrastar por mais tempo do que o esperado antes de o país conseguir alcançar um crescimento econômico mais significativo. Dito de outra maneira, sem reformas estruturais na economia e no papel do Estado junto à mesma, o PIB até pode se recuperar parcialmente, porém, continuará longe das necessidades brasileiras que, pelo tamanho de sua população e suas demandas, seria de algo entre 6% a 7% anuais.

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