Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
19/09/2013
Uma boa notícia para a economia mundial
estaria se desenhando neste segundo semestre de 2013. Passados seis anos do
estouro da grande crise econômico-financeira internacional, o mundo estaria,
mesmo que lentamente, assistindo a uma retomada de sua economia. Todavia, o
processo estaria se dando em três tempos: a Europa respira, apesar de parte da
mesma terminar o ano ainda com crescimento negativo; os EUA voltam a acelerar
em 2013, talvez acima do esperado; e os emergentes se estabilizam (mesmo que a
maioria indique redução em seu
PIB e dificuldades para acelerá-lo aos níveis de suas
necessidades, caso do Brasil). O caso específico dos EUA gera um entusiasmo
particular: estudos locais projetam um PIB de 3,2% no final do corrente ano; o
desemprego recua (no final de agosto a demanda de emprego semanal caiu em um
ano de 400.000 para 340.000); as compras aumentam, sobretudo e novamente no
setor imobiliário (+13%), pois as famílias estariam com o menor endividamento
dos últimos 10 anos; a competitividade do trabalho é a melhor nos últimos 30
anos; o recuo no déficit orçamentário permite ao Estado federal e aos
municípios voltarem a investir; e a exploração do petróleo e gás de xisto criou
1,5 milhão de empregos e deve gerar dois milhões adicionais nos próximos anos.
Ora, trata-se de um país que representa 20% da geração da riqueza mundial. Se
esse quadro se confirmar em tendência o resto do mundo poderá igualmente
usufruir de tal retomada. Todavia, dois adendos merecem ser feitos a tal
contexto. O primeiro, de natureza global, indica que o “fundo do poço”
efetivamente estaria sendo deixado para trás, porém, a retomada, mesmo que
progressiva, será demorada. Afinal, a saída de uma crise financeira desta
natureza é sempre mais lenta a se concretizar (cf. Le Monde, 16/08/13). O
segundo, de natureza específica brasileira, indica que os alertas tendem a se
confirmar: no momento em que o mundo desenvolvido começa a superar a crise, o
Brasil, por não ter feito o dever de casa e por ter abusado de medidas de curto
prazo, construídas em um cenário de alta corrupção e endividamento público,
pode agora ficar para trás em relação aos demais emergentes, usufruindo bem menos
da retomada internacional. Enfim, vale ainda destacar que a retomada mundial
está muito desordenada e se concentra em metodologias de análise muito
divergentes, exigindo cautela em suas interpretações. Portanto, nada ainda nos
permite euforias.