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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

RETOMADA DO CRESCIMENTO MUNDIAL (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
19/09/2013


Uma boa notícia para a economia mundial estaria se desenhando neste segundo semestre de 2013. Passados seis anos do estouro da grande crise econômico-financeira internacional, o mundo estaria, mesmo que lentamente, assistindo a uma retomada de sua economia. Todavia, o processo estaria se dando em três tempos: a Europa respira, apesar de parte da mesma terminar o ano ainda com crescimento negativo; os EUA voltam a acelerar em 2013, talvez acima do esperado; e os emergentes se estabilizam (mesmo que a maioria indique redução em seu PIB e dificuldades para acelerá-lo aos níveis de suas necessidades, caso do Brasil). O caso específico dos EUA gera um entusiasmo particular: estudos locais projetam um PIB de 3,2% no final do corrente ano; o desemprego recua (no final de agosto a demanda de emprego semanal caiu em um ano de 400.000 para 340.000); as compras aumentam, sobretudo e novamente no setor imobiliário (+13%), pois as famílias estariam com o menor endividamento dos últimos 10 anos; a competitividade do trabalho é a melhor nos últimos 30 anos; o recuo no déficit orçamentário permite ao Estado federal e aos municípios voltarem a investir; e a exploração do petróleo e gás de xisto criou 1,5 milhão de empregos e deve gerar dois milhões adicionais nos próximos anos. Ora, trata-se de um país que representa 20% da geração da riqueza mundial. Se esse quadro se confirmar em tendência o resto do mundo poderá igualmente usufruir de tal retomada. Todavia, dois adendos merecem ser feitos a tal contexto. O primeiro, de natureza global, indica que o “fundo do poço” efetivamente estaria sendo deixado para trás, porém, a retomada, mesmo que progressiva, será demorada. Afinal, a saída de uma crise financeira desta natureza é sempre mais lenta a se concretizar (cf. Le Monde, 16/08/13). O segundo, de natureza específica brasileira, indica que os alertas tendem a se confirmar: no momento em que o mundo desenvolvido começa a superar a crise, o Brasil, por não ter feito o dever de casa e por ter abusado de medidas de curto prazo, construídas em um cenário de alta corrupção e endividamento público, pode agora ficar para trás em relação aos demais emergentes, usufruindo bem menos da retomada internacional. Enfim, vale ainda destacar que a retomada mundial está muito desordenada e se concentra em metodologias de análise muito divergentes, exigindo cautela em suas interpretações. Portanto, nada ainda nos permite euforias.

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