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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

20/05/2016 a 26/05/2016)




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DESAFIOS E PREOCUPAÇÕES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
26/05/2016


O governo interino de Michel Temer tem enormes desafios econômicos pela frente. E não será fácil superá-los. Principalmente porque erros na escolha de seu ministério tendem a fragilizá-lo rapidamente (caso da escolha de pessoas implicadas pela Operação Lava-Jato, o que derrubou em duas semanas o ministro do Planejamento). Se por um lado a equipe econômica escolhida mostra capacidade para propor os ajustes mais urgentes e necessários, por outro lado, sem apoio político e social os mesmos não sairão do papel. Especialmente porque tais ajustes serão, como se sabe, doloridos e demorados. Afinal, o “novo” governo assume com a notícia de que o PIB no primeiro trimestre deste ano teria ficado em -1,44% segundo o Banco Central (o número oficial virá pelo IBGE no início de junho), indicando -4% em 2016 na tendência. O déficit público recalculado mostra que o rombo deixado pelo governo Dilma alcança, para este ano, um extraordinário R$ 170,5 bilhões. A inflação continua preocupando e se projeta mais de 7% para o corrente ano, mesmo com a brutal recessão vivida pelo país. E o desemprego continua aumentando, indicando 13% da população ativa neste ano (alguns analistas chegam avançar 15%). O primeiro passo será fazer o ajuste fiscal, cortando ao máximo as despesas estatais, o que deverá, pela Constituição que temos, atingir igualmente as áreas sociais. Antes, para não paralisar o país, o Congresso terá que aprovar este déficit primário (mais um) que atinge cerca de 3% do PIB projetado. Ora, para o ajuste fiscal funcionar e ser duradouro (sustentável, para usar uma palavra da moda), reformas estruturais precisam ser concretizadas, saindo do discurso e passando à prática. Dentre elas, a previdenciária é uma das mais urgentes sem dúvida. O rombo da Previdência pública nacional é tamanho que a mesma estará inviabilizada nos próximos 20 anos se nada for feito. Portanto, como já se avisava há muito tempo: antes de melhorar, a situação irá piorar sob o ponto de vista da população em geral. Sobretudo porque, no estágio aonde as coisas chegaram no Brasil, a arrecadação do governo cai constantemente, devido a continuidade da recessão, ajudando a aumentar o rombo das contas. Isso significa que o governo atual irá seguir na lógica do governo passado: aumentará e/ou criará impostos (CPMF?), transferindo para a população o custo maior da correção dos erros das gestões passadas. Erros estes que poderiam, em boa parte, terem sido evitados, porém, por incompetência e interesses eleitoreiros não o foram. Pelo sim ou pelo não, o governo interino já vem encontrando dificuldades para avançar nas correções que o país precisa. Caso falhe, quem pensava que o fundo do poço da crise havia sido atingido, com a concretização do impedimento da presidente Dilma, ainda não viu nada. Afinal, em países como o Brasil, onde os interesses individuais se sobressaem sobre o bem comum, é difícil encontrar quem esteja disposto (e encontre as condições) para encarar o custo político e social comprando a “briga” necessária do ajuste fiscal e das reformas estruturais.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

13/05/2016 a 19/05/2016)




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MERCADO DA SOJA: AS TRÊS FASES DA ATUAL SAFRA (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
19/05/2016


Passadas duas fases do mercado da soja na atual safra (altista e baixista respectivamente), a partir do início de abril uma terceira fase deste mercado, novamente altista, se consolida. O motivo deste comportamento foi a constatação de problemas na oferta mundial de soja. O Brasil acusa quebra importante nas regiões de várzea do arroz (sul do Rio Grande do Sul), por excesso de chuvas, e nas regiões do Centro-Oeste e do Matopiba devido a estiagens prolongadas. Com isso, analistas privados, contrariando indicações oficiais, passam a trabalhar (e ainda trabalham) com uma safra nacional de 97 milhões de toneladas (e não mais 100 milhões). Ao mesmo tempo, na Argentina as quebras se revelam maiores ainda, com as perdas chegando, no início de maio, a 9 milhões de toneladas, representando 15% do total inicialmente esperado. Como o vizinho país é o maior exportador de farelo de soja do mundo (32,8 milhões de toneladas para 2015/16, ou seja, 49% do total mundial exportado), a cotação do farelo em Chicago dispara, ganhando mais de US$ 100,00/tonelada curta em dois meses e meio (de março a meados de maio). Soma-se a esse fato o anúncio, em 31/03, de uma possível redução de área em 1% no novo plantio de soja dos EUA, além da possibilidade da ocorrência do fenômeno La Niña (clima mais seco) sobre as lavouras norte-americanas. Esse quadro eleva as cotações do bushel rapidamente para US$ 10,34 para o mês de julho, no final da primeira semana de maio. Em outras palavras, em cerca de dois meses o bushel ganha quase dois dólares (21,6% entre 1º de março e 6 de maio de 2016). Com isso, as cotações da soja, em média, voltam a superar os R$ 70,00/saco no balcão gaúcho, atingindo igualmente os R$ 79,00 nos lotes. Portanto, depois de um longo tempo, é a recuperação das cotações em Chicago que melhora os preços da soja em reais. Veio completar esse quadro o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 10/05. O mesmo confirmou uma redução de área semeada nos EUA em 0,6%, com uma produção final projetada de 103,4 milhões de toneladas e estoques finais, para 2016/17, em 8,3 milhões de toneladas (10,9 milhões no ano anterior). Embora tenha igualmente indicado um patamar de preços médios, aos produtores estadunidenses, entre US$ 8,35 e US$ 9,85/bushel, isso não foi suficiente para impedir, logo após o anúncio do relatório, que o bushel, para julho, disparasse acima de US$ 10,80 em função da redução nos estoques finais, os quais ficaram bem abaixo do esperado pelo mercado (neste dia 16/05 o bushel fechou em US$ 10,64). Até quando esse novo movimento altista irá durar? O clima nos EUA decidirá o destino das cotações nos próximos três meses. Considerando que o câmbio no Brasil possa ficar nos atuais patamares de R$ 3,50 (desde que o novo governo não erre na condução dos ajustes na economia), em havendo frustração de safra nos EUA não se pode descartar uma disparada do bushel até níveis de US$ 12,00. Ao contrário, em a safra sendo normal naquele país, a probabilidade seria de o bushel estacionar entre US$ 9,00 e US$ 10,00. 

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

06/05/2016 a 12/05/2016)




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MERCADO DA SOJA: AS TRÊS FASES DA ATUAL SAFRA (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
12/05/2016

Enquanto o Brasil vive um de seus momentos políticos mais delicado, na expectativa de que, após o impedimento do governo Dilma, o país dê início aos ajustes econômicos que o permitam sair de sua pior crise econômica desde o início dos anos de 1930, as regiões produtoras de soja assistem a um repique de alta nos preços da oleaginosa, o que ajuda a aliviar, mesmo que parcialmente, as dificuldades inerentes à crise maior do país. A história recente dos preços da soja pode ser dividida em três partes. Em primeiro lugar, o câmbio efetivamente sustentou os preços da oleaginosa no Brasil até fins de fevereiro. Entre setembro e fevereiro últimos o mesmo chegou a ultrapassar os R$ 4,00 por dólar em duas oportunidades. Por sua vez, entre agosto e o início de março passados o bushel de soja, em Chicago, se manteve estacionado entre US$ 8,50 e US$ 9,00, tendo mesmo atingido seu patamar mínimo, no dia 1º de março, quando o primeiro mês cotado bateu em exatos US$ 8,50. Com isso, os preços internos da soja subiram até R$ 75,00/saco no balcão gaúcho enquanto os lotes ultrapassaram, em diversos momentos, os R$ 80,00/saco. Esta foi a primeira etapa do mercado da soja nesta corrente safra. Muitos produtores de soja no Brasil, atentos ao processo, se anteciparam e, de posse de seus custos de produção, corretamente fecharam negócios. No Rio Grande do Sul, até março, 40% da safra do Estado havia sido negociada antecipadamente, superando em muito a média histórica para este período. A partir da segunda semana de março o quadro muda pelo lado do câmbio no Brasil. O mercado entra em sua segunda etapa. Enquanto Chicago permanece, ainda, abaixo de US$ 9,00/bushel, no Brasil acelera-se a crise política e o impedimento da presidente Dilma ganha força. O mercado financeiro e cambial aposta fortemente na deposição do governo federal, diante dos estragos econômicos que o mesmo provocou nos últimos anos. Assim, a qualquer notícia favorável ao impedimento o Real se valorizava. Como o processo de impedimento avançou celeremente o Real bateu, em muitos dias, abaixo de R$ 3,50 por dólar. O Banco Central, preocupado com as consequências negativas sobre as contas externas, passou a intervir no câmbio, indicando que o patamar de R$ 3,50 seria o mínimo aceitável oficialmente. Ora, um câmbio nesse nível significa uma valorização de 12,5% do Real em menos de três meses. Com isso, o preço da soja recuou fortemente, com o balcão gaúcho se aproximando de R$ 60,00/saco, enquanto os lotes vieram abaixo de R$ 70,00 em algumas oportunidades. Em relação aos melhores momentos da fase anterior (altista) as perdas no preço chegavam entre 10 a 15 reais por saco no mercado gaúcho. Todavia, uma terceira etapa deste mercado, novamente altista, estava por vir. A mesma se desencadeia a partir do início de abril. Até quando a mesma irá durar? É o que veremos na próxima semana! 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

29/04/2016 a 05/05/2016)




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A ARMADILHA DO ENDIVIDAMENTO PÚBLICO (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
05/05/2016


Três grandes critérios são determinantes para estabelecer se uma dívida pública é sustentável. O crescimento: mais o PIB aumenta, mais a parte da dívida no PIB diminui; o nível da taxa de juros: mais ele é baixo, menos ele pesa sobre as contas do Estado; e a inflação: mais ela é forte, mais o peso da dívida no PIB diminui. Nos países ricos, a taxa de juros está baixíssima, porém, a inflação e o crescimento estão muito reduzidos, criando-se assim uma armadilha: seu PIB não aumenta o suficiente para reduzir a dívida. Ora, a dívida pública e privada enfraquece o crescimento: Estados, famílias e empresas consomem e investem menos visando guardar recursos para pagar as contas. O recuo do consumo puxa os preços para baixo. A inflação recua o que diminui o “desendividamento”. No Brasil tem-se uma inflação muito elevada e uma economia que não cresce, com taxas de juros muito altas, provocando o mesmo resultado. Como quebrar esse círculo vicioso? O método de reduzir as despesas públicas ou de aumentar os impostos, buscando aumentar o excedente orçamentário e, assim, reduzir a dívida não se mostra eficaz em muitos países, pois freia o crescimento e a inflação. Ainda mais porque a estagnação do PIB e a elevação da taxa de desemprego impedem as famílias e as empresas de se desendividar. Por que, então, não apagar parte da dívida? Os europeus usaram esta estratégia com a Grécia. Já os EUA, após o choque do subprime, tiraram as casas daqueles que não puderam pagar a conta. Estas famílias viram suas dívidas desaparecerem (o endividamento das famílias estadunidenses passou de 100% do PIB em 2010 a 80% em 2015). O problema é que tais estratégias não podem ser usadas por todos os países. Na “zona euro” e no Japão, por exemplo, a dívida dos Estados está em grande parte em mãos dos bancos e seguradoras do próprio Estado, caso igualmente de países como o Brasil. Apagar parte de tal dívida, portanto, é levar o sistema bancário a falência. Ora, uma economia não pode funcionar sem bancos que financiem as empresas e administrem a poupança das famílias. Assim, a saída é a retomada do crescimento econômico. Para tanto, necessário se faz lançar reformas que liberem a atividade econômica e incitam as empresas a investir. Ou os Estados, eles próprios, investirem em projetos que levem ao crescimento futuro: energia, pesquisa, infraestrutura... Resta esperar que os Estados tenham condições de investir e que as empresas se convençam da importância de o fazê-lo. Resta convencer os governos de que as reformas são importantes no sentido de liberar o mercado aos investimentos privados igualmente. Em isso ocorrendo, o crescimento retoma lentamente, enquanto a dívida pública retorna ao seu nível anterior à crise, desde que os juros se mantenham baixos por bastante tempo. O risco nisso tudo é que tais medidas alimentam também as bolhas especulativas nas Bolsas, nas moedas e no setor imobiliário. Ou seja, o caminho a seguir é estreito e exige muito conhecimento de gestão pública e econômica. Coisa que poucos países e seus governantes possuem.

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