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segunda-feira, 23 de maio de 2016

MERCADO DA SOJA: AS TRÊS FASES DA ATUAL SAFRA (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
19/05/2016


Passadas duas fases do mercado da soja na atual safra (altista e baixista respectivamente), a partir do início de abril uma terceira fase deste mercado, novamente altista, se consolida. O motivo deste comportamento foi a constatação de problemas na oferta mundial de soja. O Brasil acusa quebra importante nas regiões de várzea do arroz (sul do Rio Grande do Sul), por excesso de chuvas, e nas regiões do Centro-Oeste e do Matopiba devido a estiagens prolongadas. Com isso, analistas privados, contrariando indicações oficiais, passam a trabalhar (e ainda trabalham) com uma safra nacional de 97 milhões de toneladas (e não mais 100 milhões). Ao mesmo tempo, na Argentina as quebras se revelam maiores ainda, com as perdas chegando, no início de maio, a 9 milhões de toneladas, representando 15% do total inicialmente esperado. Como o vizinho país é o maior exportador de farelo de soja do mundo (32,8 milhões de toneladas para 2015/16, ou seja, 49% do total mundial exportado), a cotação do farelo em Chicago dispara, ganhando mais de US$ 100,00/tonelada curta em dois meses e meio (de março a meados de maio). Soma-se a esse fato o anúncio, em 31/03, de uma possível redução de área em 1% no novo plantio de soja dos EUA, além da possibilidade da ocorrência do fenômeno La Niña (clima mais seco) sobre as lavouras norte-americanas. Esse quadro eleva as cotações do bushel rapidamente para US$ 10,34 para o mês de julho, no final da primeira semana de maio. Em outras palavras, em cerca de dois meses o bushel ganha quase dois dólares (21,6% entre 1º de março e 6 de maio de 2016). Com isso, as cotações da soja, em média, voltam a superar os R$ 70,00/saco no balcão gaúcho, atingindo igualmente os R$ 79,00 nos lotes. Portanto, depois de um longo tempo, é a recuperação das cotações em Chicago que melhora os preços da soja em reais. Veio completar esse quadro o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 10/05. O mesmo confirmou uma redução de área semeada nos EUA em 0,6%, com uma produção final projetada de 103,4 milhões de toneladas e estoques finais, para 2016/17, em 8,3 milhões de toneladas (10,9 milhões no ano anterior). Embora tenha igualmente indicado um patamar de preços médios, aos produtores estadunidenses, entre US$ 8,35 e US$ 9,85/bushel, isso não foi suficiente para impedir, logo após o anúncio do relatório, que o bushel, para julho, disparasse acima de US$ 10,80 em função da redução nos estoques finais, os quais ficaram bem abaixo do esperado pelo mercado (neste dia 16/05 o bushel fechou em US$ 10,64). Até quando esse novo movimento altista irá durar? O clima nos EUA decidirá o destino das cotações nos próximos três meses. Considerando que o câmbio no Brasil possa ficar nos atuais patamares de R$ 3,50 (desde que o novo governo não erre na condução dos ajustes na economia), em havendo frustração de safra nos EUA não se pode descartar uma disparada do bushel até níveis de US$ 12,00. Ao contrário, em a safra sendo normal naquele país, a probabilidade seria de o bushel estacionar entre US$ 9,00 e US$ 10,00. 

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