Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
08/12/2016
Infelizmente as notícias continuam ruins neste
final de 2016, frustrando as expectativas dos mais otimistas quanto a uma
recuperação mais consistente da economia no próximo ano. Os dados do PIB do
terceiro trimestre passado vieram muito aquém do esperado, confirmando que a
crise é bem mais profunda e de difícil solução. O -0,8% de crescimento não só
representou o sétimo trimestre consecutivo de recuo como também foi o pior do
corrente ano. E não há nenhum sinal de que para este último trimestre o
processo possa ser revertido. Assim, 2016 tende a fechar com um PIB negativo
entre 3,5% e 4%, podendo se constituir em resultado ainda pior do que os 3,8%
registrados em 2015. E para 2017, diante de tal quadro, a tendência se
modifica, confirmando nossos alertas. Um crescimento de 0,5% será para
comemorar, pois agora a maioria dos analistas acredita em 0% e, talvez, um novo
revés negativo. Dois elementos estão na base deste processo na atualidade: o retorno
da fragilidade política, com o atual governo se enredando igualmente em
questões ligadas à corrupção, além do atrito claro entre Legislativo e
Ministério Público na busca, pelo Congresso, de escapar das consequências da
Lava-Jato. A confiança do mercado para com o governo se esboroa rapidamente, e
com ela vai junto a confiança do consumidor, o qual não vê luz no fim do túnel
para seu endividamento e inadimplência. Não é por nada que o PIB do 3º
trimestre trouxe um conjunto de dados ainda mais preocupantes. O primeiro: o
investimento recuou 3,1% no período e a taxa em relação ao PIB caiu para tão
somente 16,5%, enquanto a taxa de poupança veio a 15,1%. Nos dois casos o ideal
seria 25% do PIB! Ora, sem poupança não há investimento e sem este último não há
crescimento. Segundo: o consumo das famílias continuou caindo, ficando em -0,6%
e completando o sétimo trimestre seguido de baixa. Para completar o quadro, em
comparação ao terceiro trimestre de 2015, que foi o primeiro ano de forte
recessão no atual período, a queda é acentuada indicando piora na saúde do
paciente: a agropecuária recuou 6%, a indústria 2,9%, os serviços 2,2%, o
consumo das famílias 3,4%, o consumo do governo 0,8% e os investimentos 8,4% (a
décima baixa consecutiva). Como já se sabia, não há mágica e a ideia de que
estaríamos saindo do fundo do poço nesta virada de ano está sendo arquivada
pelos que assim acreditavam. Ou seja, 2017 tende a ser mais difícil do que o
imaginado! Em termos gerais, resta esperar que haja condições para uma redução mais
consistente da Selic. Em termos mais específicos, vamos torcer que o Centro-Sul
brasileiro, e o Noroeste gaúcho em particular, tenham um clima positivo que nos
proporcione uma safra de verão cheia que mitigue em parte o aperto.