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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

VAI SER MAIS DIFÍCIL

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
08/12/2016


Infelizmente as notícias continuam ruins neste final de 2016, frustrando as expectativas dos mais otimistas quanto a uma recuperação mais consistente da economia no próximo ano. Os dados do PIB do terceiro trimestre passado vieram muito aquém do esperado, confirmando que a crise é bem mais profunda e de difícil solução. O -0,8% de crescimento não só representou o sétimo trimestre consecutivo de recuo como também foi o pior do corrente ano. E não há nenhum sinal de que para este último trimestre o processo possa ser revertido. Assim, 2016 tende a fechar com um PIB negativo entre 3,5% e 4%, podendo se constituir em resultado ainda pior do que os 3,8% registrados em 2015. E para 2017, diante de tal quadro, a tendência se modifica, confirmando nossos alertas. Um crescimento de 0,5% será para comemorar, pois agora a maioria dos analistas acredita em 0% e, talvez, um novo revés negativo. Dois elementos estão na base deste processo na atualidade: o retorno da fragilidade política, com o atual governo se enredando igualmente em questões ligadas à corrupção, além do atrito claro entre Legislativo e Ministério Público na busca, pelo Congresso, de escapar das consequências da Lava-Jato. A confiança do mercado para com o governo se esboroa rapidamente, e com ela vai junto a confiança do consumidor, o qual não vê luz no fim do túnel para seu endividamento e inadimplência. Não é por nada que o PIB do 3º trimestre trouxe um conjunto de dados ainda mais preocupantes. O primeiro: o investimento recuou 3,1% no período e a taxa em relação ao PIB caiu para tão somente 16,5%, enquanto a taxa de poupança veio a 15,1%. Nos dois casos o ideal seria 25% do PIB! Ora, sem poupança não há investimento e sem este último não há crescimento. Segundo: o consumo das famílias continuou caindo, ficando em -0,6% e completando o sétimo trimestre seguido de baixa. Para completar o quadro, em comparação ao terceiro trimestre de 2015, que foi o primeiro ano de forte recessão no atual período, a queda é acentuada indicando piora na saúde do paciente: a agropecuária recuou 6%, a indústria 2,9%, os serviços 2,2%, o consumo das famílias 3,4%, o consumo do governo 0,8% e os investimentos 8,4% (a décima baixa consecutiva). Como já se sabia, não há mágica e a ideia de que estaríamos saindo do fundo do poço nesta virada de ano está sendo arquivada pelos que assim acreditavam. Ou seja, 2017 tende a ser mais difícil do que o imaginado! Em termos gerais, resta esperar que haja condições para uma redução mais consistente da Selic. Em termos mais específicos, vamos torcer que o Centro-Sul brasileiro, e o Noroeste gaúcho em particular, tenham um clima positivo que nos proporcione uma safra de verão cheia que mitigue em parte o aperto.

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