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terça-feira, 31 de março de 2020

DECISÃO COMPLEXA


O Covid-19 colocou a economia mundial de joelhos em poucos meses. Diante do choque sanitário, as decisões a serem tomadas passam a ser complexas. No Brasil, o quadro econômico, neste início de abril, indica que, infelizmente, voltaremos à recessão. Resta saber em que tamanho. Os cálculos preliminares e ainda insuficientes, pois estamos apenas no início dos efeitos da pandemia, segundo as autoridades da saúde, apontam para um PIB negativo entre -0,5% a -4,5% neste momento. Mas a situação pode piorar. Dependendo da escolha do caminho para combater a doença. O isolamento total (ou quase) imediato, como se começou a fazer, cria uma crise econômica intensa, profunda, porém, com epicentro em dois meses, máximo três. O isolamento parcial (vertical) ou nenhum isolamento como parte da sociedade, na prática, parece querer viver, tende a nos levar a caminhar “aos trancos e barrancos” durante todo o ano, com um custo econômico (e de vidas humanas) muito maior do que a primeira solução. Além disso, na história da humanidade não há nenhum registro de que a recessão econômica tenha provocado mais mortes do que uma pandemia sanitária tipo essa. Dito isso, torna-se evidente que, e mais uma vez, os Estados devem vir em socorro de suas economias. Isso porque a iniciativa privada não o fará. Basta ver como os bancos estão agindo neste momento. Desta forma, o Estado brasileiro, assim como outros, se obriga a colocar de lado o ajuste fiscal, gastando mais e até mesmo emitindo moeda se for necessário. Mas parece não haver outra maneira diante do tamanho do problema que aí está. Assim, o ajuste fiscal ficará protelado por mais alguns anos. No caso brasileiro, de um déficit ao redor de R$ 124 bilhões para 2020, em condições normais da economia, agora deveremos atingir algo ao redor de R$ 400 bilhões e, talvez mais, visando diminuir os impactos negativos da recessão. É imprescindível auxiliar os setores produtivos, especialmente os mais debilitados, formais e informais, para que se mantenham “vivos” na turbulência (desde que os recursos de fato cheguem em boas condições até eles). Este ainda é o melhor caminho, pois comprometer a vida de milhares de brasileiros e a própria economia, buscando retomar a atividade econômica em meio à pandemia, tende a provocar um desastre econômico muito maior, haja vista os exemplos da China, Itália, Espanha, Reino-Unido, EUA e muitos outros. O problema é que, por aqui, interesses eleitoreiros e obscurantistas, associados à mentiras, incompetência e irresponsabilidade procedentes do Planalto, apoiados por seguidores cegos pelo radicalismo, onde a emoção se sobrepõe à razão, vêm dificultando sobremaneira a tomada da melhor decisão, apesar dos esforços do Ministério da Saúde, de médicos, e demais profissionais do setor, únicos gabaritados, de fato, a nos orientarem nesta crise.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Análise semanal do mercado da soja, milho e trigo

20/03/2020 a 26/03/2020



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INFELIZMENTE MAIS DOIS PIBINHOS (Final)


Dando sequência ao comentário iniciado na coluna passada, temos a dizer que não só o dinheiro privado não veio, para substituir o recurso público, como a parte que corresponde ao dinheiro estrangeiro sai significativamente do país, em parte assustada pelas diatribes presidenciais e de alguns de seus ministros. O investidor estrangeiro já retirou cerca de R$ 45 bilhões de nossa Bolsa em dois meses e uma semana. No ano passado inteiro a saída havia sido de R$ 44,5 bilhões. Pior: a saída líquida de dinheiro do país atingiu a US$ 44,8 bilhões em 2019 e US$ 4,8 bilhões somente nos dois primeiros meses de 2020. Já o capital nacional, combalido, continua esperando “para ver no que vai dar”.  E tal resultado nada tem a ver com o coronavírus Covid-19, pois este somente surgiu em 2020 em nosso horizonte. De fato, o quadro externo, que já era ruim, piorou consideravelmente neste início de ano. Além de o mundo ainda viver rescaldos da crise de 2007/08, uma nova recessão econômica se desenha para algum momento entre 2020 e 2024, fato que indicamos em diversas oportunidades neste espaço. Pois o coronavírus parece ser o estopim de tal recessão já no início de 2020. Junto com ele tem-se os efeitos, ainda pouco conhecidos, da consolidação do Brexit; do conflito comercial entre EUA e China, o qual está longe ainda de ser resolvido totalmente; da recessão econômica na Argentina; das eleições presidenciais nos EUA no final do ano; do avanço das políticas protecionistas no mundo; e dos crescentes problemas ambientais. Neste quadro, nossas taxas de investimento e de poupança, que ficaram em tão somente 15,4% e 12,2% do PIB respectivamente, em 2019 (quando o ideal é 25% para ambas), tendem a ficar nestes níveis, senão pior em 2020. Isso tudo aponta, agora, não mais para um novo Pibinho, mas sim algo pior. Justificativa para tal afirmação: segundo estudos da FGV, para crescermos 2,2% em 2020 será preciso crescer, em média, 0,7% em cada um dos quatro trimestres do corrente ano. Ora, sem coronavírus, nosso crescimento médio nos últimos 10 trimestres foi de 0,3%. Dá para imaginar o que virá após a paralisia da economia no primeiro semestre em função da doença (as primeiras projeções indicam nova recessão econômica no Brasil em 2020, com o ano terminando com um PIB potencial entre 0% e -4,5%). Isso sem falar, no caso gaúcho, dos graves efeitos vindos da frustração da safra de verão. O estouro da bolha especulativa bursátil e a disparada do câmbio são apenas os sintomas do que nos aguarda na economia nacional, num contexto mundial igualmente recessivo e ainda totalmente indefinido, pois ninguém sabe como e quando tudo isso irá terminar.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Análise semanal do mercado da soja, milho e trigo

13/03/2020 a 19/03/2020



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terça-feira, 17 de março de 2020

INFELIZMENTE MAIS DOIS PIBINHOS (I)


Entre a marolinha e a fantasia a economia brasileira afundou e não consegue mais decolar, sofrendo os percalços dos eventos internacionais e, em particular, da ineficiência na condução da política econômica em grande parte dos últimos 10 anos. Assim o ano de 2019 confirmou-se muito ruim, apesar dos arroubos populistas presidenciais, e do esforço de ajustes da equipe econômica a qual, juntamente com os setores da agricultura e da infraestrutura, sustenta o pouco que resta do atual governo. O PIB de 1,1% veio ainda pior do que o 1,3% registrado em 2017 e 2018, configurando o difícil quadro nacional. Este Pibinho acabou sendo sustentado pelo consumo das famílias, cujo crescimento foi de 1,8% no ano. Ora, o consumo das famílias representa 65% de toda a atividade econômica no cálculo do PIB. Porém, 50% do consumo das famílias é de serviços. Ou seja, o pouco de sustentação da economia é no consumo de serviços. Elas não estão consumindo bens duráveis, que é o que a indústria produz. Não há economia que tenha dinamismo com isso. Além disso, temos uma combinação terrível nesta área, que não está sendo modificada no decorrer dos anos. Trata-se do alto endividamento das pessoas, que leva a uma forte inadimplência, associada a um elevado desemprego, conjunto que gera baixa renda média na sociedade. No trimestre encerrado em janeiro/20 o país tinha 11,9 milhões de pessoas desempregadas, correspondendo a 11,2% da população. Sendo que dos empregos contabilizados, 40,7% são informais e 23,2% gostariam de trabalhar mais do que podem; enquanto 4,1% (4,7 milhões de pessoas) são desalentados (já não procuram mais empregos porque não o encontram). Neste contexto, 63 milhões de brasileiros estão inadimplentes, correspondendo a 41% da população adulta. Também pudera, 104 milhões de brasileiros (cerca de metade da população nacional) vivem com apenas R$ 413,00 mensais. Diante de tal quadro, reduzir o juro básico não surte o efeito esperado, como estamos vendo, pois o que está faltando é renda para o consumidor. Por sua vez, os investimentos finalmente também ajudaram ao PIB do ano passado, crescendo 2,2% no ano. Todavia, os mesmos demonstram perda de dinâmica pois no último trimestre de 2019 recuaram 3,3%. Desta forma, não é surpresa fecharmos 2019 com a economia nacional ainda no patamar de 2013. Afinal, a atual recuperação é a mais fraca da história do país, consolidando a maior década perdida dos últimos 120 anos. O resultado comprovou que a Reforma da Previdência, embora necessária, não foi a panaceia para a economia, pois seus efeitos são de longo prazo. Afora isso, há travas profundas que impedem o crescimento do Brasil. Dentre elas está o fato de que, o governo tendo que cortar gastos para não quebrar, a entrada do dinheiro privado tornou-se a única fonte para irrigar a economia brasileira. Ora, este dinheiro não veio. (segue)

segunda-feira, 16 de março de 2020

Análise semanal dos mercados da soja, milho e trigo

06/03/2020 a 12/03/2020



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segunda-feira, 9 de março de 2020

CORONAVIRUS: OBSERVAÇÕES ECONÔMICAS (Final)

O mercado já considera “que devemos nos preocupar mais com o governo do que com o coronavirus”, sendo que há avaliações de que o mercado tenha caído “na real” quanto a capacidade do governo (leia-se o ministro Guedes) em avançar nos ajustes econômicos, pois a presidência da República atrapalha decisivamente o processo (cf. BBC News). Dito isso, é importante salientar que nossa moeda está “hiperdesvalorizada”. Ou seja, considerando o cálculo de Paridade de Poder de Compra, que leva em conta a inflação dos EUA e do Brasil em determinado período de tempo, para manter o poder de compra do Real de junho de 1999, seis meses após a nossa entrada no sistema de câmbio flutuante, o Real deveria estar valendo hoje (já incorporando os efeitos políticos internos), ao redor de R$ 3,20 por dólar. Caso encurtarmos o período e tomarmos o mês de janeiro de 2009, alguns meses após o estouro da grande crise de 2007/08, nossa moeda deveria estar hoje em R$ 3,70 para manter seu poder de compra de 11 anos atrás. Portanto, o que se vive no momento está fora da realidade cambial, muito alimentado pelo próprio governo, que parece desejar um câmbio nesta dimensão. Uma terceira observação ligada ao evento do coronavirus é o fato de que a economia mundial, e a brasileira obviamente, devem crescer bem menos do que o esperado em 2020, com todas as consequências que advêm de tal performance. No caso mundial, a China já projeta um PIB de “apenas” 4,9%, após 6,2% em 2019. A Zona Euro, também impactada pelo Brexit, ficará com tão somente 0,8% (nela, a Itália cresceria 0%). Os EUA recuariam para 1,9%, enquanto o conjunto da economia mundial ficaria em 2,4% (cf. OCDE). Em outras palavras, a economia mundial pode ter o pior ano desde 2009. Ou seja, a economia real também está sendo fortemente atingida, com a paralisação de indústrias mundo afora, sem falar na desorganização das cadeias de suprimentos e do setor de serviços (o turismo e o transporte aéreo são dois dos mais atingidos). Neste contexto, o preço das commodities recuam igualmente, atingindo a economia de seus exportadores. E agora, acaba de estourar o conflito petrolífero entre Arábia Saudita e Rússia. Neste contexto, o PIB brasileiro, para o corrente ano, já está sendo revisto para baixo. Das expectativas iniciais de algo entre 2% e 2,5%, passados apenas dois meses do novo ano, já se cogita algo entre 1,4% e 1,9%. Decididamente, a saída da crise em que nos colocamos a partir de 2011, e que gerou a maior década perdida de nossa história, vai se confirmando muito lenta, devendo levar ainda alguns anos, endossando nosso sentimento de cinco anos atrás, quando a recessão eclodiu por aqui. E tudo isso, esperando que não se confirmem os prognósticos internacionais, cada vez mais evidentes, de que uma nova recessão mundial venha a se instalar em algum momento entre 2020 e 2024. 

quinta-feira, 5 de março de 2020

Análise semanal do mercado da soja, milho e trigo

28/02/2020 a 05/03/2020



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quarta-feira, 4 de março de 2020

CORONAVIRUS: OBSERVAÇÕES ECONÔMICAS (I)


Com seus efeitos sobre a saúde humana superestimados, ou não, o fato é que o novo coronavirus Covid-19 já provocou estragos na economia global, com consequências, talvez, irreversíveis na economia brasileira neste ano. Dentre as observações econômicas em torno do tema, algumas merecem atenção. Em primeiro lugar, confirma-se que as bolsas de valores mundiais viviam uma nova bolha especulativa. O tombo que o coronavirus provocou nas mesmas, incluindo a nossa B3 (ex-Bovespa) confirma isso. Em época de pânico, não importando o motivo, se o sistema vive uma bolha, o estouro da mesma provoca um recuo intenso no valor das cotações. Nas ações isso foi observado. O mesmo não aconteceu com as bolsas de mercadorias (soja, petróleo, minério de ferro....) que, embora tenham recuado, mostraram um desempenho aceitável diante do movimento financeiro geral. No caso das ações foi o contrário. As bolsas da Europa, na semana do carnaval, viveram os piores sete dias desde a grande crise de 2008, perdendo um total de US$ 1,5 trilhão do seu valor. Nos três principais continentes (Ásia, Europa e América) o total perdido naquela semana foi de US$ 5 trilhões (cerca de quase três PIBs anuais brasileiros em uma semana). Na B3 brasileira, em apenas um dia (26/02), a saída de capital estrangeiro atingiu a R$ 3,068 bilhões, sendo a maior saída diária da história da Bolsa. Ou seja, o mercado aproveitou o coronavirus para realizar uma correção significativa. Mas, bastou o anúncio de que os países do G7, juntamente com o FMI e outras organizações supranacionais, estaria se organizando para uma atuação conjunta visando evitar maiores estragos na economia mundial, que a Bolsa de Nova York ganhou mais de 5% no dia 02/03, enquanto a B3 se elevou em mais de 2%. Ou seja, o mercado bursátil, na área das ações, continua especulando alheio à realidade da economia real. A segunda observação é que a saída de capitais das diferentes bolsas os direciona para valores refúgio, dentre eles o ouro e o dólar. Isso explica a disparada de suas cotações no mundo. Aqui no Brasil, o movimento se ancorou em uma realidade de desvalorização do Real que já vinha ocorrendo desde o final do ano passado. Assim, mesmo com intervenções de nosso Banco Central, o Real se estabiliza próximo de R$ 4,50 (um novo recorde histórico). Se é verdade que todas as moedas emergentes do mundo se desvalorizaram, dentre elas o Real foi a que mais se desvalorizou, atingindo 11,1% nos primeiros 60 dias do ano, em comparação com a cotação de fechamento de 2019. E isso se deve também a um componente interno, talvez mais impactante do que o coronavirus. Trata-se da inabilidade política, para dizer o mínimo, do presidente Bolsonaro, seguido de muitos de seus ministros, o que agora vem comprometendo as relações com o Congresso Nacional e o avanço das reformas administrativa e tributária. (segue)


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