A FORMAÇÃO QUE NOS FALTA (I)
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
11/05/2017
Em março passado a ONU anunciou o novo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) mundial, a partir de dados coletados em 2015. Pela
primeira vez, desde que o Índice passou a ser referência para medir o
desenvolvimento dos países (em 1990), o Brasil ficou estacionado. Em uma
posição longe de ser confortável, pois se situa em 79º lugar de um total de 188
países pesquisados. Estamos juntos com a ilha de Granada, abaixo da Rússia e um
pouco acima da média regional da América Latina e Caribe. Tal índice leva em
conta três quesitos fundamentais: saúde, educação e rendimento. No caso
brasileiro, a estagnação teria ocorrido principalmente pela queda no rendimento,
devido à recessão econômica que nos atingiu, a qual elevou o desemprego (hoje
acima de 14 milhões de pessoas em idade ativa, chegando a mais de 25% na faixa
etária entre 15 a 24 anos de idade). Grande parte desse desemprego, por sua
vez, ocorre na esteira da baixa formação de nossa mão de obra. E aí entra o
quesito educação em jogo. Os visitantes brasileiros, na recente feira mundial
de Hannover (Alemanha), voltaram convencidos de que estamos com grande atraso
tecnológico perante os principais países concorrentes, detectando que tal
atraso se deve, em grande parte, a uma educação precária. E a realidade, neste
sentido, é gritante. Segundo a última edição do Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes (Pisa), realizada em 2015, os estudantes brasileiros
ingressam no Ensino Médio “sem conhecimento e as habilidades mínimas para
exercer uma plena vida social e econômica”. Em matemática, 70% de nossos
estudantes não sabem o básico, em ciências 56% e em leitura 51%. Além disso,
mais de 60% dos professores brasileiros de ciências, no Ensino Fundamental, não
possuem formação específica. Ou seja, em geral, nossos professores, e isso vale
para grande parte em todos os níveis do ensino nacional, são de qualidade
precária, pois formados, na base, em um ambiente de qualidade comprometedora.
Mais, o Pisa indicou que, dentre 70 países pesquisados, o Brasil ficou na
posição 63 em ciências, 59 em leitura e 65 em matemática. Portanto, estamos
entre os piores do mundo em educação. Não há como gerar desenvolvimento em tal
quadro caótico! E os problemas nacionais na área não param aí! Em nosso país,
segundo o Pnad, somente 54% dos estudantes concluem o Ensino Médio até os 19
anos, enquanto 15,7% dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos não estudam. E
muitos que estudam, o fazem muito mal. Além disso, relatório da OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com sede em Paris,
ao comparar dados de mais de 40 países, evidenciou que apenas 14% dos adultos
brasileiros têm Ensino Superior, contra a média de 35% obtida no conjunto dos
países pesquisados. Um desastre! (segue)