Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
18/05/2017
O desastre de nossa educação atual, visto em
números no comentário passado, já vem de algum tempo e compromete totalmente o
futuro do país. O símbolo desta realidade se encontra, em grande parte, na
geração que nos governa, envolta em alta incompetência e ilícitos
generalizados. Em quadro de tamanho descalabro, não pode ser surpresa o fato de
40% da população nacional estar inadimplente e 59% endividada, sem grandes
perspectivas de saldar a conta. Nos faltam formação básica na área financeira e
econômica! Não pode ser surpresa igualmente que meio milhão de famílias, diante
da falta de perspectivas, em grande parte geradas pela péssima formação de seus
membros, tenham retornado ao programa Bolsa Família no país. E não adianta o
governo anunciar aos quatro cantos do país que destina milhões para a educação
nacional, se tais recursos são gastos muito mal. Não adianta ter quantidade de
dinheiro! É preciso ter qualidade no seu uso. Não basta apenas tentar melhorar
a qualidade de vida dos brasileiros pela via material, como se buscou no
passado recente. Isso não se sustenta, como a realidade nos mostra agora, sem
alto nível de saúde e educação. Como afirma Cristovam Buarque (foi candidato à
presidência da República em 2006, tendo como projeto central a melhoria da
educação nacional, e ganhou pouco mais de 2% dos votos dos brasileiros), as
universidades “acabam ficando fragilizadas por causa da má educação de base dos
acadêmicos e do corporativismo”. No primeiro caso, grande parte dos alunos ali
chegam sem saber escrever e interpretar corretamente textos, sem saber
matemática e interpretar minimamente um gráfico ou um dado estatístico. No
segundo caso, a universidade brasileira em geral “desconectou-se da realidade
brasileira, ficando subordinada aos sindicatos, fragilizada pelo corporativismo
e pelo despreparo dos acadêmicos” (cf. entrevista de Cristovam Buarque, Veja,
20/01/2016, pp. 13-17). Enquanto isso continuar e o governo usar a educação
como slogan, enganando as pessoas, esta realidade somente irá piorar. E os
jovens de hoje, formados em tal contexto, serão os dirigentes deste país
amanhã. Também aqui é premente uma ampla, profunda e consequente reforma que
venha a colocar o ensino brasileiro como um dos elementos motores do
desenvolvimento e não, como hoje ocorre, um instrumento onde o mote “faço de
conta que ensino e você faz de conta que estuda” tem sido muito presente em
grande parte das instituições de ensino nacionais, muitas vezes apoiado por
decisões oficiais, onde todo mundo passa de ano, sem importar se realmente
estudou, sabe o conteúdo, frequentou as aulas e se esforçou em busca de
qualificação, pois o objetivo central é tão somente preencher estatísticas que
serão usadas em campanhas políticas duvidosas.