:)

Pesquisar

sexta-feira, 28 de junho de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
30/06/2013

CÂMBIO, INFLAÇÃO E ENDIVIDAMENTO
Terminado o primeiro semestre de 2013 algumas evidências, mesmo que provisórias, confirmam as preocupações quanto à economia nacional. Os números parecem se desenhar piores do que o esperado junto ao mais pessimista. Em primeiro lugar, estamos às voltas com uma forte desvalorização cambial, iniciada em 14/05, que surpreende o mercado e traduz em boa parte a perda de confiança na economia nacional por parte do capital internacional, que diminui sua participação no país. O governo, com vigorosas vendas de dólar nas últimas semanas conseguiu, por enquanto, frear o câmbio em R$ 2,18 (fechamento do dia 27/06), porém, ainda longe de um valor adequado para conter a pressão inflacionária que tal movimento causa. O ideal seria trazer o valor do Real para níveis entre R$ 2,00 e R$ 2,05 se considerarmos a paridade de poder compra a partir de janeiro de 1999. Por sua vez, a inflação oficial, como o previsto, continua subindo. E o pior é que a inflação real tem sido muito maior, inclusive junto aos alimentos da cesta básica. Tanto é verdade que esta registra aumentos médios ao redor de 20% nos últimos 12 meses. E agora ainda teremos, a partir deste 1º de julho, o aumento entre 10% e 20% na farinha de trigo devido à falta interna do produto e a elevação nos preços de importação do produto em função do câmbio, mesmo com as cotações externas do trigo estáveis há quatro meses. O IPCA-15, que é considerado uma prévia do índice oficial, registrou um aumento no acumulado destes últimos 12 meses, incluindo junho/13, de 6,67%, estourando, como previsto, o teto da meta. Além disso, segundo a FGV, enquanto o IPC de 12 meses ficou em 6,22% até maio inclusive, o prato mais popular dos brasileiros, o conhecido PF (prato feito), subiu 60,35% no período ou quase 10 vezes a inflação. Somente no acumulado de janeiro a maio o mesmo subiu 24%. Não é por nada que, dentre os motivos das inéditas manifestações populares deste mês de junho, está a disparada da inflação. Este conjunto de fatores, associado a falta de capacidade do governo em responder à altura, na área econômica, o grito das ruas, coloca os empresários e os consumidores em crise de confiança, atrasando os investimentos. Tanto é verdade que o crescimento para 2013 já está sendo projetado em pouco mais de 2%, quando o governo iniciou o ano falando em 4%.

CÂMBIO, INFLAÇÃO E ENDIVIDAMENTO (II)

Para completar, a demagogia oficial ganha contornos risíveis no momento em que o descontentamento popular aumenta. Aqui no Rio Grande do Sul, a redução no preço das passagens intermunicipais, após o espetáculo da redução nos preços dos pedágios nas estradas estaduais e da eliminação de alguns pedágios em estradas federais (com o risco da precarização das estradas retornar rapidamente), é de tão somente R$ 0,50 (cinqüenta centavos). Ou seja, o custo tende a ser maior do que os ganhos para a população. Enfim, e mais preocupante ainda, a população brasileira endividada estão buscando financiamento para o pagamento de dívidas. Além de deixarem as compras de lado, o que confirma o esgotamento do modelo de empuxe da economia pelo consumo interno, o crédito consignado cresceu 20,8% nos últimos 12 meses segundo o Banco Central. Dito de outra maneira, as pessoas descobrem que seus salários não são suficientes para pagar os débitos assumidos, no entusiasmo consumista dos últimos três anos, e estão agora procurando crédito para fazer caixa e não para comprar. Ou seja, o consumidor brasileiro, infelizmente como se previa, estrangulado pelas dívidas feitas sob estímulo do governo, está agora precisando de crédito para completar o orçamento. Dito de outra maneira, boa parte do consumidor brasileiro entrou em uma ciranda financeira que naturalmente leva a mais inadimplência e mesmo à falência. Para piorar o quadro os juros estão subindo e o desemprego surgindo. E não foi por falta de alertas nestes últimos anos! Ainda é possível corrigir o rumo, mas será preciso muito mais do que apenas discursos.

Análise Semanal dos Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(21/06/2013 a 27/06/2013)

Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A SOJA E O FATOR CAMBIAL

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)

27/06/2013

A recuperação dos preços da soja, no mercado gaúcho, nestes últimos 40 dias se deve basicamente à surpreendente desvalorização do Real. A moeda nacional iniciou um processo de forte desvalorização a partir de 14/05, saindo de R$ 2,00 para R$ 2,23 alcançados no dia 24/06, após ter batido em alguns momentos em R$ 2,28. Enquanto isso, o preço de balcão da soja gaúcha, na média, passou de R$ 54,68 para R$ 61,56/saco. Ao mesmo tempo, a cotação da soja em Chicago, para o primeiro mês, recua de US$ 15,24 para US$ 15,12/bushel. Dito de outra maneira, o bushel de soja teve seu valor modificado em muito pouco nos últimos dois meses, ao passar de US$ 14,30 no dia 18 de abril para US$ 15,12 no dia 24/06, alcançando seu ponto máximo nos dias 13 e 14 de junho (US$ 15,40) e seu ponto mínimo no dia 24 de abril (US$ 14,04). Esse comportamento, portanto, é pouco responsável pela forte elevação no preço da soja no mercado brasileiro em geral e no gaúcho em particular, especialmente nos últimos 40 dias. O grande causador da nova elevação nos preços da oleaginosa é o câmbio. Tanto é verdade que nesse período, compreendido entre os dias 14/05 e 24/06, enquanto o Real se desvalorizava 11,5%, o preço do bushel de soja em Chicago recuava 0,8% e o preço do saco de soja no balcão gaúcho ganhava 12,6%. Vale considerar ainda que o prêmio médio no porto de Rio Grande, no período, caiu de 25 centavos de dólar por bushel para apenas 7,5 centavos de dólar, o que seria mais um fator baixista para o preço nacional, porém, absorvido igualmente pelo fator cambial. Nesse contexto, duas outras lições podem ser tiradas desta realidade. Em primeiro lugar, a mesma, em sendo duradoura, e consolidando um novo patamar cambial, ao redor de R$ 2,20, indica um preço da soja, para o final de ano, mais elevado do que o até agora projetado. Considerando que Chicago continua apontando para novembro/13 valores entre US$ 12,50 a US$ 12,75, o preço da oleaginosa, ao novo câmbio, terminaria o ano entre R$ 51,00 e R$ 53,00/saco. Em segundo lugar, caso o Real retorne à casa dos R$ 2,00, a partir das medidas que vêm sendo adotadas pelo governo para tanto, o preço da soja no final do ano recuaria para valores entre R$ 46,00 e R$ 47,00/saco. Enfim, o pior dos mundos seria a confirmação de forte queda em Chicago após a colheita dos EUA (caso ela venha cheia), como indicou o relatório do USDA do dia 12/06 (média de US$ 10,75/bushel), combinada a um retorno do Real aos níveis anteriores. Nesse caso, o saco de soja no balcão gaúcho poderia terminar o ano ao redor de apenas R$ 43,00. Por sua vez, havendo frustração na atual safra estadunidense e o câmbio conservando o novo patamar alcançado, teríamos o melhor dos mundos, com a soja gaúcha podendo alcançar valores ao redor de R$ 60,00/saco e até mesmo um pouco mais.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Análise Semanal dos Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(14/06/2013 a 20/06/2013)

Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)

23/06/2013

NADA MUDA NA ESTRATÉGIA ECONÔMICA OFICIAL
Diante da atual realidade econômica brasileira, onde o Real se desvaloriza assustadoramente (R$ 2,25 no final da tarde do dia 20/06); a inflação não cede, devendo subir fortemente neste mês de junho, no acumulado de 12 meses, se não houver maquiagens; onde o gasto público elevado continua e, agora, com a população brasileira acordando para a realidade e decidindo se manifestar contra a situação econômico-social (desconsiderando os baderneiros de plantão, que nada agregam), é justo esperar que o governo brasileiro altere sua estratégia econômica. Aliás, foi neste sentido que caminharam as declarações oficiais no final de maio, quando tal quadro se cristalizou definitivamente, na medida em que se anunciou que o governo iria investir mais e gastar menos, incluindo gastos nos pacotes sociais de curto prazo. Naquele momento, tal anúncio transparecia uma retomada, mesmo que parcial, da responsabilidade para com o futuro do país, esquecendo-se das eleições do próximo ano. Ora, a agradável surpresa não durou muito! As últimas declarações oficiais, feitas nesta semana, revogam o entusiasmo anterior quanto a pensar o Brasil no longo prazo. As mesmas, infelizmente, confirmam que a visão continua sendo eleitoreira. Embora a pressão popular, depois disso, tenha se ampliado nas ruas. Dito de outra forma, numa perigosa ação eleitoreira o governo considera que não há necessidade de mudanças na estratégia econômica que claramente fracassou nestes últimos três anos. Assim, o anúncio de pacotes de apoio social (eleitorais) deve continuar (isso explica o “bolsa mobília” anunciado em plena crise atual) para quem obteve empréstimo junto ao programa Minha Casa Minha Vida. O governo julga, erroneamente, que esse tipo de ação incentiva (?) investimentos e ajuda a reduzir (?) a inflação. Pior, para ajustar as contas públicas, ao invés de realizar economia, o governo planeja usar recursos das privatizações (sic) – admitindo, finalmente, que está sim privatizando - no pagamento dos juros da dívida, num colossal erro de avaliação, já comprovado em governos passados. 

NADA MUDA NA ESTRATÉGIA ECONÔMICA OFICIAL (II)
Ou seja, “a ordem é seguir nas medidas a conta-gotas para problemas específicos, não estando previsto um ajuste forte nas contas públicas”. O ideal seria uma guinada significativa na economia, porém, o governo não a dará porque, além das eleições estarem próximas e desejar se reeleger, o que hoje já parece mais complicado, não está disposto a admitir que errou quando tentou implantar uma política desenvolvimentista, batizada de “nova matriz macroeconômica”. Além disso, o resultado de um ajuste estrutural, por serem demorados, não virá antes das eleições. Ou seja, continuaremos a pagar uma conta cada vez mais pesada, com o risco de perdermos mais um tempo precioso, porque os que nos governam estão, novamente, pensando no seu futuro pessoal e não no futuro da Nação. Assim, duas coisas parecem evidentes: o governo vai tentar capitalizar ao máximo, em seu favor, as manifestações, tentando mostrar que busca resolver os problemas sociais exigidos, mesmo que isso seja apenas de fachada e de curto prazo; e, se reeleito, virá com ajustes estruturais pesados (se vier) que, embora necessários, irão doer muito mais, pois virão tardiamente. Pelo visto, a população brasileira terá que manifestar por muito mais tempo e, talvez, de forma ainda mais dura, para vencer tamanha incompetência administrativa de um lado e tamanha mesquinhez individual por outro lado. Ou consiga construir, até as eleições de 2014, uma “terceira via” política que realmente pense o Brasil em seu coletivo, colocando de lado os que hoje usam o país e suas riquezas em benefício próprio.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A INDIGNAÇÃO POPULAR

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
20/06/2013

E os brasileiros, finalmente, decidiram dar um basta aos desmandos governamentais. Acossados anos a fio pela corrupção, cada vez mais descarada; cobrança de impostos elevados sem uma contrapartida eficiente dos serviços públicos; escândalos de toda ordem; gastos desmesurados com a Copa do Mundo e outros eventos; discursos demagógicos e populistas; inflação que dispara na prática, embora maquiada oficialmente; o povo brasileiro decidiu seguir o caminho da indignação, já existente em muitos outros países. Tirando os baderneiros de plantão, que infelizmente sempre surgem nestas horas e que só desagregam os movimentos legítimos da sociedade, o que vemos no Brasil é algo muito além da simples reclamação contra o aumento das passagens de ônibus. Enganam-se os que somente desejam ver o movimento com esta curta visão. Estamos diante de um clamor popular contra o governo atual, é verdade, que na prática herdou, e depois alimentou, erros econômicos importantes e ações de corrupção graves procedentes da era Lula. Porém, enganam-se aqueles que vêem o movimento como um aval a uma eventual oposição. De que oposição se está falando, afinal? De nenhuma digna de nome! A maioria está comprometida com o governo, em troca de benesses políticas de toda ordem, enquanto o restante está totalmente desorganizado e não tem oferecido, em seus discursos e ações, grandes novidades ao que está sendo questionado hoje pela sociedade brasileira. O que se quer, realmente, é uma “terceira via”, longe das atuais siglas políticas, que encarne a ética, a justiça, a eficiência, um Estado ágil e voltado aos interesses reais da sociedade e não onde alguns se locupletam em cima do trabalho coletivo; o que se quer é uma real preocupação com o bem-estar social em geral. O povo está cheio de ser enganado por migalhas, mesmo que bem-vindas, diante de gastos monumentais em obras sem necessidade, em favor de alguns poucos que se encastelam no poder, usando a política e a democracia como escudo. E como o movimento é realmente popular, o governo se vê perdido, pois não encontra “interlocutores” (geralmente aproveitadores, agarrados em siglas partidárias) e sim o povo nas ruas, querendo recuperar o todo que lhes têm sido surrupiado ano após ano. E a célebre frase “eu não sabia de nada” não serve mais para enrolar esse povo brasileiro. A falta de compreensão da nova realidade fica evidenciada na ação policial truculenta no início dos movimentos. Quem corrompe quis passar a ideia de que os protestos é coisa de baderneiros. Não, não é! Quem corrompe, usando o Brasil como fachada para ganhar dinheiro fácil em cima do esporte nacional (o futebol), apela para o fair play quando vaias recebe, ganhando ainda mais vaias. Esse povo manifesta porque, finalmente, resolveu se indignar em favor de mudanças profundas na forma de se governar esse país. Buscando recuperar o real espírito democrático e ético pelo qual tanto se lutou no Brasil num passado não tão distante. Uma nova era se inicia!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Análise Semanal dos Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(07/06/2013 a 13/06/2013)

Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.
Para acessá-lo e acompanhar as mudanças mais recentes nesses mercados, clique aqui.

TENDÊNCIAS



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
16/06/2013




O REAL TENDE A SE REVALORIZAR
A moeda brasileira, a partir do final de maio, sofre um surto de desvalorização acentuado, preocupando o governo. O valor da mesma, ao redor de R$ 2,14 nesta segunda semana de junho, ultrapassa a paridade de poder compra se calculada a contar de janeiro de 1999, a qual oscila ao redor de R$ 1,95 a R$ 2,00. Tal valor hoje praticado, embora favoreça aos exportadores, implica em importarmos inflação, pois todo o produto comprado no exterior fica mais caro. Exatamente num momento em que passamos a lutar para reduzir tal flagelo (no acumulado de 12 meses – junho/12 a maio/13 – a inflação nacional chega a 6,5% - teto da meta -, com tendência a aumentar nos próximos meses). Isso levou o governo a rever sua política econômica, passando a aumentar a taxa básica de juros (Selic) desde abril passado (hoje a mesma está em 8% ao ano, podendo chegar a 9,5% no final de 2013). Dinheiro mais caro retrai o consumo e, até mesmo, o investimento privado, podendo derrubar os preços, embora igualmente freie a economia, já extremamente combalida. Mas juros elevados atraem dólares especulativos para o país, tendendo a revalorizar o Real num horizonte de relativo curto prazo. Todavia, o problema maior ainda não é esse. Ocorre que os gastos desenfreados dos brasileiros e do governo, enquanto a crise econômico-financeira avançava, voltaram a constituir um déficit na chamada balança de transações correntes.

O REAL TENDE A SE REVALORIZAR (II)
Tal balança é composta por três balanças intermediárias: balança comercial (saldo das exportações em relação às importações de bens feitas pelo país); balança de serviços e rendas (turismo, juros da dívida externa, fretes internacionais etc...) e transações unilaterais (doações realizadas e recebidas). Ou seja, o saldo da balança de transações correntes é o resultado do funcionamento da economia real, já que a outra conta representa a entrada e saída de capitais produtivos, especulativos, derivativos, títulos de renda fixa, ações de companhias etc... O resultado final do confronto destas contas resulta no saldo do balanço de pagamentos. Em esse sendo negativo, o país tira de suas reservas internacionais para cobrir “o rombo” e vice-versa. No caso do Brasil, um resultado negativo nas transações correntes é geralmente sinônimo de déficit no balanço de pagamentos final e, portanto, redução das reservas. De 2008 para cá é isso que estamos assistindo de forma assustadora. Em nosso histórico, quando tais saldos começaram a ser registrados em 1947, assistimos a um déficit nas transações correntes no valor de US$ 204 milhões. O pior momento se deu em 1998 quando o déficit atingiu a US$ 33,4 bilhões. Isso fragilizou tanto a economia que o país foi obrigado a dar a famosa guinada no Plano Real, construindo um tripé de sustentação da estabilidade iniciada em 1994, formado pela prática do câmbio flutuante, a constituição de superávit primário anual e a meta inflacionária (manter a inflação anual entre 2,5% e 6,5%).

O REAL TENDE A SE REVALORIZAR (III)
Esta reação e a recuperação temporária da economia mundial permitiu a retomada de superávits na balança de transações correntes a partir de 2003 (US$ 4,18 bilhões). Todavia, com o estouro da crise mundial atual e o descontrole oficial das contas nacionais, entramos em um ciclo de déficits recordes a partir de 2008 (-US$ 28,2 bilhões). Em 2012 o mesmo fechou negativo em US$ 54,2 bilhões e nos últimos 12 meses (maio/12-abril/13) o mesmo atinge a US$ 70 bilhões ou um pouco mais de 3% do PIB. Ou seja, está pavimentada a estrada para uma nova e grave crise econômica nacional, cujos sintomas vêm surgindo de todos os lados nos últimos três anos. Mais uma herança do populismo econômico, acelerado no final do segundo mandato do presidente Lula. Como tal problema não pode ser resolvido pela tradicional prática da desvalorização da moeda nacional, que ensaiou tal movimento nas últimas duas semanas, devido a pressão inflacionária que a política consumista oficial provocou, antes de termos consolidado uma política de investimentos em infraestrutura, o governo parte agora para uma política ao contrário: atrair dólares para o país. É neste contexto que entra a redução do IOF de 6% para zero para toda divisa estrangeira que entrar no país a partir de agora. Além disso, com a privatização/concessão para a iniciativa privada de aeroportos, rodovias, portos, ferrovias, blocos de petróleo e gás do Pré-Sal etc... o governo espera uma forte entrada de moeda estrangeira. Isso, somado ao aumento da Selic, deverá atrair dólares e revalorizar o Real até o final do ano, com nossa moeda voltando para níveis entre R$ 1,90 e R$ 2,00 por dólar. Obviamente, desde que o governo corrija a desastrada condução da política econômica, realizada nos últimos anos, para que o capital internacional, especialmente o produtivo, volte a acreditar no Brasil e venha novamente aqui aportar.
 

E AGORA, BRASIL? (final)



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
13/06/2013



              Se é verdade que o governo parece ter caído na real quanto a situação econômica brasileira, que ele mesmo criou nestes últimos anos, também é verdade que a conta social de tais ações chegou. Além de o Real se desvalorizar assustadoramente em poucos dias, na virada de maio para junho, pois os investidores externos não confiam mais tanto no país, fato que tende a elevar a inflação pelo maior custo das importações, o governo mais uma vez acabou errando. Tanto que dois dias depois de negar, passou a intervir no mercado cambial vendendo dólares através do Banco Central, buscando segurar a moeda nacional em um patamar informal considerado adequado, entre R$ 1,95 e R$ 2,05. Paralelamente, o desemprego real, que sempre existiu, aumenta rapidamente, somando-se a um forte endividamento e inadimplência da população. Isso freia o consumo ainda mais, esgotando de vez o modelo desenvolvimentista de crescermos pelo consumo interno. Senão vejamos: no RS, o índice de famílias, com dívidas superiores a 12 meses, subiu de 18% em maio de 2012 para 48,2% em maio de 2013; no Brasil, o desemprego é o motivo do atraso nas contas para 31% dos consumidores no primeiro trimestre de 2013 segundo a administradora do SCPC. Resultado: a farra parece estar acabando, porém, o custo da mesma, como se previa, fica com a sociedade. Dito isso, os principais desafios econômicos a serem realmente vencidos pelo governo, agora, seriam: reorganizar o quadro macroeconômico, buscando melhorar as receitas oficiais e reduzir as despesas a fim de voltarmos a cumprir as metas do superávit primário (um dos pontos do tripé de sustentação da estabilidade econômica), sem maquiagens; melhorar a produtividade do trabalho no país, qualificando as pessoas através de investimentos adequados na educação; tentar conter a inflação e sair deste marasmo “estagflacionário” que se construiu nos últimos anos, o que deverá levar tempo; dosar bem a elevação dos juros, pois se os mesmos subirem demais a economia bloqueia de vez e o remédio mata o paciente; manter a inflação sob controle, fato que permite um crescimento sustentado, sem reduzir em demasia o nível de emprego; ser mais econômico, desenvolvendo políticas de privatização lá onde não tem competência; desburocratizar o país e melhorar o sistema de regulação, apertando a política fiscal; recuperar a credibilidade, hoje totalmente abalada pelas medidas demagógicas adotadas nos últimos tempos, criando um cenário positivo para o investimento privado; neste cenário, dentre outras coisas, necessário se faz reduzir os custos de produção, o que passa pela redução dos custos do Estado; infelizmente, o governo terá agora que adotar uma política fiscal mais rígida, o que significa menos recursos para investimentos públicos e programas sociais. Como fazer isso às vésperas de eleições presidenciais, com um governo que primou, nos últimos 10 anos, por ações imediatistas, desdenhando as necessidades estruturais do país?

Postagens Anteriores