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segunda-feira, 17 de junho de 2013

E AGORA, BRASIL? (final)



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
13/06/2013



              Se é verdade que o governo parece ter caído na real quanto a situação econômica brasileira, que ele mesmo criou nestes últimos anos, também é verdade que a conta social de tais ações chegou. Além de o Real se desvalorizar assustadoramente em poucos dias, na virada de maio para junho, pois os investidores externos não confiam mais tanto no país, fato que tende a elevar a inflação pelo maior custo das importações, o governo mais uma vez acabou errando. Tanto que dois dias depois de negar, passou a intervir no mercado cambial vendendo dólares através do Banco Central, buscando segurar a moeda nacional em um patamar informal considerado adequado, entre R$ 1,95 e R$ 2,05. Paralelamente, o desemprego real, que sempre existiu, aumenta rapidamente, somando-se a um forte endividamento e inadimplência da população. Isso freia o consumo ainda mais, esgotando de vez o modelo desenvolvimentista de crescermos pelo consumo interno. Senão vejamos: no RS, o índice de famílias, com dívidas superiores a 12 meses, subiu de 18% em maio de 2012 para 48,2% em maio de 2013; no Brasil, o desemprego é o motivo do atraso nas contas para 31% dos consumidores no primeiro trimestre de 2013 segundo a administradora do SCPC. Resultado: a farra parece estar acabando, porém, o custo da mesma, como se previa, fica com a sociedade. Dito isso, os principais desafios econômicos a serem realmente vencidos pelo governo, agora, seriam: reorganizar o quadro macroeconômico, buscando melhorar as receitas oficiais e reduzir as despesas a fim de voltarmos a cumprir as metas do superávit primário (um dos pontos do tripé de sustentação da estabilidade econômica), sem maquiagens; melhorar a produtividade do trabalho no país, qualificando as pessoas através de investimentos adequados na educação; tentar conter a inflação e sair deste marasmo “estagflacionário” que se construiu nos últimos anos, o que deverá levar tempo; dosar bem a elevação dos juros, pois se os mesmos subirem demais a economia bloqueia de vez e o remédio mata o paciente; manter a inflação sob controle, fato que permite um crescimento sustentado, sem reduzir em demasia o nível de emprego; ser mais econômico, desenvolvendo políticas de privatização lá onde não tem competência; desburocratizar o país e melhorar o sistema de regulação, apertando a política fiscal; recuperar a credibilidade, hoje totalmente abalada pelas medidas demagógicas adotadas nos últimos tempos, criando um cenário positivo para o investimento privado; neste cenário, dentre outras coisas, necessário se faz reduzir os custos de produção, o que passa pela redução dos custos do Estado; infelizmente, o governo terá agora que adotar uma política fiscal mais rígida, o que significa menos recursos para investimentos públicos e programas sociais. Como fazer isso às vésperas de eleições presidenciais, com um governo que primou, nos últimos 10 anos, por ações imediatistas, desdenhando as necessidades estruturais do país?

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