Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
13/06/2013
Se é verdade que o governo parece ter caído na real quanto a situação
econômica brasileira, que ele mesmo criou nestes últimos anos, também é verdade
que a conta social de tais ações chegou. Além de o Real se desvalorizar
assustadoramente em poucos dias, na virada de maio para junho, pois os
investidores externos não confiam mais tanto no país, fato que tende a elevar a
inflação pelo maior custo das importações, o governo mais uma vez acabou
errando. Tanto que dois dias depois de negar, passou a intervir no mercado
cambial vendendo dólares através do Banco Central, buscando segurar a moeda
nacional em um patamar informal considerado adequado, entre R$ 1,95 e R$ 2,05.
Paralelamente, o desemprego real, que sempre existiu, aumenta rapidamente,
somando-se a um forte endividamento e inadimplência da população. Isso freia o
consumo ainda mais, esgotando de vez o modelo desenvolvimentista de crescermos
pelo consumo interno. Senão vejamos: no RS, o índice de famílias, com dívidas
superiores a 12 meses, subiu de 18% em maio de 2012 para 48,2% em maio de 2013;
no Brasil, o desemprego é o motivo do atraso nas contas para 31% dos
consumidores no primeiro trimestre de 2013 segundo a administradora do SCPC.
Resultado: a farra parece estar acabando, porém, o custo da mesma, como se
previa, fica com a sociedade. Dito isso, os principais desafios econômicos a
serem realmente vencidos pelo governo, agora, seriam: reorganizar o quadro
macroeconômico, buscando melhorar as receitas oficiais e reduzir as despesas a
fim de voltarmos a cumprir as metas do superávit primário (um dos pontos do
tripé de sustentação da estabilidade econômica), sem maquiagens; melhorar a
produtividade do trabalho no país, qualificando as pessoas através de
investimentos adequados na educação; tentar conter a inflação e sair deste
marasmo “estagflacionário” que se construiu nos últimos anos, o que deverá
levar tempo; dosar bem a elevação dos juros, pois se os mesmos subirem demais a
economia bloqueia de vez e o remédio mata o paciente; manter a inflação sob
controle, fato que permite um crescimento sustentado, sem reduzir em demasia o
nível de emprego; ser mais econômico, desenvolvendo políticas de privatização
lá onde não tem competência; desburocratizar o país e melhorar o sistema de
regulação, apertando a política fiscal; recuperar a credibilidade, hoje
totalmente abalada pelas medidas demagógicas adotadas nos últimos tempos,
criando um cenário positivo para o investimento privado; neste cenário, dentre
outras coisas, necessário se faz reduzir os custos de produção, o que passa pela
redução dos custos do Estado; infelizmente, o governo terá agora que adotar uma
política fiscal mais rígida, o que significa menos recursos para investimentos
públicos e programas sociais. Como fazer isso às vésperas de eleições
presidenciais, com um governo que primou, nos últimos 10 anos, por ações
imediatistas, desdenhando as necessidades estruturais do país?