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quinta-feira, 25 de julho de 2013

GRÃOS: A DANÇA DAS COTAÇÕES EM CHICAGO

PROF. DR. ARGEMIRO LUÍS BRUM (CEEMA/DACEC/UNIJUI)

Este ano de 2013 estaria indicando um ciclo de preços mais baixos para as commodities agrícolas em Chicago, após o início da disparada dos mesmos em 2007. No caso do grão de soja, após ter atingido a média de apenas US$ 6,60, entre 1972 e 2006, o bushel viu seu valor disparar para US$ 16,58 em julho/08. Posteriormente, houve um ciclo de forte recuo, entre 2009 e 2010, quando a oleaginosa chegou a perder cerca de 50% de valor. Mas, a partir de 2011 o mundo assistiu a nova recuperação de preços, a ponto do bushel de soja atingir seu atual recorde (US$ 17,71) em setembro de 2012. Desde então, o preço da soja em Chicago recuou. A soja chega neste final de julho cotada ao redor de US$ 14,60/bushel, com indicativos de cair para a média de US$ 10,75 no final do corrente ano caso a safra dos EUA venha cheia. Por sua vez, o milho, após atingir a US$ 7,54/bushel em fins de junho de 2008, vê seu valor despencar no mesmo ano para US$ 2,93 em dezembro. A partir daí vive um período de cotações fracas até setembro de 2010. Na sequência volta a se recuperar, atingindo a US$ 7,87 em meados de junho/11, para reiniciar um período de queda relativa até julho/12 quando, finalmente, bate o seu recorde histórico, ao fechar o dia 21/08/2012 em US$ 8,31. Desde então o recuo é significativo, com o bushel do cereal chegando neste final de julho ao redor de US$ 5,22 e a média, para o final de 2013, apontando para valores abaixo de US$ 4,00 em caso de safra cheia nos EUA (colheita a partir de setembro). Enfim, o trigo, que atingiu a um recorde de US$ 12,80/bushel em 27/02/2008, viu seu preço ceder para US$ 4,57 já em dezembro do mesmo ano. Posteriormente se recupera a partir de agosto de 2010, quando volta ao patamar de US$ 6,50 a US$ 7,50. Na sequência alcança US$ 8,86 no início de fevereiro de 2011, recuando para US$ 6,10 em meados de janeiro de 2012, e retorna a US$ 9,43 em meados de julho do ano passado. Desde então, após uma estabilização até o término de 2012, o bushel de trigo recua, chegando ao final deste mês de julho/13 ao redor de US$ 6,53. Neste novo ciclo de preços, enquanto o trigo parece não ter espaço para novos recuos, a soja e o milho ainda oferecem um importante espaço de queda em Chicago.    

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
28/07/2013

ACORDOS DE LIVRE-COMÉRCIO E A AGRICULTURA
Instigado por leitores a discorrer sobre esse tema, após lerem coluna que escrevi sobre o acordo de livre-comércio batizado de Aliança do Pacífico (cf. coluna de 02/06/2013), vamos aos fatos. Os acordos de livre-comércio em geral favorecem ao aumento do comércio entre as nações, permitindo que um país não tenha apenas o seu mercado interno como alvo e sim passe a ter também outras nações como possibilidade de vender seus produtos. Obviamente, as nações comerciam porque não podem produzir tudo o que precisam. Nesse sentido, é evidente que a especialização em torno daquilo em que as nações conseguem produzir de forma mais barata e com qualidade, isto é, competitivamente, passa a ser o caminho. Ou seja, as diferentes nações irão se especializar na produção daquilo que lhes é possível vender competitivamente no mercado externo e comprar aquilo que não conseguem produzir localmente a preços menores do que os obtidos no exterior. Em teoria, portanto, o livre-comércio é positivo. Particularmente porque reduz os preços para a população das diferentes nações que abrem suas fronteiras, lhes permitindo acesso a bens antes impossíveis ou restritos a uma minoria. Todavia, tal sistema funciona adequadamente se os países envolvidos nos acordos comerciais de livre-comércio efetivamente abrirem suas fronteiras aos produtos dos demais países membros e vice-versa. Para tanto, torna-se necessário uma ampla negociação, setor por setor, para impedir que se abra o comércio, por exemplo, junto ao setor agrícola, enquanto o país parceiro subsidia sua produção, vendendo seu produto mais barato graças a tal prática comercial protecionista.

ACORDOS DE LIVRE-COMÉRCIO E A AGRICULTURA (II)
No caso do México, junto ao NAFTA (Acordo de Livre-Comércio da América do Norte), que reúne igualmente os EUA e o Canadá, esse tem sido um problema. Os produtores agrícolas mexicanos, desde que seu país ingressou na integração econômica em questão, em 1992 (em 1988 os Estados Unidos e o Canadá assinaram um Acordo de Liberalização Econômica, formalizando o relacionamento comercial entre aqueles dois países; em 13 de agosto de 1992 o bloco recebeu a adesão do México, adotando um prazo de 15 anos para a total eliminação das barreiras alfandegárias entre os três países), reclamam de que os subsídios à produção e, em alguns casos, às exportações, proporcionados pelos EUA e Canadá, retiram-lhes competitividade, tornando o comércio agrícola entre as três nações desleal. Nesse ponto eles têm razão! Quando se constrói uma zona de livre-comércio, o ideal é não criar exceções, levando todos os setores e produtos a, depois de um período de adaptação, competirem em livre-comércio de fato. Ora, isso depende da capacidade de negociação entre as partes, além dos diferentes interesses em jogo. Nesse caso, a Aliança do Pacífico deve cuidar para construir um livre-comércio que, posteriormente, não seja comprometido por interesses específicos. Assim como o Mercosul deveria ter feito o mesmo, antes de deixar a demagogia política lhe tomar a frente e praticamente aniquilar a construção de um verdadeiro bloco econômico.

ACORDOS DE LIVRE-COMÉRCIO E A AGRICULTURA (III)

No caso do NAFTA, o México optou por ganhar na área de serviços e indústria, mesmo sendo à base das montadoras estadunidenses ali instaladas, deixando parcialmente de lado o setor primário. Hoje, parte da agricultura mexicana sofre com a concorrência do restante da América do Norte, de forma desleal em grande medida, e isso, evidentemente, não condiz com um acordo de livre-comércio ideal. Tanto é verdade que, se vamos analisar as estatísticas, notamos que o resultado comercial do setor agrícola mexicano é muito variado após a entrada no NAFTA. Assim, por exemplo, comparando o período de 1990-1999 e 2000-2010 (cf. FAO), a sua produção de cereais cresceu 2,5% ao ano no primeiro período e apenas 1,3% no segundo. Já na produção de grãos forrageiros o resultado cai de 3,8% para 2,5% ao ano entre os períodos. Por sua vez, a produção de trigo passa de menos 3,6% ao ano, entre 1990-1999, para mais 0,5% ao ano no período seguinte. Em oleaginosas, a produção registrou um comportamento anual negativo de 2,2% no primeiro período e um positivo de 1,9% ao ano no segundo período. Ou seja, embora longe de ser conclusivo, tais dados nos mostram que a participação em áreas de livre-comércio, mesmo com países desenvolvidos, pode ser positiva, inclusive em setores sensíveis como o primário, porém, raramente em todas as atividades. Além disso, o sucesso depende de como as negociações são definidas entre os países e, mais ainda, do controle no cumprimento de tais acordos quando da prática. No caso do Brasil, por exemplo, apesar de nos imaginarmos celeiro do mundo, claramente não somos competitivos em todos os produtos do setor primário. Ou seja, mesmo que os países desenvolvidos aceitem liberar totalmente seu comércio agrícola, o que hoje é uma utopia, iremos perder mercado junto a muitos produtos agropecuários porque estamos longe de sermos competitivos pós-porteira rural.  

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(12/07/2013 a 18/07/2013)

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quarta-feira, 24 de julho de 2013

ECONOMIA: PROBLEMAS REAIS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
25/07/2013


Apesar de ter rompido o teto da meta em duas oportunidades no primeiro semestre, a inflação oficial brasileira pode ficar abaixo dos 6,5% em 2013. Isso porque, entre setembro e dezembro, os índices mensais a serem registrados tendem a ser inferiores aos elevados índices dos mesmos meses em 2012, que ficaram entre 0,57% e 0,79%. Além disso, a inflação de julho/13 será menor do que o esperado porque, graças às manifestações populares de junho, não houve reajustes no transporte público. Dito isso, a derrapagem também pode acontecer porque há um indicador recente que ainda não está contabilizado: a forte desvalorização cambial, nos últimos dois meses, que se mantém ao redor de 11%. Os efeitos da mesma começarão a chegar sobre os preços dos importados, de forma mais intensa, a partir de agosto. E o governo não está conseguindo reverter o quadro cambial, mesmo com as fortes vendas de dólares promovidas pelo Banco Central. Segundo diversos setores produtivos de nossa economia, a começar pelo de alimentos e bebidas, o efeito cambial começará a ser repassado aos preços junto aos consumidores na altura de 5% a 8% no próximo mês. Sem falar nos aumentos existentes nos produtos internos que usam, de alguma forma, componentes importados. Desta forma, o real problema já é o cenário inflacionário para 2014. Aliás, é isso que vem alimentando as altas da Selic. Tanto é verdade que o juro básico deverá continuar subindo até o final do ano, devendo fechar 2013 ao redor de 9,5%. Paralelamente, a alta dos juros freia ainda mais o PIB, tanto para este ano quanto para 2014. Embora o governo ainda se mantenha otimista para 2013 (agora fala em 2,5% a 3% de crescimento), o mercado aponta números ao redor de 2%, sendo que muitas instituições começam a calcular um crescimento entre 1,5% e 2% apenas. Para 2014 o PIB não seria muito diferente disso! Por trás desta projeção surgem outros números preocupantes: o emprego em geral diminui; o desemprego em muitos setores já é uma realidade; o pleno emprego nunca existiu; e o emprego industrial teve a maior queda, em maio, desde o final de 2009. Aliás, o resultado de maio passado foi o 20º resultado negativo consecutivo na comparação com o mesmo mês de um ano antes. Para completar o quadro, o investimento externo na indústria nacional recuou 47% nos primeiros cinco meses de 2013. Muito mais do que o recuo de 23% que o investimento estrangeiro direto registrou no mesmo período para o total da economia nacional (nos primeiros cinco meses do ano entraram no Brasil, sob esse tipo de investimento, apenas US$ 16,7 bilhões quando o governo esperava, para todo o ano, um valor ao redor de US$ 60 bilhões). E a perda de confiança, por parte do investidor internacional, na condução da economia brasileira só fez aumentar desde então. O quadro é tão difícil que o próprio governo já se convenceu de que precisa realizar cortes de custeio junto aos gastos previstos para este ano (acaba de cortar R$ 10 bilhões, porém, se quiser alcançar resultados palpáveis, terá que cortar muito mais).

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(12/07/2013 a 18/07/2013)

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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
21/07/2013

OS PEDÁGIOS E O ESTADO
O governo do Estado do Rio Grande do Sul vem realizando uma política de combate ao sistema de pedágios implantado ainda nos anos de 1990. Há acertos e erros nessa postura. Estes últimos, inclusive, começam a despontar nesse momento e gerarão enormes prejuízos à sociedade que circula por nossas estradas, caso não forem rapidamente solucionados. A política de pedágios, em países de primeiro mundo, funciona da seguinte maneira: existem diversas estradas que nos levam a um determinado ponto; a melhor destas estradas, geralmente autoestradas com três ou mais pistas, rápidas e seguras, cobram pedágios; caso o usuário não desejar pagar o preço, tem a opção de ir ao mesmo destino por uma estrada, igualmente boa, porém, de menor qualidade, sem pagar pedágio. Aqui no Brasil, em geral, e no Rio Grande do Sul, em particular, nossa política de pedágios foi posta em prática com apenas uma solução de rota. Ou seja, para quem desejar ir do interior do Estado à capital, em determinados trechos ou paga pedágio ou fica sem opção para se deslocar via terrestre à capital. Por aí já temos uma grande diferença. Todavia, o motivo dos pedágios aqui praticados está na incapacidade do Estado em manter as estradas adequadamente trafegáveis. Por falta de gestão, interesse e orçamento, nossas estradas eram, antes dos pedágios, verdadeiras calamidades, se transformando num risco de vida aos usuários. Neste ponto, os pedágios vieram para corrigir um problema histórico e o fizeram. O problema, e nisso o governo atual tem razão, aqui no Rio Grande do Sul os pedágios se tornaram muito caros, em troca de serviços que geralmente não condiziam ou condizem com o preço pago pelos usuários. Sem dúvida, tornava-se urgente corrigir esta falha. Todavia, e aí o atual governo incorre em erro tremendo, picado pela “mosca” da demagogia, muito presente em países subdesenvolvidos como o nosso, se formataram ações contra os pedágios implantados em estradas estaduais e federais ao mesmo tempo, com aberturas de cancelas, discursos populistas inflamados e bandeiras partidárias desfraldadas, além de atos de vandalismo em alguns pontos, sem que o Estado esteja organizado para assumir a tarefa, mais uma vez.

OS PEDÁGIOS E O ESTADO (II)

No caso das estradas estaduais, tão importante e necessário é o pedágio que o governo gaúcho criou uma empresa estatal (mais uma), que já nasceu com enormes dificuldades de caixa (não poderia ser diferente no contexto de um Estado “quebrado”), para administrar a cobrança do mesmo e a manutenção das referidas estradas. No primeiro ponto, acertadamente com valores mais baixos e compatíveis com a realidade nacional. No segundo ponto, sem nenhuma condição, por enquanto, de investir na recuperação e melhoria das estradas. Resultado: os buracos aparecem, crescem e já tomam conta de muitas rodovias, causando riscos de vida às pessoas e prejuízos imensos aos meios de transporte, assim como um enorme custo à sociedade, via encarecimento de fretes, passagens (enquanto reduziram os preços das passagens intermunicipais?) e manutenção de veículos próprios. E a EGR estatal, mesmo cobrando pedágio, não consegue dar conta do serviço que tem diante de si. Mas o pior se começa a perceber, como já era esperado e anunciado, junto às estradas federais. Sem condições nem mesmo de manter as estradas estaduais, a demagogia oficial abriu cancelas de estradas federais (caso do chamado Pólo de Lajeado, entre Pouso Novo e Tabaí, passando por toda a serra da BR 386), entregando à União, sem acertar adequadamente com a mesma a manutenção e melhoria destas estradas. Assim, a falsa alegria de não se pagar pedágio em alguns pontos já está, nem meio ano depois dos fatos, se tornando motivo de grande preocupação e irritação por parte dos cidadãos, pois os buracos (crateras) já se fazem presentes no piso de rodagem, trazendo altos custos e riscos para quem ali trafega. Está na hora de o governo rapidamente ajustar o processo, antes que seja tarde. Reduzir o valor dos pedágios está correto e era necessário. Outra coisa é não ter capacidade para manter as estradas, deixando-as abandonadas, voltando a um subdesenvolvimento que parecia ter ficado no passado. Esse retrocesso nos custará muito caro se nada for feito rapidamente. 

A CRISE DO MUNDO EMERGENTE

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
18/07/2013


A partir da eclosão da atual crise econômico-financeira mundial, em 2007/08, os países desenvolvidos afundaram em processos econômicos recessivos. Tal situação continua até hoje na União Europeia, por exemplo. Enquanto isso, os países emergentes acabaram puxando o mundo, em particular a China! Todavia, essa força emergente se esgota a partir de 2011. E isso, antes mesmo de os países industrializados se recuperarem. Estamos diante de um novo capítulo de uma crise internacional que já dura seis anos. Na China, a média do PIB, que era de 10% ao ano durante a década de 2000, recua para níveis entre 7% a 7,5% desde 2011. O Brasil, no período, vê seu PIB médio cair de 5% (excepcionalmente 7,5% em 2010), para 0% a 3% nos últimos três anos, incluindo 2013. A Índia, que acusava mais de 7% de PIB anual, viu o mesmo cair para 4% ao ano. A Rússia assiste a um recuo de uma média superior a 8% ao ano para menos de 4% nesta segunda década do novo século, e assim por diante. O que estaria provocando este movimento nos países até então vistos, exageradamente é verdade, como a tábua de salvação mundial perante a crise? Em primeiro lugar, está o forte recuo nas exportações dos mesmos, em muitos casos motivado pela valorização de suas moedas. Em segundo lugar, e este mais importante, se encontra a valorização dos salários médios acima da produtividade do trabalho local, por falta de mão de obra capacitada (e esta por deficiência no sistema educacional), fato que aumenta os custos de produção e gera inflação. Em terceiro lugar, ao adotarem a política de valorização do consumo interno, visando substituir o fraco desempenho nas exportações, a maioria destes países (e o Brasil é um caso exemplar) não atentou para o fato de não possuir infraestrutura suficiente para arcar com o aumento da demanda interna. A inflação passou a ser alimentada ainda mais a partir de tal realidade. Em quarto lugar, os governos se mostram ineficientes e absurdamente populistas, comprometendo o futuro do país em favor de ganhos políticos imediatos. Soma-se a isso o desastre na condução da economia no momento em que a realidade se sobrepõe à ilusão. Enfim, o distanciamento das classes políticas em relação a realidade vivida pelo povo, fato que alimentou um contagiante processo de corrupção que vem destruindo as Nações. Assim, não há como transformar a riqueza produzida em desenvolvimento socioeconômico sustentável. A população acordou para tal fato e percebeu que mesmo o voto, numa democracia, já não é mais uma solução e sim apenas uma etapa intermediária de um movimento que precisa ser mais profundo e constante. E tudo isso vem à tona num momento em que os pseudos anos dourados dos países emergentes, vividos na década passada, terminaram. Nesse momento aparece o efeito nefasto da má gestão, irrigada com populismo e demagogia, via enormes custos sociais. Afinal, não há almoço grátis!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Análise Semanal de Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(05/07/2013 a 11/07/2013)

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O POVO CONTINUA SENDO LUDIBRIADO

Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
11/07/2013
Enquanto na economia os juros sobem, a inflação oficial rompe o teto da meta anual, a inflação real dispara, a balança comercial registra um déficit histórico no primeiro semestre, o desemprego bate à porta, a Bovespa despenca, o Real se desvaloriza rapidamente, o endividamento e a inadimplência das famílias e empresas crescem, dados oficiais são maquiados e manipulados, e o mundo nos olha com legítima desconfiança na área, o que o governo nos oferece? Pressionado pela população, via manifestações que superaram até mesmo as de 1992 (quando do impeachment do ex-presidente Collor), oferece encaminhamentos muito pouco críveis. Ou seja, estamos diante de um desgoverno, que perdido na área econômica já há algum tempo, se mostra ainda mais perdido na área política. E a sociedade também tem sua grande parcela de culpa. Parte dela, levada por promessas demagógicas, reelegeu ou elegeu muitas pessoas para os cargos públicos que, sabidamente, eram corruptos, maus gestores e despreparados. Os mesmos continuam usando o coletivo em benefício próprio, pouco atentando para o clamor das ruas (o caso do uso dos aviões da FAB é um exemplo). Ao mesmo tempo, as propostas do Executivo, casuísticas e sem grandes possibilidades de execução, a começar pelo plebiscito absurdo, são meros artifícios para enganar os descontentes, que são hoje a maioria. Paralelamente, o Senado, ao invés de realmente legislar em favor do povo, já tratou de modificar a proposta de lei que direcionava 100% da receita do Pré-Sal para a educação e/ou saúde, agregando um adendo que só permite, agora, que 53% de tal receita efetivamente seja destinada para tais serviços públicos. Enfim, os próprios senadores e deputados federais, que carregam nas costas processos de corrupção de toda ordem, ajudaram a tornar crime hediondo a.... corrupção!!!! E depois queremos que o mundo nos respeite e venha investir no país! Perdemos o respeito e o trem da história nestes últimos anos, muito mais do que a dose histórica que sempre, infelizmente, assolou esse país. As paralisações e manifestações programadas para este dia 11/07 tentam reavivar os clamores populares de junho passado, porém, com uma grande diferença: agora são os sindicatos e centrais sindicais que buscam retomar o pulso do processo, perdido para a população independente. Ora, grande parte de tais sindicatos são manipulados e atrelados aos interesses de alguns poucos e, seguidamente, “fechados” com o atual governo. Portanto, da forma como a coisa se desenha, a população deste país, que pacificamente procurou demonstrar o seu desconforto crescente com a condução político-econômica dos últimos anos, só terá mesmo as eleições presidenciais e gerais de 2014 para mudar, de forma concreta, o rumo desastroso a que o Brasil foi conduzido. Que na hora de votar a memória não seja curta e usemos o voto como um real instrumento de mudança no sentido de reconstruirmos o país, sem cairmos nas ações demagógicas que têm nos ludibriado constantemente.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)

07/07/2013
NOVO DESAFIO: A META FISCAL
O governo federal acaba de informar que irá cortar do orçamento R$ 15 bilhões das chamadas despesas de custeio visando atingir, no final do ano, a 2,3% de superávit primário. A medida é correta, porém, insuficiente para as necessidades do país. Mas a questão principal está na realidade das contas públicas. Nos últimos anos o governo reduziu bastante as receitas, repassando reduções de impostos e outras benesses à sociedade, buscando recuperar o consumo interno a fim de impedir que a crise mundial paralisasse o crescimento econômico do país. O objetivo foi válido, porém, acabou não surtindo o efeito desejado, pois a economia pouco cresceu desde 2011. Todavia, o problema grave da medida foi que, além do mercado interno ter esgotado sua capacidade de consumo, pelo alto endividamento e inadimplência, o gasto público aumentou, elevando o rombo da dívida pública. Ou seja, o governo reduziu receitas e aumentou despesas no período. Agora, corre atrás tentando suavizar um problema detectado inclusive no exterior. Afinal, as medidas adotadas levaram a processo de maquiagem da realidade econômica, desenvolvido particularmente a partir do final de 2012. Assim, o governo obrigou o BNDES a distribuir dividendos para a União (seu acionista) com valores acima do normal. Ora, esses superdividendos são a principal fonte de receita do Tesouro Nacional para reforçar o caixa do governo e melhorar o superávit primário das contas públicas (que é a economia feita para o pagamento de juros da dívida). Os analistas do mundo inteiro perceberam a manobra contábil feita pelo governo e desencadearam um processo de desconfiança generalizado. O mesmo levou à saída de dólares do país, a disparada da desvalorização do Real, a alta dos preços dos importados, alimentando a inflação que já vinha em elevação e forçando, logo a seguir, futuras altas dos juros. Com isso a credibilidade do governo Dilma caiu por terra no exterior, assim como cai agora no interior do país. Tudo isso regado a uma grande dose de gastos públicos desnecessários (Copa do Mundo e outros) e a alta e constante corrupção. Para piorar, tais manobras contábeis não possuem nenhum efeito fiscal efetivo. É por isso que, agora, timidamente, o ministro Mantega anuncia. Resta saber qual o fôlego que terá o corte nos gastos de custeio do setor público, num momento em que se aproxima nova eleição presidencial.

NOVO DESAFIO: A META FISCAL (II)
É importante dizer que a atual ação nasce pelo susto que a mobilização popular vem provocando em Brasília e pelo recado do mercado internacional. Todavia, o “pacto de responsabilidade fiscal”, como tal movimento é batizado pelo governo, é de difícil execução. Mesmo porque o governo fragilizou os bancos públicos, e particularmente a Caixa Econômica Federal, ao obrigá-los a subsidiar, inclusive em juros, os ditos programas sociais implantados, especialmente o Minha Casa Minha Vida e, agora, a Bolsa para a compra de eletrodomésticos e móveis. Dessa forma, para não deixar a Caixa afundar em crise, assim como o BNDES afunda, a mesma receberá um aporte de R$ 8 bilhões do Tesouro Nacional o qual permitirá “o pagamento dos dividendos”. Essa injeção de recursos, na verdade, “foi autorizada a título de cobertura do subsídio e dos riscos de inadimplência da Caixa com o novo Minha Casa Melhor (programa de crédito para a compra de eletrodomésticos e móveis que, irresponsavelmente mais uma vez, libera dinheiro apenas com um telefonema do interessado) (cf. Jornal do Comércio, 01/07/2013). Ou seja, as ações mal construídas e executadas anteriormente, embora interessantes na sua essência, acabam aumentando o rombo do déficit público e comprometem a própria sobrevivência de bancos como o BNDES e a Caixa Federal. Em resumo, se o governo realmente desejar arrumar a economia do país, terá que alterar a forma de gerenciar as contas públicas e ir mais longe no corte dos gastos estatais. Dito de outra forma, do jeito que deixou a nossa economia, o governo terá que partir para o realismo econômico, mesmo que isso tenha um elevado custo político e, infelizmente, social. Essa é a conta a ser paga pela demagogia do “nunca antes neste país”. 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Análise Semanal dos Mercados da Soja, do Milho e do Trigo

(28/06/2013 a 04/07/2013)

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quinta-feira, 4 de julho de 2013

BALANÇA COMERCIAL: UM PÉSSIMO SEMESTRE

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
04/07/2013


Terminado o primeiro semestre de 2013 e duas importantes constatações podem ser feitas em relação ao comportamento do comércio exterior brasileiro. Em primeiro lugar, e o mais importante, os resultados mostram que registramos o pior primeiro semestre nos últimos 18 anos. Em segundo lugar, os dados de junho confirmam uma recuperação no saldo comercial, após os péssimos resultados dos primeiros quatro meses. No que diz respeito ao primeiro ponto, os primeiros seis meses do ano fecharam com exportações somando US$ 114,5 bilhões e importações em US$ 117,5 bilhões. Portanto, o saldo comercial no período foi negativo de US$ 3,0 bilhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, as exportações no semestre recuaram 2,3% ou US$ 2,7 bilhões. Já as importações cresceram 6,7% ou US$ 7,4 bilhões. Nesse contexto, o saldo comercial brasileiro, nos primeiros seis meses do ano de 2012 foi de US$ 7,06 bilhões contra o resultado negativo visto acima no mesmo período de 2013. Há uma defasagem, portanto, de US$ 10 bilhões entre as duas performances. No acumulado de 12 meses (julho a junho), as exportações do período 2012/13 recuaram 5,91% (US$ 15,07 bilhões) enquanto as importações recuaram apenas 0,22% (US$ 515 milhões). Assim, o saldo comercial em 12 meses recuou 60,9% (US$ 14,6 bilhões). Quanto ao segundo ponto, registre-se que o mês de junho acusou um saldo comercial de US$ 2,39 bilhões, após US$ 758 milhões em maio. Esta melhoria está muito associada a entrada na contabilidade das exportações de soja e seus preços externos atraentes. Mas outro aspecto merece consideração: as importações recuaram, em relação a maio, em US$ 2,23 bilhões, situação somente comparável ao recuo de US$ 3,18 bilhões ocorrida em fevereiro com relação a janeiro. É provável que, após a forte desvalorização do Real, ocorrida a partir de 14 de maio, os resultados de junho estejam apoiados nesse movimento cambial que, aliás, ainda perdura. Mas a tendência de uma revalorização do Real neste segundo semestre não é descartável, embora a mesma dependa de uma recuperação na confiança dos investidores e aplicadores internacionais em relação à condução da economia nacional. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o Banco Central brasileiro já está revisando suas projeções para o saldo comercial ao final de 2013, cortando as mesmas em mais da metade. Dito de outra maneira, de uma projeção anterior ao redor de US$ 15 bilhões de saldo comercial, as autoridades econômicas brasileiras já admitem fechar o ano com um saldo de tão somente US$ 7,0 bilhões. Se isso vier a ocorrer, será o pior saldo comercial anual desde 2001, quando atingimos US$ 2,68 bilhões.

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