Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
11/07/2013
Enquanto na economia os juros sobem, a inflação oficial
rompe o teto da meta anual, a inflação real dispara, a balança comercial
registra um déficit histórico no primeiro semestre, o desemprego bate à porta,
a Bovespa despenca, o Real se desvaloriza rapidamente, o endividamento e a
inadimplência das famílias e empresas crescem, dados oficiais são maquiados e
manipulados, e o mundo nos olha com legítima desconfiança na área, o que o governo
nos oferece? Pressionado pela população, via manifestações que superaram até
mesmo as de 1992 (quando do impeachment do ex-presidente Collor), oferece
encaminhamentos muito pouco críveis. Ou seja, estamos diante de um desgoverno,
que perdido na área econômica já há algum tempo, se mostra ainda mais perdido
na área política. E a sociedade também tem sua grande parcela de culpa. Parte
dela, levada por promessas demagógicas, reelegeu ou elegeu muitas pessoas para
os cargos públicos que, sabidamente, eram corruptos, maus gestores e
despreparados. Os mesmos continuam usando o coletivo em benefício próprio,
pouco atentando para o clamor das ruas (o caso do uso dos aviões da FAB é um
exemplo). Ao mesmo tempo, as propostas do Executivo, casuísticas e sem grandes
possibilidades de execução, a começar pelo plebiscito absurdo, são meros
artifícios para enganar os descontentes, que são hoje a maioria. Paralelamente,
o Senado, ao invés de realmente legislar em favor do povo, já tratou de
modificar a proposta de lei que direcionava 100% da receita do Pré-Sal para a
educação e/ou saúde, agregando um adendo que só permite, agora, que 53% de tal
receita efetivamente seja destinada para tais serviços públicos. Enfim, os
próprios senadores e deputados federais, que carregam nas costas processos de
corrupção de toda ordem, ajudaram a tornar crime hediondo a.... corrupção!!!! E
depois queremos que o mundo nos respeite e venha investir no país! Perdemos o
respeito e o trem da história nestes últimos anos, muito mais do que a dose histórica
que sempre, infelizmente, assolou esse país. As paralisações e manifestações
programadas para este dia 11/07 tentam reavivar os clamores populares de junho
passado, porém, com uma grande diferença: agora são os sindicatos e centrais
sindicais que buscam retomar o pulso do processo, perdido para a população
independente. Ora, grande parte de tais sindicatos são manipulados e atrelados
aos interesses de alguns poucos e, seguidamente, “fechados” com o atual governo.
Portanto, da forma como a coisa se desenha, a população deste país, que
pacificamente procurou demonstrar o seu desconforto crescente com a condução
político-econômica dos últimos anos, só terá mesmo as eleições presidenciais e
gerais de 2014 para mudar, de forma concreta, o rumo desastroso a que o Brasil foi
conduzido. Que na hora de votar a memória não seja curta e usemos o voto como
um real instrumento de mudança no sentido de reconstruirmos o país, sem cairmos
nas ações demagógicas que têm nos ludibriado constantemente.