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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(21/02/2014 a 27/02/2014)

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TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
01/03/2014

SOCHI (RÚSSIA) E A COPA DO MUNDO NO BRASIL
É notório que o governo brasileiro, no afã populista da política de então, calculou mal os efeitos de sediar uma Copa do Mundo, quando em 2007 insistiu para ser contemplado com a escolha da FIFA. O que muitos alertavam na época vai rapidamente se confirmando quanto mais nos aproximamos da data de início do torneio mundial de futebol. O governo, por questões políticas, insistiu para termos 12 sedes de jogos, contra oito solicitadas pela FIFA. Os gastos com a construção somente dos estádios extrapolaram em muito o inicialmente calculado, beirando hoje os R$ 9 bilhões. As obras de infraestrutura, vendidas na ocasião como perfeitamente factíveis e operacionais para a abertura dos jogos, estão 80% atrasadas e muitas nem saíram do papel ainda. A promessa presidencial de que não haveria dinheiro público investido na construção e reconstrução de estádios se revelou uma mentira. E a vinda de estrangeiros para assistir ao Mundial, considerando as reservas hoteleiras, está 50% menor do que o esperado a quatro meses do início dos jogos. Enquanto isso, a população brasileira acordou e percebeu que os recursos que faltam para a saúde, educação e outras necessidades básicas, sobram para construir estádios de futebol, muitos dos quais “elefantes brancos” sem nenhuma serventia assim que terminar a Copa, em meados de julho. Isso é o que já se constata! Falta verificar o que virá após o evento! E não é nenhuma surpresa, pois todos os torneios recentes desta envergadura, inclusive as Olimpíadas, deixaram este nefasto legado quando realizados, particularmente junto a países emergentes ou subdesenvolvidos. Sochi (Rússia) que acaba de sediar os Jogos Olímpicos de Inverno, vive tal realidade.

SOCHI (RÚSSIA) E A COPA DO MUNDO NO BRASIL (II)
Segundo reportagem do jornal francês Le Monde (10/02/2014), para a grande maioria dos russos tais jogos serviram apenas para tentar beneficiar o governo Putin. Para 38% da população local os jogos tiveram um custo altíssimo (R$ 11,6 bilhões pelo câmbio atual, ou seja, quatro vezes mais do que os britânicos gastaram para realizar os Jogos Olímpicos de Verão dois anos antes). Além disso, somas enormes foram roubadas no transcorrer do processo. A edificação de uma nova capital do Cáucaso (Sochi) acabou se revelando uma farsa. Bairros e cidades inteiras foram deslocados, paisagens e meio ambiente destroçados, com um alto custo social. Paralelamente, a economia russa está longe de merecer medalhas. O rublo sofre forte desvalorização (5% em poucas semanas), a inflação escapa ao controle oficial (6,5% em 2013), o preço do petróleo, fonte nacional de riqueza, já há algum tempo estagnou no mercado mundial, e o crescimento da economia é baixo, projetado em apenas 1,3% para 2013 (em 2007, quando Sochi foi escolhida como sede dos Jogos de Inverno, a Rússia crescia 8% ao ano graças aos elevados preços do petróleo). Não há investimentos em infraestrutura e tampouco na indústria local, a ponto de, nos últimos 20 anos, o setor industrial russo se tornar obsoleto. Assim como a modernização do país não ocorreu, apesar das promessas em torno dos Jogos, também há forte saída de dólares (US$ 62,7 bilhões em 2013) e investidores do país, preocupados com a realidade econômica local. Dito de outra maneira, a economia russa está em ponto-morto. A produção industrial cresceu apenas 0,3% em 2013.  

SOCHI (RÚSSIA) E A COPA DO MUNDO NO BRASIL (III)
Enfim, os russos se deram conta que Sochi nada lhes trouxe de concreto passados os jogos, enquanto as perspectivas econômicas do país continuam sombrias. Não há uma retomada dos investimentos externos, a credibilidade do país é baixa, a indústria não tem forças para se recuperar e a produtividade do trabalho é reduzida. Neste quesito, enquanto os salários do setor público russo (que emprega 30% da população ativa do país) aumentaram, a produtividade do operário russo equivale a tão somente 45% de seus concorrentes europeus. Enquanto isso, a população em idade de trabalhar diminui. Diante de tal contexto, não é de estranhar que boa parte da população da Ucrânia se revoltou nestes últimos tempos quando o seu governo (já deposto) acenou com a possibilidade de seguir o modelo russo em detrimento da aproximação, e futuro ingresso, do país na União Europeia. Guardadas as especificidades de cada país, em termos econômicos e sociais o que ocorreu em Sochi, e o que vem ocorrendo com a Copa do Mundo no Brasil (e as futuras olimpíadas do Rio de Janeiro), não é mera coincidência.


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

CREDIBILIDADE ECONÔMICA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
27/02/2014


A ação econômica do governo brasileiro tem sido temerária e, por diversas vezes, inconseqüente, desde 2010/11. Quando partiu, acertadamente, para estimular o consumo interno visando enfrentar a crise internacional, o governo errou em não realizar igualmente ajustes econômicos nos gastos públicos, priorizando os investimentos e reduzindo substancialmente a manutenção da máquina. Resultado, as obras de infraestrutura pouco andaram, as reformas estruturais não ocorreram, repetindo os governos passados, e o inchaço da máquina pública continuou, com o governo gastando mais do que arrecadando, além de gastar muito mal na maioria dos casos. Em pouco tempo, a equipe econômica, diante da desconfiança mundial com o conduzir do processo, se lançou, como todo amador que se preza, a maquiar os dados econômicos do país e a fazer discursos ufanistas (seguindo a linha argentina, venezuelana e de outros tantos). Daí ao mercado mundial desacreditar no país e no atual governo foi um passo (final de 2012). Para piorar, a presidente da República manteve a equipe econômica que assim vinha agindo, concordando com suas ações. Desta forma, o país perdeu a credibilidade mundo afora e os investimentos internacionais (e mesmo nacionais) recuaram. A economia bloqueou e o governo se viu obrigado a aumentar ainda mais os gastos públicos, piorando o déficit e perseverando no erro central de gastar pouco e de forma desorganizada em investimentos e muito na manutenção da máquina pública, sem falar na continuidade da corrupção desenfreada. Assim, o país chega ao final de 2013 com a dívida pública bruta atingindo a 59% do PIB e em crescimento. As agências de risco informam que irão rever para baixo a nota brasileira. O governo, assustado com os erros cometidos e ignorados, ainda no ano passado promete fazer economia (superávit primário, um dos três pilares da estabilidade econômica desde 1999), porém, fracassa ao não atingir a meta estabelecida. A realidade econômica desmonta o discurso otimista oficial e coloca os brasileiros em dificuldades crescentes, enquanto o mundo classifica o Brasil como o país mais vulnerável dentre os emergentes nesse início de 2014. Resultado: o governo anuncia agora um superávit primário de 1,9% do PIB para este novo ano (muito baixo – é a menor economia que se fará desde 1998 -, porém, factível diante da realidade nacional). Isso levará a cortes orçamentários ao redor de R$ 44 bilhões (ainda muito pouco, mas 2014 é um ano eleitoral e o amadorismo busca a reeleição). Ao mesmo tempo, projeta um crescimento econômico de 2,5% para este ano (contra algo entre 2% e 2,5% em 2013), enquanto o mercado já o calcula em apenas 1,8%. O fato é que se busca a retomada da credibilidade econômica jogada fora. Enquanto isso, o mercado, mesmo diante de projeções mais realistas e factíveis, ainda desconfia se tais anúncios não ficarão apenas nas boas intenções, como tem ocorrido nos últimos anos. A resposta virá nos próximos meses!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(14/02/2014 a 20/02/2014)

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CÂMBIO E CLIMA SUSTENTAM O PREÇO DA SOJA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
19/02/2014

Após fechar o mês de janeiro/14 na média de US$ 12,95/bushel, o primeiro mês cotado em Chicago bateu em US$ 13,61 no dia 18/02. Isso representa uma alta de 5,1% nos primeiros 18 dias de fevereiro. Tal comportamento externo se deve ao fato de que o mercado começa a contabilizar as perdas na atual safra da oleaginosa na América do Sul. De um total de 161 milhões de toneladas esperadas, já se projeta um volume menor entre 5 a 10 milhões de toneladas. A forte estiagem e calor neste verão do Hemisfério Sul é a principal causa da modificação na tendência dos preços internacionais da soja, no momento. Nesse contexto, o Brasil já não será o maior produtor mundial do produto, como se esperava, pois as novas projeções dão conta de uma safra total ao redor de 87 milhões de toneladas, podendo ser ainda menor do que isso, contra uma projeção inicial de até 90 a 92 milhões de toneladas, considerando a área semeada. Na Argentina, o número de 54 milhões de toneladas se torna o mais provável e não os iniciais 57 milhões. Esse comportamento das cotações em Chicago favoreceu a uma recuperação nos preços nacionais e gaúchos da oleaginosa nestas últimas semanas. O balcão gaúcho, por exemplo, fechou a última semana na média de R$ 63,94/saco, após ter alcançado cerca de R$ 60,50/saco em meados de janeiro passado. Um ano antes a soja valia R$ 57,16/saco. Assim, hoje o saco vale R$ 6,78 a mais enquanto o bushel perdeu, no período, 7,4% de seu valor. Portanto, o que realmente está sustentando o preço atual da soja no Brasil é o câmbio, pois tivemos nos últimos 12 meses uma forte desvalorização do Real. Isso porque o bushel de soja em Chicago, um ano atrás, estava cotado a US$ 14,70. Ou seja, atualmente, mesmo com a recuperação destas últimas semanas, Chicago ainda cota a soja US$ 1,09 a menos do que há um ano. E se não fossem as perdas na América do Sul, a tendência até o início deste mês de fevereiro confirmava uma cotação de “apenas” US$ 12,00 a US$ 12,50/bushel daqui em diante. Por sua vez, atualmente o câmbio está em R$ 2,39 por dólar, contra R$ 1,95 em fevereiro de 2013. Estamos, portanto, diante de uma desvalorização de 22,5% em um ano. Para se ter uma ideia do que isso significa, se o câmbio não tivesse mudado, o preço de balcão da soja gaúcha, hoje, levando-se em conta a atual cotação em Chicago e mantendo-se as demais variáveis, seria de apenas R$ 53,00, ou seja, uma diferença para menos superior a R$ 10,00/saco.    


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

2014 SEM NOVIDADES: A BOLHA IMOBILIÁRIA

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
20/02/2014

Não é de hoje que os alertas ocorrem sobre o surgimento de uma importante bolha imobiliária no Brasil a partir do lançamento do programa federal Minha Casa Minha Vida. Aproveitando-se do programa o preço dos imóveis em geral se multiplicou diversas vezes, assim como dos terrenos sobre os quais os mesmos são construídos. Em alguns casos chega-se ao ponto do terreno valer mais do que o próprio imóvel que está sobre ele. Desde 2012 tal mercado parece ter chegado ao pico, iniciando um processo de descida, a qual tende a se acelerar a partir deste ano de 2014, consolidando o estouro da bolha, especialmente para quem investiu com o intuito de especular no setor. Um interessante estudo, usando metodologias econométricas multivariadas e a teoria das bolhas monetárias, vem confirmar nossos alertas. O mesmo foi divulgado há quase um ano, porém, parece ter recebido pouca atenção no país (cf. Prof. Dr. Luciano D´Agostini, Revista Economistas-Cofecon, abril/2013, pp. 6-11). Em síntese ele diz o seguinte: 1) o Brasil está com preços dos imóveis contaminados; 2) existem antecedentes que formaram a bolha imobiliária advindos do front nacional e internacional e que, combinados, geram dinâmicas não equilibradas para os consumidores e o setor desde 2010; 3) a bolha de demanda, oferta e de crédito, combinou-se no Brasil entre 2007-2012 e observamos a hiperinflação dos bens do setor imobiliário bem acima da inflação usual/básica da economia; 4) evidências comportamentais dos agentes econômicos indicam que existem ajustes a partir de agora na medida em que desde 2012 se nota uma falta de dinamismo do movimento altista de preços no país; 5) pode existir a manutenção de preços mas que paralisa o setor ou pode haver queda de preços caracterizando uma bolha de fraca à fortíssima; 6) se detecta que a taxa de crescimento do crédito às famílias também é maior do que a taxa de crescimento da renda, fato que confirma que existe perda do poder de compra do salário em relação ao “ativo imóvel”; 7) como não existe relação de equilíbrio de longo prazo entre inflação imobiliária e inflação dos salários, o poder de compra dos salários, em relação ao preço dos imóveis, já havia diminuído pela metade no início de 2013, “piorando na sequência”; 8) assim, estaríamos iniciando um período em que os preços dos imóveis e aluguéis estão maximizados e cotados a preços que a população brasileira não pode pagar pelos atuais salários que recebe; 9) portanto, existem claros riscos internos e externos para que a bolha imobiliária, que começou a estourar em 2013, murche ainda mais até 2016; 10) enfim, o setor entrará na fase “de graves problemas” e o governo deve se preocupar, pois a luz vermelha acendeu.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Análise Semanal de Mercados da Soja, Milho e Trigo

(07/02/2014 a 13/02/2014)

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
15/02/2014

O CRÉDITO DIRECIONADO NO BRASIL
Não é de hoje que se sabe que, apesar de muitas ideias serem boas, a execução econômica das mesmas, no Brasil, tem sido desastrosa. Um pouco por incompetência, outro pouco por demagogia populista que alimentou para além do viável a lógica do intervencionismo estatal, e outro tanto por visão de curto prazo (eleitoral), o fato é que neste início de 2014 o Brasil passou a compor um novo grupo de países. Apelidado de “os frágeis” esse grupo, além do Brasil, conta com a participação da África do Sul, Indonésia, Índia e Turquia. A fragilidade do mesmo, aos olhos dos investidores internacionais, está no fato de que suas economias acabaram ficando fortemente dependentes dos recursos externos oriundos particularmente do pacote de apoio instituído pelos EUA e que, agora, vem sendo retirado aos poucos (de uma injeção mensal de US$ 85 bilhões o mesmo já está em US$ 65 bilhões e deverá diminuir ainda mais nos próximos meses caso a economia norte-americana continue a indicar recuperação). A situação é tão grave, embora por aqui, ao escutar os discursos oficiais, parece estarmos em outro mundo, que o Relatório do FED (Banco Central dos EUA), divulgado nesta semana, destaca o Brasil como um dos emergentes mais vulneráveis no atual cenário internacional. E olha que os avisos aqui no Brasil proliferaram a esse respeito desde o estouro da grande crise mundial em 2007/08. Todavia, o governo não os escutou, caminhando no sentido inverso no que tange, sobretudo, aos ajustes das contas públicas, as reformas estruturais, e ao controle das receitas em relação aos gastos estatais onde a tônica continuou sendo manter a máquina pública inchada ao invés de avançar em investimentos de infraestrutura consequentes. Pois a conta está chegando para a população brasileira, em pleno ano eleitoral.

O CRÉDITO DIRECIONADO NO BRASIL (II)
Nesse contexto, um dos maiores problemas se chama “crédito direcionado”. Ou seja, o governo federal decidiu turbinar o BNDES para combater a crise, usando-o para distribuir crédito direcionado a alguns setores da economia, em muitos casos subsidiado, reduzindo a atuação do Banco Central em defesa da moeda e da economia. Sem moderação, os subsídios via crédito direcionado explodiram no país. Em 2007 o Brasil tinha R$ 270 bilhões nessa modalidade, o que representava 35% do estoque de financiamento do país. Somente nos últimos quatro anos o governo colocou R$ 300 bilhões no BNDES, sendo que em novembro passado pôs mais R$ 24 bilhões. “Esse dinheiro pesa nas finanças públicas, pois o Tesouro precisa emitir títulos públicos para fazer os aportes no Banco de Desenvolvimento, levando a dívida bruta da União – um dos indicadores mais observados pelas agências internacionais de risco – a subir fortemente. Nesse início de 2014 o endividamento bruto do Brasil estava em 59% do PIB, um dos mais altos entre os países emergentes.” (cf. Jornal do Comércio, 08/01/2014, p.6).


O CRÉDITO DIRECIONADO NO BRASIL (III)

E o mais grave nisto tudo é que grande parte deste crédito direcionado não está indo para investimentos e sim para o consumo direto, o que alimenta a inflação e não gera infraestrutura para consolidar um futuro melhor ao país. Ora, tal realidade coloca em risco o controle da inflação pela principal arma que o Banco Central possui, que é o aumento da Selic. Isso porque, cerca de R$ 1,16 trilhão em circulação no país, ou 44% dos financiamentos, não eram atingidos pelas ações do BACEN neste início de ano por estarem na condição de crédito subsidiado direcionado. Obviamente com total apoio do empresariado nacional favorecido por tais recursos, que tem sido uma relativa minoria. Como o crédito direcionado tem na TJLP o seu juro de referência, e este está em apenas 5% ao ano, para corrigir o rumo uma das medidas seria aumentar esta taxa de juros. Afinal, quanto maior for a diferença entre a TJLP e a Selic mais o governo estará enfraquecendo o Banco Central. O problema é que isso irá encarecer os investimentos. Um dos caminhos seria exercer um melhor controle sobre o uso de tais recursos, o que está longe de acontecer. O mundo acompanha isso e não é por nada que nos coloca como uma das economias emergentes mais frágeis na atualidade. Daí a perdermos as conquistas econômicas obtidas com a estabilidade o passo é curto. E antes de 2015 dificilmente algo será feito para corrigir o rumo!    

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

2014 SEM NOVIDADES: AS BOLHAS ESTOURAM

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
13/02/2014

No contexto da economia nacional, 2014 inicia com forte pressão sobre determinadas bolhas econômicas geradas a partir de 2010, quando o país buscou enfrentar a grande crise mundial via o aumento do consumo interno. A ideia, embora correta, não poderia ir muito longe, pois foi executada sobre bolhas econômicas que, ao estourarem, fecham a porta para o modelo. Na área do consumo de bens duráveis, por exemplo, é óbvio que ninguém vai trocar de automóvel, eletrodoméstico ou outro bem qualquer todos os anos. Especialmente após assumir uma dívida de meses para pagar o produto. Assim, em pouco tempo o mercado freia. Ligado a isso se encontra a falta de formação econômico-financeira de grande parte da população brasileira (atualmente, ainda 81% dos brasileiros não fazem nem mesmo a contabilidade familiar). Em pouco tempo o volume de endividamento, seguido de forte inadimplência, explode. Nesse início de 2014 ainda 62,5% das famílias brasileiras (76% na Região Sul) possuíam dívidas, sendo que a taxa nacional de inadimplência chega a 21,2% destes endividados. Com o aumento dos juros, a situação somente piorou desde abril do ano passado, embora o endividamento médio tenha diminuído um pouco em relação a 2012. Dentre os produtos que se viram no centro do estouro desta bolha se encontra o automóvel, motos e utilitários. A segunda bolha, e mais importante ainda, está na falta de infraestrutura nacional para absorver a demanda gerada. Ou seja, o Brasil fez o caminho inverso do recomendável: estimulou o consumo sem ter feito obras de infraestrutura que pudessem absorvê-lo. Agora, nos falta energia elétrica, água, estradas, portos, aeroportos, comunicações, saúde, educação, habitação, segurança e por aí vai. Não há como segurar a inflação em tal situação. Aliás, um caso clássico na economia! E tais investimentos levam anos para maturar! Isso fatalmente levará ao retrocesso parte da população que melhorou de vida materialmente, nos últimos tempos, pela impossibilidade de se manter no nível a que foi catapultada. Mesmo que, para viabilizar parcialmente o processo, o governo tenha (e continue) a subsidiar alguns setores. É o caso da construção civil, através de programas tipo Minha Casa Minha Vida. Esse processo gerou uma terceira e importante bolha, que está prestes a explodir: a do setor imobiliário. Os preços dispararam junto aos terrenos urbanos e às construções, sejam residenciais ou de escritórios, assim como os aluguéis. Ora, nossa economia não é tão rica para suportar por muito tempo tal disparate. Na área dos serviços, por exemplo, o setor hoteleiro, após ter ignorado os avisos, está agora caindo na real, pois nem mesmo os estrangeiros de países ricos aceitam os preços impostos para o momento da Copa do Mundo no Brasil. A conta, hoje, fecha ao redor de 50% de ociosidade estimada no setor para a época do grande evento futebolístico. E o pior será ainda para os anos que virão! Quanto ao setor imobiliário em geral, desde 2010 que se alerta para o problema. Em 2014 ele bate à porta!


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Análise Semanal de Mercados do Dólar, Soja, Milho e Trigo

(20/12/2013 a 06/02/2014)

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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
08/02/2014


“NOVIDADES” ECONÔMICAS PARA 2014
A realidade econômica mundial e brasileira, em 2014, praticamente não traz novidades em relação ao que se vinha indicando nos últimos dois anos. O ano da Copa do Mundo e de eleições presidenciais no Brasil realmente se desenha mais difícil economicamente. Em termos de infraestrutura, pelo pouco que foi feito, e em muitos casos mal feito, mostra o colapso da competitividade dos brasileiros, particularmente no setor industrial. Os novos e importantes apagões no setor energético confirmam cabalmente isso e seria simplista colocar a culpa tão somente no excessivo calor que assola o centro-sul brasileiro neste verão. Tanto é verdade que a indústria brasileira cresceu pouquíssimo em 2013, sendo que o indicador de horas trabalhadas foi o pior desde 2008 (auge da grande crise mundial mais recente). O mesmo caiu 2,5%! Com isso, para 2014 há uma confirmação de que a indústria nacional, mais uma vez, pouco irá crescer. A CNI, por exemplo, acredita que um crescimento de 2% no corrente ano já é uma expectativa otimista. Como a indústria é o carro-chefe para puxar o PIB de um país (nestes últimos tempos o Brasil tem ficado essencialmente na dependência do agronegócio para tal desempenho), não é de surpreender que, após um PIB ao redor de 2,3% em 2013 (estimativa), o mercado aponte para um crescimento econômico ainda menor em 2014, ou seja, um PIB projetado de tão somente 1,9%. Mas outras “novidades” merecem destaque.

“NOVIDADES” ECONÔMICAS PARA 2014 (II)
Após um 2013 no negativo a balança comercial brasileira iniciou o novo ano com um déficit ainda maior (é bom esclarecer que oficialmente o Brasil encerrou 2013 com um superávit comercial de apenas US$ 2,56 bilhões, ou seja, um recuo de 86,9% em relação a 2012, porém, na prática o saldo comercial verdadeiro foi muito pior, pois negativo em US$ 5,18 bilhões porque, com sua contabilidade criativa, o governo considera como exportadas as plataformas petrolíferas construídas em território nacional e que aqui ficam sendo utilizadas, as quais somaram um valor de US$ 7,74 bilhões). E isso que o Real sofreu forte desvalorização (14,5%) a partir de maio passado, saindo de R$ 2,00, na oportunidade, para R$ 2,34 no final do ano. Pois somente em janeiro de 2014 o saldo negativo do comércio exterior já foi de US$ 4,06 bilhões, um novo recorde histórico. Na falta de produtos agropecuários suficientes para exportar, e diante do marasmo industrial, somados as fortes importações gerais que realizamos, inclusive de combustíveis, deixam evidente, como pano de fundo, a baixa competitividade de nossa economia. E isso não irá melhorar nestes próximos anos, pois a mesma requer reformas estruturais profundas, a começar pelo funcionamento e gastos do Estado. Como nada foi feito nestes últimos 10 anos nesse sentido, e os gastos públicos para a manutenção da máquina estatal aumentaram, o gargalo aperta ainda mais num momento em que o mundo começa a sair da grande crise de 2007/08. A política de curto prazo oficial (se limitando a apagar incêndio enquanto se usufruía da estabilidade conquistada com o Plano Real) começa a transferir seus custos à sociedade brasileira. Uma falta de gerenciamento público calamitosa.

“NOVIDADES” ECONÔMICAS PARA 2014 (III)

Precisamos reagir urgentemente se não quisermos ter mais uma década “perdida”, pois outra “novidade” econômica, agora de cunho internacional, nos indica, a partir de análise do Nobel de Economia Paul Krugman, aquilo que se desconfiava: “...o estouro de uma bolha dos países emergentes. (....) sendo que as crises financeiras têm ficado mais próximas umas das outras e com resultados mais severos, com efeitos piores após cada uma delas.” Não é por nada que, diante das dificuldades internas nacionais e da perda de credibilidade perante o mundo, ocorrida justamente pela maquiagem de estatísticas econômicas e ações de pouco resultado concreto, no horizonte do crescimento nacional, que finalmente a presidente do Brasil se apresentou em Davos (Suíça), neste janeiro passado, com um discurso buscando convencer os investidores mundiais para que voltem a acreditar mais no país. Se nossa política econômica fosse mais objetiva, séria e sem populismo não haveria necessidade de correr atrás do tempo perdido (são, pelo menos, sete anos de derrapagens econômicas). Diante de tudo isso, a melhor notícia mesmo nos veio da própria população brasileira. A mesma parece estar aprendendo a não acreditar em fantasias e inicia o ano com menos dívidas e aumentando sua poupança. Isso é um sinal de amadurecimento importante da mesma, embora haja muito ainda para ser feito nesta área. Afinal, pesquisa realizada pelo SPC neste início de ano indicou que assombrosos 81% dos brasileiros responderam ter pouco ou nenhum conhecimento sobre como fazer o controle das finanças pessoais. Isso explica porque os “pacotes” sociais do governo, nos últimos anos, não estão gerando um real desenvolvimento. Os mesmos, na prática, embora importantes na origem, alcançam uma sociedade despreparada economicamente, causando endividamento e inadimplência social, fato que explica o rápido esgotamento do modelo de crescimento baseado no consumo interno. O pior ainda é que, para manter o que eufemisticamente vem sendo chamado de “avanços sociais”, o governo se vê obrigado a subsidiar quase que integralmente o processo, comprometendo a eficiência de empresas estatais e fazendo “vistas grossas” ao iminente estouro desta bolha. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

2014 SEM NOVIDADES: TRÊS EIXOS PREOCUPANTES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
06/02/2014

Findo o primeiro mês de 2014 as notícias econômicas que se consolidam entram na linha do que se previa no ano passado. Em se tratando de mundo, os países desenvolvidos começam a sair da grande crise que se iniciou em 2007/08, com os EUA despontando após um PIB de 1,9% no ano passado, enquanto os países emergentes amargam cada vez mais dificuldades, particularmente o Brasil. Os países que apostaram em governos populistas, que aceleraram o intervencionismo estatal em suas economias (Venezuela, Argentina, Bolívia...), fracassam e entram em um processo de crise estrutural de longo prazo e altíssimo custo social. Enfim, os países que sanearam, mesmo que parcialmente, suas economias internas, avançam no vácuo de recuperação que os grandes começam a produzir, caso do Chile, Peru, Coreia do Sul, México... O Brasil, fazendo parte do segundo bloco de países citados, vê sua economia continuar crítica e com tendência a piorar no transcorrer do novo ano, indicando um 2015 ainda mais difícil. Nada de novo em relação aos alertas feitos no ano passado e mesmo antes. Os erros na condução de nossa economia se somam e seus efeitos se cristalizam em torno de três eixos: inflação persistentemente alta; contas internas e externas em deterioração; e cada vez menor credibilidade da política econômica, agora não somente no exterior (motivo principal da Bovespa ter encerrado 2013 com o pior resultado do mundo, consolidando perda de 15,5% e, somente em janeiro/14, já ter perdido mais de 10%), mas também no interior (a confiança do empresariado brasileiro recuou para 10% no final de 2013 contra 48% no primeiro trimestre do mesmo ano). A contabilidade criativa do governo (maquiagem de dados) já não engana ninguém, pois a realidade mostra o que o discurso político tenta esconder: a situação econômica do Brasil vem piorando desde 2006, com forte agravamento nestes últimos três anos por optarmos pelo dirigismo estatal com forte dose de incompetência, deixando de fazer as reformas estruturais necessárias. Isso nos leva a perder o trem da retomada econômica mundial que se inicia. Diversos dados econômicos corroboram tal tendência. O PIB, após 2,7% em 2011 e 1% em 2012, teria ficado em 2,3% em 2013, quando no início do ano o governo projetava 4% a 4,5%. Para 2014, ano de eleições em que não se acredita em grandes mudanças num governo enfraquecido há algum tempo, o mercado aponta para um PIB de apenas 1,9%. A inflação (IPCA), após 6,5% em 2011 e 5,84% em 2012, terminou 2013 em 5,91%, estando projetada em 6% para 2014 (sem falar que a inflação real está muito superior ao índice oficial, inclusive na cesta básica), enquanto o objetivo anual é 4,5%. Infelizmente, outros números escancaram esta realidade a qual exige muita precaução de todos nós. Nos próximos comentários estaremos analisando-os.


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