Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
13/02/2014
No
contexto da economia nacional, 2014 inicia com forte pressão sobre determinadas
bolhas econômicas geradas a partir de 2010, quando o país buscou enfrentar a
grande crise mundial via o aumento do consumo interno. A ideia, embora correta,
não poderia ir muito longe, pois foi executada sobre bolhas econômicas que, ao
estourarem, fecham a porta para o modelo. Na área do consumo de bens duráveis,
por exemplo, é óbvio que ninguém vai trocar de automóvel, eletrodoméstico ou
outro bem qualquer todos os anos. Especialmente após assumir uma dívida de
meses para pagar o produto. Assim, em pouco tempo o mercado freia. Ligado a isso
se encontra a falta de formação econômico-financeira de grande parte da
população brasileira (atualmente, ainda 81% dos brasileiros não fazem nem mesmo
a contabilidade familiar). Em pouco tempo o volume de endividamento, seguido de
forte inadimplência, explode. Nesse início de 2014 ainda 62,5% das famílias brasileiras
(76% na Região Sul) possuíam dívidas, sendo que a taxa nacional de
inadimplência chega a 21,2% destes endividados. Com o aumento dos juros, a
situação somente piorou desde abril do ano passado, embora o endividamento
médio tenha diminuído um pouco em relação a 2012. Dentre os produtos que se
viram no centro do estouro desta bolha se encontra o automóvel, motos e
utilitários. A segunda bolha, e mais importante ainda, está na falta de
infraestrutura nacional para absorver a demanda gerada. Ou seja, o Brasil fez o
caminho inverso do recomendável: estimulou o consumo sem ter feito obras de
infraestrutura que pudessem absorvê-lo. Agora, nos falta energia elétrica,
água, estradas, portos, aeroportos, comunicações, saúde, educação, habitação,
segurança e por aí vai. Não há como segurar a inflação em tal situação. Aliás,
um caso clássico na economia! E tais investimentos levam anos para maturar! Isso
fatalmente levará ao retrocesso parte da população que melhorou de vida
materialmente, nos últimos tempos, pela impossibilidade de se manter no nível a
que foi catapultada. Mesmo que, para viabilizar parcialmente o processo, o
governo tenha (e continue) a subsidiar alguns setores. É o caso da construção
civil, através de programas tipo Minha Casa Minha Vida. Esse processo gerou uma
terceira e importante bolha, que está prestes a explodir: a do setor
imobiliário. Os preços dispararam junto aos terrenos urbanos e às construções,
sejam residenciais ou de escritórios, assim como os aluguéis. Ora, nossa
economia não é tão rica para suportar por muito tempo tal disparate. Na área
dos serviços, por exemplo, o setor hoteleiro, após ter ignorado os avisos, está
agora caindo na real, pois nem mesmo os estrangeiros de países ricos aceitam os
preços impostos para o momento da Copa do Mundo no Brasil. A conta, hoje, fecha
ao redor de 50% de ociosidade estimada no setor para a época do grande evento
futebolístico. E o pior será ainda para os anos que virão! Quanto ao setor
imobiliário em geral, desde 2010 que se alerta para o problema. Em 2014 ele
bate à porta!