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segunda-feira, 30 de maio de 2022

SALÁRIO MÍNIMO E COMO NOS GOVERNAM (Final) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Dois outros problemas estruturais, além da elevada tributação, que explicam nosso descalabro entre a renda média dos brasileiros, o baixo salário mínimo e a forma como nossos governos atuam, está no índice de investimentos e nos gastos para manter a máquina pública. No que diz respeito aos investimentos, em 2021 a taxa de investimento público no país foi de apenas 2,05% do PIB, a segunda mais baixa desde 1947. Para crescermos os necessários 4% anuais, e gerar mais empregos e renda, esta taxa deveria ser de, pelo menos, 4,3% do PIB. Sem falar nos investimentos mal feitos. Neste sentido, o Brasil tem quase 7.000 obras públicas paradas (iniciadas entre 2012 e 2021), principalmente em programas habitacionais e educação. E nelas já foram gastos R$ 9,32 bilhões, sendo que a União teria um passivo de R$ 42 bilhões de restos a pagar não transferidos para as prefeituras. Técnicos do Ministério da Economia já calcularam que dificilmente os valores das despesas não obrigatórias, para custeio e investimentos, para 2023, 2024 e 2025 serão suficientes, havendo risco de colapso. Em paralelo, a máquina pública, que em grande parte é ineficiente, nos custa uma fortuna. O Brasil tem, hoje, o segundo Congresso mais caro do mundo, após, apenas, os EUA. Cada um dos 594 congressistas brasileiros (513 deputados federais e 81 senadores), nos custam, anualmente, um total de pouco mais de US$ 5 milhões (ao câmbio de hoje, cerca de R$ 25 milhões). O orçamento para sustentar os congressistas é maior que o de muitos ministérios. Além dos salários e benefícios dos congressistas, o montante serve para pagar mais de 20 mil pessoas que trabalham no Legislativo Federal (cerca de 34 assalariados por congressista), na maioria dos casos “cabide de emprego”. E a produtividade de nosso Congresso é pífia, muitas vezes em favor de causas próprias. Já o Presidente da República gastou, entre 1º de abril e 5 de maio do corrente ano, R$ 4,2 milhões com os cartões corporativos, mantendo tais gastos em sigilo, contrariando promessas de campanha. Ao mesmo tempo, o país tem cerca de 12 milhões de desempregados, 28 milhões de subutilizados, sem contar os milhões na informalidade (40,1% da população ocupada), sendo que, até o início de 2020, antes de a pandemia piorar as coisas, metade da população do país ganhava tão somente R$ 413,00 mensais (cf. IBGE). 

quinta-feira, 26 de maio de 2022

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 20/05/2022 a 26/05/2022


Já está disponível o mais recente informativo da CEEMA-UNIJUÍ.

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segunda-feira, 23 de maio de 2022

SALÁRIO MÍNIMO E COMO NOS GOVERNAM (II) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

A defasagem salarial dos brasileiros, em relação a inflação, portanto, é estrutural, agravada pela recente sequência de governos incompetentes na condução da economia. Trata-se de como quem nos governa administra o país ao longo de nossa história recente. Somos um país rico com uma população, em sua grande maioria, pobre. E parte da explicação, a esse grave problema, está em nosso fraquíssimo crescimento econômico, boa parte inerente à má administração pública. Comecemos pela tributação. É sabido que neste país se paga muito imposto, sem o correspondente retorno dos mesmos em serviços públicos de qualidade. Recente estudo da OCDE mostra que a carga tributária brasileira cresceu para 33,9% do PIB nacional em 2021, o maior patamar em pelo menos 12 anos. Junto às empresas, o Brasil é o segundo país que mais cobra imposto. Na média, as empresas pagam uma alíquota de 34% de imposto, considerando todos os tributos, sendo este percentual 70% superior à média mundial e somente um ponto percentual menor do que o maior cobrador de impostos, que é Malta. Entre 111 países pesquisados, a taxa média é de 20%. Na América Latina e Caribe, em 2021, o Brasil ficou com o segundo lugar na proporção de imposto em relação ao PIB, com 33,1%, abaixo apenas de Cuba, que cobra 42%. Tal realidade encarece os produtos nacionais, elevando a inflação interna; desestimula os investimentos e abre as portas do país para a ilegalidade, gerando maior margem de lucro ao mercado ilegal e impulsiona o contrabando. Os impostos sobre mercadorias brasileiras chegam a ser até cinco vezes o valor do tributo cobrado nos mesmos produtos em outros países, em especial os que fazem fronteira conosco. E os governos, caso também do atual, buscam aliviar essa situação injetando “doses de bondades”, geralmente em véspera de eleições. A redução do IPI e a retirada momentânea do Imposto de Importação entra neste cálculo. Na prática, isso não passa de paliativo imediato. Tais medidas geram problemas fiscais ainda mais profundos logo adiante, com forte potencial inflacionário. Nossa história é rica neste sentido. Somente no atual governo federal, tais medidas já deixam um “prego” de R$ 82 bilhões para o próximo presidente eleito. E esta conta ainda vai aumentar até o final do ano, na medida em que as eleições se aproximem. (segue)

quinta-feira, 19 de maio de 2022

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 13/05/2022 a 19/05/2022


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segunda-feira, 16 de maio de 2022

SALÁRIO MÍNIMO E COMO NOS GOVERNAM (I) (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Entre julho/94 (início do Plano Real) e dezembro/18 (final do mandato tampão do governo Temer) o salário mínimo brasileiro aumentou 1.372%. Ao mesmo tempo, a inflação nacional oficial cresceu 495%. Isso resulta em um ganho real, no salário mínimo, de 877 pontos percentuais no período. No atual governo, entre janeiro/19 e fevereiro/22 o salário mínimo aumentou 21,4%, enquanto a inflação oficial cresceu 21,85%. Ou seja, há uma perda real salarial de 0,45 ponto percentual. Alguns estudos indicam que até dezembro a perda real atingirá a 1,7 ponto. Colabora para isso o fato de o atual governo retirar do cálculo salarial o ganho de produtividade, implantado em 2006, através do acréscimo do crescimento do PIB de dois anos antes ao momento do reajuste. Assim, nos últimos quatro anos o assalariado, e por extensão os aposentados pelo INSS, no Brasil, empobreceram por ação direta da política econômica oficial. Para além disso, o empobrecimento é ainda maior porque a inflação real, que pesa no bolso do cidadão em geral, tem sido muito maior do que o índice oficial nestes últimos anos. E ainda há os efeitos da pandemia da Covid e das secas constantes que parte do Brasil vem sofrendo. Mas o quadro negativo não para aí. O reajuste dos salários em geral vem perdendo para a inflação. Em 2021, 47% das categorias de trabalhadores ficaram com reajuste salarial abaixo da inflação. Em 2022, na data-base de fevereiro, 60,5% dos 119 reajustes realizados ficaram abaixo da inflação. E apenas 24,4% acima da inflação. Esta degradação do poder de compra, freia a dinâmica da economia e impede um avanço do crescimento. Afinal, de que forma o consumo interno pode puxar o PIB se todos os salários dos 95 milhões de ocupados no país, em 2021, representavam menos de um terço do PIB, ou seja, 30,2%, sendo que somente entre 2020 e 2021 a renda do trabalho encolheu R$ 18 bilhões no país. E só não é pior porque as momentâneas transferências de renda do governo vêm ajudando. Porém, a disparada inflacionária, há mais de 12 meses, corrói amplamente esta ajuda emergencial. Assim, para 2022 calcula-se que tal renda recue mais 4% na média do ano. Quem coloca isso na conta da pandemia, e espera melhoras, de forma geral, daqui em diante, sem cogitar mudanças nas causas estruturais deste quadro, pode continuar sonhando. (segue)

quinta-feira, 12 de maio de 2022

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

06/05/2022 a 12/05/2022


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segunda-feira, 9 de maio de 2022

SOJA: A PREJUDICIAL INSTABILIDADE DO MERCADO (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

Nesta última safra os preços nacionais da soja melhoraram mais um pouco, chegando ao seu recorde nominal histórico em reais. Porém, a rentabilidade tem sido menor para uma grande maioria de produtores brasileiros. Isso, mesmo com Chicago se aproximando de seu recorde histórico, quando, a partir do início de março, supera, seguidamente, os US$ 17,00/bushel (lembrando que a média de abril/20 foi de apenas US$ 8,43 e a de abril/21 de US$ 14,65), e os prêmios, em plena colheita brasileira, atingem entre US$ 1,60 e US$ 1,90/bushel. Ocorre que o câmbio mudou de rumo, chegando a perder um Real por dólar, ao se estabelecer ao redor de R$ 5,00 e até bem abaixo disso nos primeiros quatro meses do ano. Enquanto isso, o custo de produção disparou, puxado pelos mesmos fatores que elevaram o preço das commodities, e potencializados pela eclosão da guerra Rússia versus Ucrânia em fevereiro passado. Aqui no Rio Grande do Sul, nesta última safra de soja, o mesmo subiu 51% em termos médios (o aumento no custo dos fertilizantes superou os 100%). Enquanto isso, em termos reais, o Estado gaúcho assistiu o valor médio da soja, recuar. Na última semana de abril/22 ele estava em R$ 186,86/saco, ficando abaixo dos R$ 189,70 que deveria estar. Ou seja, nos 12 meses considerados, não só o aumento nominal do preço da soja foi reduzido (9,3%, com este preço passando de R$ 170,90 para R$ 186,86/saco), como em termos reais, considerando apenas a inflação oficial (IPCA), o poder de compra atual da soja é menor. Isto é, em termos reais, o saco de soja, neste final de abril, valia menos do que um ano atrás. Para piorar o quadro, grande parte da região Centro-Sul do país foi atingida por uma seca, a qual quebrou fortemente a safra. No Estado gaúcho a quebra ficou ao redor de 55%, e entre 70% a 80% em regiões de importante produção, caso do Noroeste, levando a redução de rentabilidade a virar prejuízo. Assim, para a maioria, o que se conseguiu capitalizar na safra 2020/21, graças a relação custo baixo e preços em disparada, se perdeu na safra seguinte pela inversão das variáveis. De forma geral, teria sido melhor se os preços e os custos tivessem se mantido estáveis, na altura do que se vivia antes de tudo que ocorreu nestes últimos dois anos. Dentro da normalidade, as próximas safras mostrarão isso com mais clareza!

quinta-feira, 5 de maio de 2022

ANÁLISE SEMANAL DOS MERCADOS DA SOJA, MILHO E TRIGO

 29/04/2022 a 05/05/2022


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segunda-feira, 2 de maio de 2022

PRODUÇÃO DE LEITE: DESAFIO INTRANSFERÍVEL (Prof. Dr. Argemiro Luís Brum)

No sul do país, e particularmente no Rio Grande do Sul, a atividade leiteira, visando mercado em escala, surgiu como uma alternativa de renda ao binômio trigo-soja, ainda no início dos anos de 1980. Era uma ideia de diversificação da produção, para pequenas e médias propriedades rurais, na lógica de se produzir com mais escala, em menor espaço de terra, já que somente os grãos, na medida em que o governo foi diminuindo seu apoio, não permitiam mais a sobrevivência econômica das mesmas. Muitos não entenderam que ali mudava o tipo de produção, mas não a lógica econômica. O passar dos anos foi mostrando esta realidade. Não bastava apenas diversificar para que a propriedade se viabilizasse. A diversificação precisava igualmente ser profissionalizada e adequada às exigências do mercado, embora apenas isso não fosse parâmetro para a sobrevivência. Como ensinam os países desenvolvidos, deve-se somar a isso a adoção de políticas públicas adequadas que mitiguem a racionalidade econômica, pela qual “eliminar” os menos competitivos é normal. Como a sociedade brasileira não conseguiu resolver tal desafio estrutural (de 2015 para cá as recessões, as secas e a pandemia pioraram ainda mais o quadro), tem-se que, nos últimos sete anos, o Rio Grande do Sul perdeu 52,3% de seus produtores de leite, embora a produção tenha recuado apenas 3,2%. Na região gaúcha de Ijuí, uma das mais importantes bacias leiteiras do país, nos últimos 10 anos 57% dos produtores deixaram a atividade. Dentre os motivos tem-se: as constantes defasagens entre custo de produção e preço final recebido; a falta de mão-de-obra; e a falta de incentivo oficial. Em termos de custos de produção, nos últimos 12 meses encerrados em março/22, viu-se, no Brasil, o Índice de Inflação dos Custos de Produção subir 42,8%, enquanto o Índice de Inflação dos Preços Recebidos pelos produtores se elevou apenas 17,3%. Muitos produtores, especialmente no leite, jamais conseguirão absorvê-la. Ou seja, está mais do que na hora de vencermos o desafio de uma inteligente associação entre a realidade do mercado e as políticas públicas, visando agregar pessoas ao sistema produtivo, e não o contrário. Para tanto, é preciso ter governo e sociedade que desejem trilhar tal caminho. Caso contrário, a exclusão e seu custo social continuarão. 

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