No sul do país, e particularmente no Rio Grande do Sul, a atividade leiteira, visando mercado em escala, surgiu como uma alternativa de renda ao binômio trigo-soja, ainda no início dos anos de 1980. Era uma ideia de diversificação da produção, para pequenas e médias propriedades rurais, na lógica de se produzir com mais escala, em menor espaço de terra, já que somente os grãos, na medida em que o governo foi diminuindo seu apoio, não permitiam mais a sobrevivência econômica das mesmas. Muitos não entenderam que ali mudava o tipo de produção, mas não a lógica econômica. O passar dos anos foi mostrando esta realidade. Não bastava apenas diversificar para que a propriedade se viabilizasse. A diversificação precisava igualmente ser profissionalizada e adequada às exigências do mercado, embora apenas isso não fosse parâmetro para a sobrevivência. Como ensinam os países desenvolvidos, deve-se somar a isso a adoção de políticas públicas adequadas que mitiguem a racionalidade econômica, pela qual “eliminar” os menos competitivos é normal. Como a sociedade brasileira não conseguiu resolver tal desafio estrutural (de 2015 para cá as recessões, as secas e a pandemia pioraram ainda mais o quadro), tem-se que, nos últimos sete anos, o Rio Grande do Sul perdeu 52,3% de seus produtores de leite, embora a produção tenha recuado apenas 3,2%. Na região gaúcha de Ijuí, uma das mais importantes bacias leiteiras do país, nos últimos 10 anos 57% dos produtores deixaram a atividade. Dentre os motivos tem-se: as constantes defasagens entre custo de produção e preço final recebido; a falta de mão-de-obra; e a falta de incentivo oficial. Em termos de custos de produção, nos últimos 12 meses encerrados em março/22, viu-se, no Brasil, o Índice de Inflação dos Custos de Produção subir 42,8%, enquanto o Índice de Inflação dos Preços Recebidos pelos produtores se elevou apenas 17,3%. Muitos produtores, especialmente no leite, jamais conseguirão absorvê-la. Ou seja, está mais do que na hora de vencermos o desafio de uma inteligente associação entre a realidade do mercado e as políticas públicas, visando agregar pessoas ao sistema produtivo, e não o contrário. Para tanto, é preciso ter governo e sociedade que desejem trilhar tal caminho. Caso contrário, a exclusão e seu custo social continuarão.
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