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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

24/11/2017 a 30/11/2017)



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2017: UMA SÍNTESE (Final)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
30/11/2017

Em termos específicos, a tendência para este final de 2017 é de a inflação subir, processo já iniciado em outubro. Deveremos fechar 2017 ao redor de 3%, ou um pouco mais, e 2018 ao redor do centro da meta (4,5%) caso não houver derrapagens no seu controle. Além dos reajustes nos combustíveis, gás e energia elétrica, os alimentos também deverão aumentar de preço, pois nossas safras não serão como as de 2016/17. Já tivemos graves problemas na safra de inverno deste ano e no próximo verão o quadro tende a ser mais apertado. Quanto ao câmbio, se a campanha eleitoral indicar surpresas na linha do descuido das contas públicas, o Real se desvaloriza rapidamente em 2018, podendo voltar à casa dos R$ 4,00 e mesmo mais. Caso contrário, uma estabilidade entre R$ 3,20 e R$ 3,30 é possível de ser mantida, com algum viés na direção de R$ 3,50. Tudo irá depender do avanço da campanha política nacional. O juro básico deverá estacionar nos atuais níveis (7,5%), talvez um pouco mais baixo no final deste ano. Posteriormente, em 2018, se a economia começar a aquecer um pouco, deverá subir novamente, podendo ficar entre 8% e 9% no final do próximo ano. Porém, os juros comerciais pouco baixarão. O sistema financeiro não está repassando a baixa da Selic, como deveria, para a economia real. Há muito endividamento e inadimplência, situações que estão longe de melhorar nos próximos meses. Isso, porque o emprego que está sendo gerado é de baixa qualidade, muitas vezes informal. Assim, mesmo que baixe o índice de desemprego (e a atual Reforma Trabalhista poderá ser usada para isso), a população continuará insegura, com pouca renda, e sem garantia de manter seus empregos. Uma das causas principais é que o país possui uma mão de obra malformada, pouco competitiva e que acaba custando mais caro do que os investimentos em máquinas que a substitua. O país esqueceu ou não quis investir em educação de forma suficiente, investindo mal inclusive, e agora a conta começa a chegar nesta área. Ou seja, o desemprego será o último indicador a demonstrar reversão para uma realidade melhor, embora o "melhor" tenda a ser a geração de empregos precários, de baixa qualidade na maioria dos casos. Enfim, o que esperar para 2018 em termos eleitorais? Tudo! Por enquanto, nenhum candidato potencial agrada suficientemente o eleitorado. O país está completamente órfão de bons candidatos! Tal quadro permite o surgimento de um "salvador de pátria", que radicalize discursos populistas, o que seria um desastre para o país. Isso, aliás, permite alertar para o fato de que a pequena recuperação da economia, que pode melhorar um pouco mais em 2018, venha a ser um voo de galinha, durando muito pouco, infelizmente. Dito de outra forma, politicamente estamos, hoje, extremamente frágeis como Nação.  E isso em nada ajuda a recuperação econômica!


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

17/11/2017 a 23/11/2017)



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2017: UMA SÍNTESE (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
23/11/2017


2017 foi (está sendo) um ano ainda muito difícil. A economia deu alguns sinais de pequena recuperação, tanto é verdade que se espera um PIB final ao redor de 0,7% (o IBC-Br do terceiro trimestre registra um crescimento de 0,58%, acumulando nos primeiros nove meses do ano um avanço de 0,61%, com ajuste sazonal, porém, no acumulado de 12 meses este índice provisório ainda indica -0,65%). Ao mesmo tempo, alguns indicadores econômicos melhoraram, caso do juro básico, da inflação e do desemprego. Entretanto, esta melhora, em muitos casos, não aponta para uma manutenção sustentável do processo. Especialmente porque o governo fracassou no ajuste fiscal, sendo obrigado a rever para cima as metas de déficit primário até 2020. Além disso, as reformas pouco avançaram, estando a principal delas, a Previdenciária, ainda longe de se concretizar. E o fatiamento da mesma em nada resolve. Para completar o quadro, o governo nacional se enredou em escândalos de toda a ordem, enfraquecendo sua ação. O Brasil só não patinou mais porque a equipe econômica tem a confiança do mercado, já que o executivo, o legislativo, e até mesmo o judiciário, estiveram longe de preencher as necessidades do país. Por enquanto, saímos da recessão, porém, ainda não da crise econômica. Neste contexto, ficou evidente que a crise política afetou a economia. É uma falácia considerar que a economia se descola da política. A crise que atingiu o governo Temer, a partir de maio passado, mostrou isso. E durante o restante do ano as reformas não avançaram em função desta crise e de interesses particulares de nossos governantes. Ou seja, a economia fica sempre à mercê da política, embora não haja governo que se sustente se a economia vai mal. Teremos, mais uma vez, um claro exemplo desta relação direta no próximo ano, quando haverá eleições gerais. Isso tudo porque o governo deve passar confiança ao mercado e à sociedade. E isso não tivemos nos últimos tempos. Em 2017, embora a lógica menos intervencionista do governo, confirmou-se o que historicamente é a prática brasileira: o Estado nunca deixou de atuar firme na economia nacional. Aliás, todos os agentes econômicos clamam constantemente por mais apoio estatal, fato que confirma que nunca fomos e dificilmente seremos liberais. Esse comportamento deverá durar em 2018. Depois, tudo dependerá do governo e Congresso que os brasileiros escolherão. Dito isso, o que precisamos é manter uma linha monetarista responsável para sairmos do "buraco" econômico, e não avançarmos novamente para um desenvolvimentismo intervencionista que comprometa as contas públicas e, por consequência, a recuperação econômica. (segue)

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

10/11/2017 a 16/11/2017)



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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O BRASIL CORTA ERRADO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
16/11/2017


Nestes últimos anos, diante da má gestão pública no passado recente, ficou escancarada a necessidade de um profundo ajuste fiscal em nosso país. Não sendo possível solucioná-lo apenas com arrecadação, os governos, nos últimos anos, passaram a fazer cortes orçamentários e nas despesas públicas. Porém, atolados em interesses políticos diversos, além de uma Constituição já ultrapassada na matéria, os governos vêm optando por cortar majoritariamente lá onde não deveria fazê-lo, ou seja, na educação, saúde e infraestrutura. Enquanto isso, a máquina pública, inchada e ineficiente, continua em pé e brigando, em muitos casos através de greves, para assim continuar. Na área da educação brasileira os dados são assustadores. Um exemplo está nos cortes feitos junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Em 2013, o orçamento para este ministério era de R$ 10,2 bilhões (pouca coisa diante das necessidades do país nesta área). Em 2017, o orçamento previsto caiu para apenas R$ 3,2 bilhões, correspondendo a 44% a menos do que o registrado em 2016. Um dos mais recentes editais do CNPq distribuiu tão somente R$ 120 mil, com vigência de três anos, na faixa mais alta (cf. matéria na BBC Brasil, assinada por Maurício Brum, http://www.bbc.com/portuguese/geral-41935911). Uma miséria, sendo que o valor não compensa a burocracia que o pesquisador deve enfrentar antes, durante e depois de ter conseguido parte da verba. A realidade nacional é tão crítica que, em setembro passado, 23 ganhadores do Prêmio Nobel mandaram uma carta ao Presidente Temer alertando que nenhum país cortou mais de 10% dos investimentos em ciência e tecnologia e que, ao fazê-lo, o Brasil sofreria fuga de cérebros. Portanto, não pode ser surpresa o desejo de milhares de jovens brasileiros em deixar o país, além de pesquisadores já renomados. Afinal, “...o governo vê a mão de obra qualificada e a inovação tecnológica como desnecessárias” (cf. BBC Brasil). E a realidade brasileira vai ainda mais longe! Nos últimos 15 anos os governos federais autorizaram a proliferação de cursos superiores, inclusive em Ensino à Distância (EaD), com pouco controle efetivo. Uma grande parcela surgiu como “caça-níquel”, sem comprometimento com a formação dos estudantes. Resultado: formamos jovens com pouca qualificação, em escolas e universidades onde a reprovação por insuficiência é quase proibida. Além disso, a postura oficial comprometeu o futuro financeiro de muitas escolas e universidades sérias. Enquanto as escolas públicas são sucateadas, o ensino privado no país, para ser competitivo em termos financeiros, começa a adotar uma lógica inversa à qualificação: despedir os professores mais bem preparados (mestres e doutores), pois são mais caros. Com isso, o ensino no Brasil, em sua grande parte, virou um comércio, onde formar cérebros para contribuir com o real desenvolvimento do país é secundário. 

sábado, 11 de novembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

03/11/2017 a 09/11/2017)



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SAÍMOS DA RECESSÃO, NÃO DA CRISE

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
09/11/2017


No final do mês de outubro o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CoDaCE), grupo independente formado por sete economistas brasileiros com “notório conhecimento em ciclos econômicos”, informou que finalmente, em 2017, o Brasil saiu da recessão econômica. Esta informação foi acompanhada de alguns importantes pontos complementares que confirmam nossas análises passadas: 1) esta última recessão brasileira durou bem mais tempo, tendo iniciado em 2014. Sua duração, portanto, foi de 11 trimestres ou 33 meses; 2) a perda acumulada no PIB brasileiro foi ainda maior do que se pensava, tendo chegado a 8,6% no período (não é por nada que se considera, esta, a maior recessão da história); 3) a recuperação iniciada já a partir de janeiro/17 destoa do padrão observado em outros momentos recessivos, pois é muito lenta; 4) em função desta lenta recuperação o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), informa que, considerando o aumento populacional no período, o país somente irá recuperar a situação de 2014, no ano de 2022; 5) tal recuperação, todavia, dependerá do ritmo anual de retomada a partir de agora. Para ser mais exato, precisaríamos crescer 4,3% ao ano a partir de 2019 para, em 2022, voltarmos ao estágio de 2014. Ou seja, no somatório jogamos fora, no mínimo, oito anos. É bom lembrar que se espera crescimento de 0,7% em 2017 e 2,6% em 2018; 6) o movimento de recuperação está se dando muito mais devido a um cenário externo favorável, onde o crescimento econômico está sendo retomado e os juros ainda continuam muito baixos, do que em função do cenário interno, o qual continua com muitas incertezas em função de uma crise política sem fim, além da enorme indefinição quanto ao que virá com as eleições presidenciais de 2018. Como já cansamos de alertar, sem um real ajuste fiscal, o qual depende da concretização das reformas estruturais, a recuperação da economia brasileira poderá se transformar em voo de galinha daqui a três anos; 7) para corroborar o ponto anterior, fica claro que a saída da recessão está se dando sem investimentos. Ora, sem investimentos estruturais, não há crescimento que se sustente no tempo; 8) enfim, um dos membros do CoDaCE confirma o que já se sabia há muito tempo: “A estratégia (do governo Lula) para sair rapidamente da recessão de 2008/2009 (provocada pela crise internacional) gerou desequilíbrios que provocaram essa recessão longa e profunda pela qual passamos e têm de ser corrigidos. O tempo necessário para isso se traduz em saída lenta.” (cf. ZH-31/10/2017, pp. 10 e 12). E isto se o dever de casa, representado particularmente pelo ajuste fiscal, for realizado. O risco é enorme de as reformas não se realizarem a contento e, portanto, tal ajuste fracassar, como aliás fracassou ao longo de 2017. Em resumo, a recessão terminou, porém, a situação de crise econômica continua! 

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

27/10/2017 a 02/11/2017)



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PRODUÇÃO DE GRÃOS EM DIFICULDADES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
02/11/2017


Estamos terminando o ano de 2017 e o quadro do mercado nacional de grãos vai se confirmando bem mais difícil do que o foi no ano anterior. Além disso, projeta um cenário inquietante para 2018. Segundo a Conab, a produção total de grãos no Brasil, em 2016/17, ficou em 237,2 milhões de toneladas (Mt). Para este ano 2017/18 a mesma deve cair entre 3,9% e 5,6%. Além disso, nossa produção de grãos se limita basicamente à dois produtos: soja e milho. Os dois juntos representaram 89,3% da totalidade dos grãos produzidos no país. Em termos individuais, o arroz talvez consiga uma produção maior do que a do ano passado (11 Mt contra 10,5 Mt), porém, o forte atraso no plantio gaúcho coloca em risco esta projeção. Por enquanto, o certo é que a área nacional do cereal recuará entre 5,2% e 10% em relação ao ano anterior. Já o milho terá um recuo de área ainda maior (entre 12% e 20% somando safra e safrinha nacionais). Com isso, a produção total brasileira, que teria chegado a 109,5 Mt em 2016/17 (cf. Safras & Mercado), cairá para 93,6 Mt. A soja, por sua vez, deverá aumentar sua área no país (entre 5,1% e 6%). Mesmo assim, a produção projetada deverá ficar entre 107 e 114,7 Mt, contra 114,2 Mt na safra passada. Isso tudo se o clima for favorável! Enfim, o trigo, que está em fase de colheita no país, já frustrou significativamente. Após um recuo de 10% na área nacional semeada, o cereal acusa uma queda de 21% em sua estimativa de produção (5,3 Mt, contra 6,7 Mt um ano antes). E, nesta atual safra, grande parte do produto colhido será de baixa qualidade, portanto, de pouco valor de mercado. Além disso, os preços estão menores! Tomando por base dados gaúchos, temos que o arroz perdeu 7,8% de seu preço entre a média de 2016 e a média dos primeiros 10 meses de 2017. Comparando outubro/16 e outubro/17 o preço cai 26,1%, passando de R$ 49,82 para R$ 36,80/saco. A soja, em termos anuais, está perdendo 15,2% em preço no raciocínio anual, com a média ficando em R$ 60,53, contra R$ 71,42/saco em 2016. Comparando outubro/16 a outubro/17 o recuo é de 7,2%. O trigo perde, na comparação anual, 16,8% em seu preço, com o saco passando de R$ 35,50 em 2016 para R$ 29,54 em 2017. Enfim, o milho apresenta uma perda média de 39,7% na medida em que 2016 registrou média de R$ 39,65/saco, enquanto nos 10 primeiros meses de 2017 a mesma está em R$ 23,90 (comparando outubro/16 a outubro/17 o recuo é de 35,6%). E isso sem considerar a inflação do período! A variável preço é volátil, porém, a mesma depende em muito, neste ano, do câmbio. Em o Real ficando entre R$ 3,10 e R$ 3,20 será difícil uma elevação substancial nos preços agrícolas. A “gordura” do setor primário nacional, conquistada nos recentes anos de preços altos e safras cheias, diminui rapidamente. E isso respinga forte no restante da economia, especialmente nas comunidades interioranas.

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