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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

PRODUÇÃO DE GRÃOS EM DIFICULDADES

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
02/11/2017


Estamos terminando o ano de 2017 e o quadro do mercado nacional de grãos vai se confirmando bem mais difícil do que o foi no ano anterior. Além disso, projeta um cenário inquietante para 2018. Segundo a Conab, a produção total de grãos no Brasil, em 2016/17, ficou em 237,2 milhões de toneladas (Mt). Para este ano 2017/18 a mesma deve cair entre 3,9% e 5,6%. Além disso, nossa produção de grãos se limita basicamente à dois produtos: soja e milho. Os dois juntos representaram 89,3% da totalidade dos grãos produzidos no país. Em termos individuais, o arroz talvez consiga uma produção maior do que a do ano passado (11 Mt contra 10,5 Mt), porém, o forte atraso no plantio gaúcho coloca em risco esta projeção. Por enquanto, o certo é que a área nacional do cereal recuará entre 5,2% e 10% em relação ao ano anterior. Já o milho terá um recuo de área ainda maior (entre 12% e 20% somando safra e safrinha nacionais). Com isso, a produção total brasileira, que teria chegado a 109,5 Mt em 2016/17 (cf. Safras & Mercado), cairá para 93,6 Mt. A soja, por sua vez, deverá aumentar sua área no país (entre 5,1% e 6%). Mesmo assim, a produção projetada deverá ficar entre 107 e 114,7 Mt, contra 114,2 Mt na safra passada. Isso tudo se o clima for favorável! Enfim, o trigo, que está em fase de colheita no país, já frustrou significativamente. Após um recuo de 10% na área nacional semeada, o cereal acusa uma queda de 21% em sua estimativa de produção (5,3 Mt, contra 6,7 Mt um ano antes). E, nesta atual safra, grande parte do produto colhido será de baixa qualidade, portanto, de pouco valor de mercado. Além disso, os preços estão menores! Tomando por base dados gaúchos, temos que o arroz perdeu 7,8% de seu preço entre a média de 2016 e a média dos primeiros 10 meses de 2017. Comparando outubro/16 e outubro/17 o preço cai 26,1%, passando de R$ 49,82 para R$ 36,80/saco. A soja, em termos anuais, está perdendo 15,2% em preço no raciocínio anual, com a média ficando em R$ 60,53, contra R$ 71,42/saco em 2016. Comparando outubro/16 a outubro/17 o recuo é de 7,2%. O trigo perde, na comparação anual, 16,8% em seu preço, com o saco passando de R$ 35,50 em 2016 para R$ 29,54 em 2017. Enfim, o milho apresenta uma perda média de 39,7% na medida em que 2016 registrou média de R$ 39,65/saco, enquanto nos 10 primeiros meses de 2017 a mesma está em R$ 23,90 (comparando outubro/16 a outubro/17 o recuo é de 35,6%). E isso sem considerar a inflação do período! A variável preço é volátil, porém, a mesma depende em muito, neste ano, do câmbio. Em o Real ficando entre R$ 3,10 e R$ 3,20 será difícil uma elevação substancial nos preços agrícolas. A “gordura” do setor primário nacional, conquistada nos recentes anos de preços altos e safras cheias, diminui rapidamente. E isso respinga forte no restante da economia, especialmente nas comunidades interioranas.

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