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terça-feira, 26 de novembro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

22/11/2019 a 28/11/2019)



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CÂMBIO: FORA DA REALIDADE E PERIGOSO


Argemiro Luís Brum
28/11/2019


A moeda brasileira registrou R$ 4,27 por dólar nesta semana, acusando uma desvalorização muito além da conta. E essa não é apenas uma situação conjuntural. Se olharmos um período de pouco mais de 20 anos, entre junho/99 (quando o Brasil consolidou o câmbio flutuante) e outubro/19, o Real sofreu uma desvalorização de 40,5% considerando a Paridade de Poder de Compra. Por esta metodologia, no final de outubro passado nossa moeda deveria estar valendo R$ 2,91 por dólar e não os R$ 4,09 que foi a média daquele mês. Tomando-se um período mais curto (janeiro/09 a outubro/19), o Real deveria estar valendo, no final do mês passado, R$ 3,32, ou seja, 23,2% a menos do que estava na média de outubro passado e 28,3% a menos do que o seu valor atual. Portanto, nossa moeda está “anormalmente” desvalorizada. Há motivos externos e internos, dentre eles a possibilidade de impeachment do presidente dos EUA; a fragilidade geral da economia mundial, com ameaças de nova recessão; e as recentes dificuldades da economia nacional (em 2020 estaremos fechando a maior década perdida dos últimos 120 anos em nossa economia). Ora, o quadro cambial é extremamente nocivo e deve chamar a atenção do governo. Se no curto prazo o setor exportador ganha, enquanto o importador perde, no médio prazo a situação se complica de forma geral. Primeiro, porque os exportadores, necessariamente, precisam importar componentes para a fabricação de seus produtos (e o Brasil importa de tudo um pouco), fato que deixará sua produção mais cara. Em segundo lugar, mais dia menos dia os preços internos começarão a subir, refletindo tais importações. A situação somente não estourou ainda no Brasil porque a crise é tão grande que impede aos produtores repassarem a desvalorização cambial aos preços finais, pois os consumidores não têm renda para consumir. Por enquanto, quem pode vai “se defendendo” com as exportações, a ponto de se incorrer em riscos de desabastecimento em alguns setores. Ao mesmo tempo, as medidas de disponibilidade de crédito e de renegociação de dívidas, atualmente adotadas, ao buscarem uma retomada do consumo, mesmo que tímida, ironicamente podem potencializar o problema. Com maior liquidez, o setor produtivo tende a aumentar preços visando recuperar margens perdidas pela desvalorização do Real. Aliás, a situação começa a atingir os alimentos (carne bovina, por exemplo), pois a exportação se torna a cada dia mais interessante, sem falar em questões pontuais de demanda (crise da peste suína na China) que nos favorecem no mercado externo. Neste contexto, a equipe econômica precisa olhar com mais atenção o que se passa com o câmbio. Afinal, um choque inflacionário pode vir rapidamente, obrigando a uma reversão na política de juros, onde a Selic voltaria a subir, interrompendo os efeitos positivos em favor de uma retomada econômica.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

15/11/2019 a 21/11/2019)



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PRÉ-SAL: DA EUFORIA À REALIDADE (Final)


Argemiro Luís Brum
21/11/2019

Se por um lado o caminho para a exploração do petróleo no “pré-sal” brasileiro foi reaberto (entre 2010 e 2015 só três leilões foram realizados), por outro lado, ficou evidente que o mercado brasileiro não se mostra tão atraente como se quer vender (cf. Kupfer, Portal UOL 07/11/19). Muito devido a forma como os leilões foram organizados, ou seja, o governo errou na organização do processo. De forma mais ampla, porque o mercado avalia negativamente os posicionamentos do presidente Bolsonaro e alguns de seus ministros (do Meio Ambiente e das Relações Exteriores em primeiro plano), geralmente demonstrando incompetência em relação “à coisa pública”, belicosos e ignorando que os mesmos representam uma Nação e não grupos radicalizados em torno de causas próprias (repetem o que em boa parte os governos anteriores fizeram no passado recente). De forma mais específica, os leilões foram mal feitos porque deixaram para depois a negociação com a Petrobras das compensações pelos investimentos anteriores, feitos pela estatal nos campos negociados (um risco alto, sem clareza, que as empresas estrangeiras não pagaram para ver, deixando de participar dos leilões). Outra questão em jogo, e que recebe críticas de especialistas, está no fato de que o sistema definido para os leilões do “pré-sal” brasileiro, ainda no governo Lula, foi o de partilha. Neste regime, a petroleira ganhadora opera como parceira do governo, pagando a este um excedente em óleo, resultado da diferença entre o volume produzido e o custo de produção, acrescido de royalties. Ora, o mercado prefere o regime de concessão, o mais utilizado no mundo, pelo qual a empresa ganhadora corre o risco de encontrar ou não petróleo, mas é dona de toda a produção, pagando ao governo pela própria concessão, mais tributos de exploração variados e royalties. Neste contexto, se é verdade que sem o “pré-sal” o Brasil teria, hoje, apenas metade da produção atual, igualmente é verdade que houve uma euforia demasiada de que o “pré-sal” alavancaria o Brasil e sua economia. Ora, o desenvolvimento da exploração das reservas, mesmo hoje avaliadas como sendo bem maiores do que o inicialmente previsto, leva tempo, requer muito investimento, e precisa ser muito bem estruturado para que não se percam oportunidades com o passar do tempo, como vem sendo o caso desde 2006, quando foi anunciado. Enfim, há um outro aspecto, ainda mais profundo a ser definido: é mais eficiente e produtivo queimar os recursos de leilões do “pré-sal”, em alívio momentâneo dos desequilíbrios fiscais, ou aplicá-los em infraestrutura ou outros mecanismos que elevem, de forma permanente, a competitividade da economia? (cf. Kupfer, Portal UOL, 07/11/19) Se a opção for a primeira, o país estará incorrendo, mais uma vez, em gravíssimo erro, dando continuidade ao comprometimento de seu potencial futuro de recuperação econômica.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

08/11/2019 a 14/11/2019)



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PRÉ-SAL: DA EUFORIA À REALIDADE (I)


Argemiro Luís Brum
14/11/2019

Em 2006 o governo brasileiro anunciou ao mundo a existência de reservas petrolíferas importantes, conhecidas por aqui como o “pré-sal”. Reservas que poderiam colocar o Brasil no quinto lugar mundial na produção do chamado “ouro negro”. Grande euforia tomou conta do governo Lula, ao final de seu primeiro mandato. Entretanto, na época, já se sabia que, sozinha, a Petrobras não teria recursos para extraí-lo do fundo do mar em sua totalidade. Ficou evidente, então, que o país precisava organizar parcerias com as grandes multinacionais do setor para conseguir avançar na prospecção deste petróleo. Infelizmente, questiúnculas ideológicas, ineficiência gerencial e corrupção já colocavam a Petrobras em dificuldades. Assim, o Brasil perdeu um tempo precioso sem saber o que fazer e como fazer com a descoberta. Neste quadro, com o passar dos anos o avanço da produção, e os recursos gerados pela mesma, ficaram muito aquém da euforia inicial. Tecnicamente, os erros teriam começado em 2007. Na época, o governo retirou 41 áreas do leilão programado para aquele ano. Depois, o país ficou anos sem ofertas, tanto para exploração quanto para a produção de petróleo. Perdeu-se o momento em que o barril chegou a mais de US$ 150,00 (hoje o mesmo está em US$ 57,00). Em função disso, segundo estimativas da Agência Nacional do Petróleo (ANP) o Brasil perdeu entre R$ 600 bilhões e R$ 1,0 trilhão em investimentos somente com a retirada das áreas em 2007. Assim, do “passaporte para o futuro”, como se passou a chamar o “pré-sal”, o país atingiu uma realidade bem menos empolgante. Rasgou-se o passaporte antes mesmo de usá-lo. Mesmo assim, o país chega em 2019 tirando do “pré-sal” 61,3% de suas necessidades em petróleo (2,3 milhões de um total de 3,7 milhões de barris diários), contra 25,5% no final de 2014. Mas a performance é insuficiente diante do tamanho das jazidas existentes. Diante disso, o governo atual organizou novos leilões de áreas do “pré-sal”, tendo por resultado a expectativa de arrecadar R$ 106,6 bilhões neste início de novembro. No total, espera-se que os contratos por eles gerados resultem em receita de R$ 628 bilhões aos cofres públicos em até 35 anos.  No imediato, tais leilões resultariam em receita extra igualmente para Estados e municípios. Apenas o Rio Grande do Sul esperava receber cerca de R$ 450 milhões com os leilões. Entretanto, novamente por dificuldades gerenciais, os referidos leilões fracassaram. Apenas a Petrobras se apresentou como compradora, além de uma empresa chinesa com participação de 5% em um dos lotes negociados, em parceria com a estatal brasileira. Como disse o ministro Guedes, “vendemos para nós mesmos”, sem aporte de dinheiro novo vindo do exterior. (segue)

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Análise semanal do mercado da soja, do milho e do trigo

01/11/2019 a 07/11/2019)



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A LIÇÃO DAS CRISES (Final)


Argemiro Luís Brum
07/11/2019

Terminamos a coluna passada elencando pontos que não são mais possíveis de serem mantidos em nosso país se queremos gerar crescimento e desenvolvimento socioeconômico. Além dos já citados, outros cinco pontos, no mínimo ainda merecem atenção: 1) enquanto a renda domiciliar per capita brasileira, em 2018, era de R$ 1.373,00, em 2017 tínhamos 54,8 milhões de pessoas ganhando menos de R$ 406,00 mensais (abaixo da linha de pobreza), enquanto tem procurador da República se queixando por receber R$ 24.000,00 mensais (ZH, 11/09/19, p. 2); 2) em termos específicos da previdência, segundo o IBGE (com dados de 2017 e 2018), a renda média das famílias mais ricas, com aposentadorias e pensões, supera em 20 vezes o valor recebido pelas famílias mais pobres do país (ocorre que os mais ricos representam 2,7% dos aposentados, enquanto os mais pobres somam 23,9%, sendo que as famílias com renda superior a 25 salários mínimos recebem, em média, R$ 4.276,02 com aposentadorias e pensões, enquanto as com renda inferior a dois salários mínimos recebem R$ 207,17); 3) o IBGE ainda mostra que 19,9% de toda a renda nacional fica com apenas 2,7% das famílias (1,8 milhão de unidades familiares), enquanto 23,9% das famílias (16,4 milhões de unidades) ficam com apenas 5,47% da renda nacional; 4) hoje, no Brasil, temos cerca de 55 milhões de pessoas (26,2% do total) abaixo da linha de pobreza e mais de 11 milhões que nem sequer sabem ler e escrever (sem falar nos analfabetos funcionais – aqueles que leem, porém, não entendem o que leem); 5) em 2018, a renda média do 1% mais rico da população brasileira atingia o equivalente a 33,8 vezes o ganho obtido pelos 50% mais pobres (R$ 27.744,00, contra R$ 820,00). Neste sentido, os 10% mais ricos detinham 43,1% da massa de rendimentos do país, enquanto os 10% mais pobres ficavam com apenas 0,8%, e por aí vamos. Ora, reformas estruturais necessariamente precisam também encaminhar soluções a este descalabro. Esta é a essência das crises nos diferentes países do mundo, e particularmente aqui na América do Sul. Sem atacar tal problema, que é histórico, nunca haverá desenvolvimento. Além disso, os cidadãos passam a acreditar, perigosamente, de que votar e ter democracia não serve para nada, pois nada ou pouco muda não importando a linha política que se coloca no poder. Entretanto, a questão é outra: é preciso, via democracia, municiar os cidadãos com a capacidade, pela educação e formação de qualidade, de eliminarem a diferença entre os da primeira classe (a minoria de privilegiados, como os números nacionais o mostram) e os da segunda classe (o restante dos brasileiros). Algumas sociedades no mundo, as quais chamamos de desenvolvidas, no transcorrer da história o conseguiram. E a sociedade brasileira, daqui em diante, que caminho buscará trilhar?

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