Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
23/11/2017
2017 foi (está sendo) um ano ainda muito
difícil. A economia deu alguns sinais de pequena recuperação, tanto é verdade
que se espera um PIB final ao redor de 0,7% (o IBC-Br do terceiro trimestre
registra um crescimento de 0,58%, acumulando nos primeiros nove meses do ano um
avanço de 0,61%, com ajuste sazonal, porém, no acumulado de 12 meses este
índice provisório ainda indica -0,65%). Ao mesmo tempo, alguns indicadores
econômicos melhoraram, caso do juro básico, da inflação e do desemprego.
Entretanto, esta melhora, em muitos casos, não aponta para uma manutenção
sustentável do processo. Especialmente porque o governo fracassou no ajuste
fiscal, sendo obrigado a rever para cima as metas de déficit primário até 2020.
Além disso, as reformas pouco avançaram, estando a principal delas, a
Previdenciária, ainda longe de se concretizar. E o fatiamento da mesma em nada
resolve. Para completar o quadro, o governo nacional se enredou em escândalos
de toda a ordem, enfraquecendo sua ação. O Brasil só não patinou mais porque a
equipe econômica tem a confiança do mercado, já que o executivo, o legislativo,
e até mesmo o judiciário, estiveram longe de preencher as necessidades do país.
Por enquanto, saímos da recessão, porém, ainda não da crise econômica. Neste
contexto, ficou evidente que a crise política afetou a economia. É uma falácia
considerar que a economia se descola da política. A crise que atingiu o governo
Temer, a partir de maio passado, mostrou isso. E durante o restante do ano as
reformas não avançaram em função desta crise e de interesses particulares de
nossos governantes. Ou seja, a economia fica sempre à mercê da política, embora
não haja governo que se sustente se a economia vai mal. Teremos, mais uma vez,
um claro exemplo desta relação direta no próximo ano, quando haverá eleições gerais.
Isso tudo porque o governo deve passar confiança ao mercado e à sociedade. E
isso não tivemos nos últimos tempos. Em 2017, embora a lógica menos intervencionista
do governo, confirmou-se o que historicamente é a prática brasileira: o Estado
nunca deixou de atuar firme na economia nacional. Aliás, todos os agentes
econômicos clamam constantemente por mais apoio estatal, fato que confirma que
nunca fomos e dificilmente seremos liberais. Esse comportamento deverá durar em
2018. Depois, tudo dependerá do governo e Congresso que os brasileiros
escolherão. Dito isso, o que precisamos é manter uma linha monetarista
responsável para sairmos do "buraco" econômico, e não avançarmos
novamente para um desenvolvimentismo intervencionista que comprometa as contas
públicas e, por consequência, a recuperação econômica. (segue)