Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
30/11/2017
Em termos específicos, a tendência para
este final de 2017 é de a inflação subir, processo já iniciado em outubro. Deveremos
fechar 2017 ao redor de 3%, ou um pouco mais, e 2018 ao redor do centro da meta
(4,5%) caso não houver derrapagens no seu controle. Além dos reajustes nos
combustíveis, gás e energia elétrica, os alimentos também deverão aumentar de
preço, pois nossas safras não serão como as de 2016/17. Já tivemos graves
problemas na safra de inverno deste ano e no próximo verão o quadro tende a ser
mais apertado. Quanto ao câmbio, se a campanha eleitoral indicar surpresas na
linha do descuido das contas públicas, o Real se desvaloriza rapidamente em
2018, podendo voltar à casa dos R$ 4,00 e mesmo mais. Caso contrário, uma
estabilidade entre R$ 3,20 e R$ 3,30 é possível de ser mantida, com algum viés
na direção de R$ 3,50. Tudo irá depender do avanço da campanha política nacional.
O juro básico deverá estacionar nos atuais níveis (7,5%), talvez um pouco mais
baixo no final deste ano. Posteriormente, em 2018, se a economia começar a
aquecer um pouco, deverá subir novamente, podendo ficar entre 8% e 9% no final
do próximo ano. Porém, os juros comerciais pouco baixarão. O sistema financeiro
não está repassando a baixa da Selic, como deveria, para a economia real. Há
muito endividamento e inadimplência, situações que estão longe de melhorar nos
próximos meses. Isso, porque o emprego que está sendo gerado é de baixa
qualidade, muitas vezes informal. Assim, mesmo que baixe o índice de desemprego
(e a atual Reforma Trabalhista poderá ser usada para isso), a população
continuará insegura, com pouca renda, e sem garantia de manter seus empregos.
Uma das causas principais é que o país possui uma mão de obra malformada, pouco
competitiva e que acaba custando mais caro do que os investimentos em máquinas
que a substitua. O país esqueceu ou não quis investir em educação de forma
suficiente, investindo mal inclusive, e agora a conta começa a chegar nesta
área. Ou seja, o desemprego será o último indicador a demonstrar reversão para
uma realidade melhor, embora o "melhor" tenda a ser a geração de
empregos precários, de baixa qualidade na maioria dos casos. Enfim, o que
esperar para 2018 em termos eleitorais? Tudo! Por enquanto, nenhum candidato
potencial agrada suficientemente o eleitorado. O país está completamente órfão
de bons candidatos! Tal quadro permite o surgimento de um "salvador de
pátria", que radicalize discursos populistas, o que seria um desastre para
o país. Isso, aliás, permite alertar para o fato de que a pequena recuperação
da economia, que pode melhorar um pouco mais em 2018, venha a ser um voo
de galinha, durando muito pouco, infelizmente. Dito de outra forma,
politicamente estamos, hoje, extremamente frágeis como Nação. E isso em
nada ajuda a recuperação econômica!