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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
08/02/2014


“NOVIDADES” ECONÔMICAS PARA 2014
A realidade econômica mundial e brasileira, em 2014, praticamente não traz novidades em relação ao que se vinha indicando nos últimos dois anos. O ano da Copa do Mundo e de eleições presidenciais no Brasil realmente se desenha mais difícil economicamente. Em termos de infraestrutura, pelo pouco que foi feito, e em muitos casos mal feito, mostra o colapso da competitividade dos brasileiros, particularmente no setor industrial. Os novos e importantes apagões no setor energético confirmam cabalmente isso e seria simplista colocar a culpa tão somente no excessivo calor que assola o centro-sul brasileiro neste verão. Tanto é verdade que a indústria brasileira cresceu pouquíssimo em 2013, sendo que o indicador de horas trabalhadas foi o pior desde 2008 (auge da grande crise mundial mais recente). O mesmo caiu 2,5%! Com isso, para 2014 há uma confirmação de que a indústria nacional, mais uma vez, pouco irá crescer. A CNI, por exemplo, acredita que um crescimento de 2% no corrente ano já é uma expectativa otimista. Como a indústria é o carro-chefe para puxar o PIB de um país (nestes últimos tempos o Brasil tem ficado essencialmente na dependência do agronegócio para tal desempenho), não é de surpreender que, após um PIB ao redor de 2,3% em 2013 (estimativa), o mercado aponte para um crescimento econômico ainda menor em 2014, ou seja, um PIB projetado de tão somente 1,9%. Mas outras “novidades” merecem destaque.

“NOVIDADES” ECONÔMICAS PARA 2014 (II)
Após um 2013 no negativo a balança comercial brasileira iniciou o novo ano com um déficit ainda maior (é bom esclarecer que oficialmente o Brasil encerrou 2013 com um superávit comercial de apenas US$ 2,56 bilhões, ou seja, um recuo de 86,9% em relação a 2012, porém, na prática o saldo comercial verdadeiro foi muito pior, pois negativo em US$ 5,18 bilhões porque, com sua contabilidade criativa, o governo considera como exportadas as plataformas petrolíferas construídas em território nacional e que aqui ficam sendo utilizadas, as quais somaram um valor de US$ 7,74 bilhões). E isso que o Real sofreu forte desvalorização (14,5%) a partir de maio passado, saindo de R$ 2,00, na oportunidade, para R$ 2,34 no final do ano. Pois somente em janeiro de 2014 o saldo negativo do comércio exterior já foi de US$ 4,06 bilhões, um novo recorde histórico. Na falta de produtos agropecuários suficientes para exportar, e diante do marasmo industrial, somados as fortes importações gerais que realizamos, inclusive de combustíveis, deixam evidente, como pano de fundo, a baixa competitividade de nossa economia. E isso não irá melhorar nestes próximos anos, pois a mesma requer reformas estruturais profundas, a começar pelo funcionamento e gastos do Estado. Como nada foi feito nestes últimos 10 anos nesse sentido, e os gastos públicos para a manutenção da máquina estatal aumentaram, o gargalo aperta ainda mais num momento em que o mundo começa a sair da grande crise de 2007/08. A política de curto prazo oficial (se limitando a apagar incêndio enquanto se usufruía da estabilidade conquistada com o Plano Real) começa a transferir seus custos à sociedade brasileira. Uma falta de gerenciamento público calamitosa.

“NOVIDADES” ECONÔMICAS PARA 2014 (III)

Precisamos reagir urgentemente se não quisermos ter mais uma década “perdida”, pois outra “novidade” econômica, agora de cunho internacional, nos indica, a partir de análise do Nobel de Economia Paul Krugman, aquilo que se desconfiava: “...o estouro de uma bolha dos países emergentes. (....) sendo que as crises financeiras têm ficado mais próximas umas das outras e com resultados mais severos, com efeitos piores após cada uma delas.” Não é por nada que, diante das dificuldades internas nacionais e da perda de credibilidade perante o mundo, ocorrida justamente pela maquiagem de estatísticas econômicas e ações de pouco resultado concreto, no horizonte do crescimento nacional, que finalmente a presidente do Brasil se apresentou em Davos (Suíça), neste janeiro passado, com um discurso buscando convencer os investidores mundiais para que voltem a acreditar mais no país. Se nossa política econômica fosse mais objetiva, séria e sem populismo não haveria necessidade de correr atrás do tempo perdido (são, pelo menos, sete anos de derrapagens econômicas). Diante de tudo isso, a melhor notícia mesmo nos veio da própria população brasileira. A mesma parece estar aprendendo a não acreditar em fantasias e inicia o ano com menos dívidas e aumentando sua poupança. Isso é um sinal de amadurecimento importante da mesma, embora haja muito ainda para ser feito nesta área. Afinal, pesquisa realizada pelo SPC neste início de ano indicou que assombrosos 81% dos brasileiros responderam ter pouco ou nenhum conhecimento sobre como fazer o controle das finanças pessoais. Isso explica porque os “pacotes” sociais do governo, nos últimos anos, não estão gerando um real desenvolvimento. Os mesmos, na prática, embora importantes na origem, alcançam uma sociedade despreparada economicamente, causando endividamento e inadimplência social, fato que explica o rápido esgotamento do modelo de crescimento baseado no consumo interno. O pior ainda é que, para manter o que eufemisticamente vem sendo chamado de “avanços sociais”, o governo se vê obrigado a subsidiar quase que integralmente o processo, comprometendo a eficiência de empresas estatais e fazendo “vistas grossas” ao iminente estouro desta bolha. 

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