Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
06/02/2014
Findo
o primeiro mês de 2014 as notícias econômicas que se consolidam entram na linha
do que se previa no ano passado. Em se tratando de mundo, os países
desenvolvidos começam a sair da grande crise que se iniciou em 2007/08, com os
EUA despontando após um PIB de 1,9% no ano passado, enquanto os países
emergentes amargam cada vez mais dificuldades, particularmente o Brasil. Os
países que apostaram em governos populistas, que aceleraram o intervencionismo
estatal em suas economias (Venezuela, Argentina, Bolívia...), fracassam e
entram em um processo de crise estrutural de longo prazo e altíssimo custo
social. Enfim, os países que sanearam, mesmo que parcialmente, suas economias
internas, avançam no vácuo de recuperação que os grandes começam a produzir,
caso do Chile, Peru, Coreia do Sul, México... O Brasil, fazendo parte do
segundo bloco de países citados, vê sua economia continuar crítica e com tendência
a piorar no transcorrer do novo ano, indicando um 2015 ainda mais difícil. Nada
de novo em relação aos alertas feitos no ano passado e mesmo antes. Os erros na
condução de nossa economia se somam e seus efeitos se cristalizam em torno de
três eixos: inflação persistentemente alta; contas internas e externas em
deterioração; e cada vez menor credibilidade da política econômica, agora não
somente no exterior (motivo principal da Bovespa ter encerrado 2013 com o pior
resultado do mundo, consolidando perda de 15,5% e, somente em janeiro/14, já
ter perdido mais de 10%), mas também no interior (a confiança do empresariado
brasileiro recuou para 10% no final de 2013 contra 48% no primeiro trimestre do
mesmo ano). A contabilidade criativa do governo (maquiagem de dados) já não
engana ninguém, pois a realidade mostra o que o discurso político tenta
esconder: a situação econômica do Brasil vem piorando desde 2006, com forte
agravamento nestes últimos três anos por optarmos pelo dirigismo estatal com
forte dose de incompetência, deixando de fazer as reformas estruturais
necessárias. Isso nos leva a perder o trem da retomada econômica mundial que se
inicia. Diversos dados econômicos corroboram tal tendência. O PIB, após 2,7% em
2011 e 1% em 2012, teria ficado em 2,3% em 2013, quando no início do ano o
governo projetava 4% a 4,5%. Para 2014, ano de eleições em que não se acredita
em grandes mudanças num governo enfraquecido há algum tempo, o mercado aponta
para um PIB de apenas 1,9%. A inflação (IPCA), após 6,5% em 2011 e 5,84% em
2012, terminou 2013 em 5,91%, estando projetada em 6% para 2014 (sem falar que
a inflação real está muito superior ao índice oficial, inclusive na cesta
básica), enquanto o objetivo anual é 4,5%. Infelizmente, outros números
escancaram esta realidade a qual exige muita precaução de todos nós. Nos
próximos comentários estaremos analisando-os.