Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
20/02/2014
Não
é de hoje que os alertas ocorrem sobre o surgimento de uma importante bolha
imobiliária no Brasil a partir do lançamento do programa federal Minha Casa
Minha Vida. Aproveitando-se do programa o preço dos imóveis em geral se
multiplicou diversas vezes, assim como dos terrenos sobre os quais os mesmos
são construídos. Em alguns casos chega-se ao ponto do terreno valer mais do que
o próprio imóvel que está sobre ele. Desde 2012 tal mercado parece ter chegado
ao pico, iniciando um processo de descida, a qual tende a se acelerar a partir
deste ano de 2014, consolidando o estouro da bolha, especialmente para quem
investiu com o intuito de especular no setor. Um interessante estudo, usando
metodologias econométricas multivariadas e a teoria das bolhas monetárias, vem
confirmar nossos alertas. O mesmo foi divulgado há quase um ano, porém, parece
ter recebido pouca atenção no país (cf. Prof. Dr. Luciano D´Agostini, Revista
Economistas-Cofecon, abril/2013, pp. 6-11). Em síntese ele diz o seguinte: 1) o
Brasil está com preços dos imóveis contaminados; 2) existem antecedentes que
formaram a bolha imobiliária advindos do front nacional e internacional e que,
combinados, geram dinâmicas não equilibradas para os consumidores e o setor
desde 2010; 3) a bolha de demanda, oferta e de crédito, combinou-se no Brasil
entre 2007-2012 e observamos a hiperinflação dos bens do setor imobiliário bem
acima da inflação usual/básica da economia; 4) evidências comportamentais dos
agentes econômicos indicam que existem ajustes a partir de agora na medida em
que desde 2012 se nota uma falta de dinamismo do movimento altista de preços no
país; 5) pode existir a manutenção de preços mas que paralisa o setor ou pode
haver queda de preços caracterizando uma bolha de fraca à fortíssima; 6) se
detecta que a taxa de crescimento do crédito às famílias também é maior do que
a taxa de crescimento da renda, fato que confirma que existe perda do poder de
compra do salário em relação ao “ativo imóvel”; 7) como não existe relação de
equilíbrio de longo prazo entre inflação imobiliária e inflação dos salários, o
poder de compra dos salários, em relação ao preço dos imóveis, já havia
diminuído pela metade no início de 2013, “piorando na sequência”; 8) assim,
estaríamos iniciando um período em que os preços dos imóveis e aluguéis estão
maximizados e cotados a preços que a população brasileira não pode pagar pelos
atuais salários que recebe; 9) portanto, existem claros riscos internos e
externos para que a bolha imobiliária, que começou a estourar em 2013, murche ainda
mais até 2016; 10) enfim, o setor entrará na fase “de graves problemas” e o
governo deve se preocupar, pois a luz vermelha acendeu.