Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
18/07/2013
A partir da eclosão da atual crise econômico-financeira mundial, em
2007/08, os países desenvolvidos afundaram em processos econômicos recessivos.
Tal situação continua até hoje na União Europeia, por exemplo. Enquanto isso,
os países emergentes acabaram puxando o mundo, em particular a China! Todavia,
essa força emergente se esgota a partir de 2011. E isso, antes mesmo de os
países industrializados se recuperarem. Estamos diante de um novo capítulo de
uma crise internacional que já dura seis anos. Na China, a média do PIB, que
era de 10% ao ano durante a década de 2000, recua para níveis entre 7% a 7,5%
desde 2011. O Brasil, no período, vê seu PIB médio cair de 5% (excepcionalmente
7,5% em 2010), para 0% a 3% nos últimos três anos, incluindo 2013. A Índia, que
acusava mais de 7% de PIB anual, viu o mesmo cair para 4% ao ano. A Rússia
assiste a um recuo de uma média superior a 8% ao ano para menos de 4% nesta
segunda década do novo século, e assim por diante. O que estaria provocando
este movimento nos países até então vistos, exageradamente é verdade, como a
tábua de salvação mundial perante a crise? Em primeiro lugar, está o forte
recuo nas exportações dos mesmos, em muitos casos motivado pela valorização de
suas moedas. Em segundo lugar, e este mais importante, se encontra a
valorização dos salários médios acima da produtividade do trabalho local, por
falta de mão de obra capacitada (e esta por deficiência no sistema educacional),
fato que aumenta os custos de produção e gera inflação. Em terceiro lugar, ao
adotarem a política de valorização do consumo interno, visando substituir o
fraco desempenho nas exportações, a maioria destes países (e o Brasil é um caso
exemplar) não atentou para o fato de não possuir infraestrutura suficiente para
arcar com o aumento da demanda interna. A inflação passou a ser alimentada
ainda mais a partir de tal realidade. Em quarto lugar, os governos se mostram
ineficientes e absurdamente populistas, comprometendo o futuro do país em favor
de ganhos políticos imediatos. Soma-se a isso o desastre na condução da
economia no momento em que a realidade se sobrepõe à ilusão. Enfim, o
distanciamento das classes políticas em relação a realidade vivida pelo povo,
fato que alimentou um contagiante processo de corrupção que vem destruindo as
Nações. Assim, não há como transformar a riqueza produzida em desenvolvimento
socioeconômico sustentável. A população acordou para tal fato e percebeu que
mesmo o voto, numa democracia, já não é mais uma solução e sim apenas uma etapa
intermediária de um movimento que precisa ser mais profundo e constante. E tudo
isso vem à tona num momento em que os pseudos anos dourados dos países
emergentes, vividos na década passada, terminaram. Nesse momento aparece o
efeito nefasto da má gestão, irrigada com populismo e demagogia, via enormes
custos sociais. Afinal, não há almoço grátis!