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quarta-feira, 24 de julho de 2013

ECONOMIA: PROBLEMAS REAIS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
25/07/2013


Apesar de ter rompido o teto da meta em duas oportunidades no primeiro semestre, a inflação oficial brasileira pode ficar abaixo dos 6,5% em 2013. Isso porque, entre setembro e dezembro, os índices mensais a serem registrados tendem a ser inferiores aos elevados índices dos mesmos meses em 2012, que ficaram entre 0,57% e 0,79%. Além disso, a inflação de julho/13 será menor do que o esperado porque, graças às manifestações populares de junho, não houve reajustes no transporte público. Dito isso, a derrapagem também pode acontecer porque há um indicador recente que ainda não está contabilizado: a forte desvalorização cambial, nos últimos dois meses, que se mantém ao redor de 11%. Os efeitos da mesma começarão a chegar sobre os preços dos importados, de forma mais intensa, a partir de agosto. E o governo não está conseguindo reverter o quadro cambial, mesmo com as fortes vendas de dólares promovidas pelo Banco Central. Segundo diversos setores produtivos de nossa economia, a começar pelo de alimentos e bebidas, o efeito cambial começará a ser repassado aos preços junto aos consumidores na altura de 5% a 8% no próximo mês. Sem falar nos aumentos existentes nos produtos internos que usam, de alguma forma, componentes importados. Desta forma, o real problema já é o cenário inflacionário para 2014. Aliás, é isso que vem alimentando as altas da Selic. Tanto é verdade que o juro básico deverá continuar subindo até o final do ano, devendo fechar 2013 ao redor de 9,5%. Paralelamente, a alta dos juros freia ainda mais o PIB, tanto para este ano quanto para 2014. Embora o governo ainda se mantenha otimista para 2013 (agora fala em 2,5% a 3% de crescimento), o mercado aponta números ao redor de 2%, sendo que muitas instituições começam a calcular um crescimento entre 1,5% e 2% apenas. Para 2014 o PIB não seria muito diferente disso! Por trás desta projeção surgem outros números preocupantes: o emprego em geral diminui; o desemprego em muitos setores já é uma realidade; o pleno emprego nunca existiu; e o emprego industrial teve a maior queda, em maio, desde o final de 2009. Aliás, o resultado de maio passado foi o 20º resultado negativo consecutivo na comparação com o mesmo mês de um ano antes. Para completar o quadro, o investimento externo na indústria nacional recuou 47% nos primeiros cinco meses de 2013. Muito mais do que o recuo de 23% que o investimento estrangeiro direto registrou no mesmo período para o total da economia nacional (nos primeiros cinco meses do ano entraram no Brasil, sob esse tipo de investimento, apenas US$ 16,7 bilhões quando o governo esperava, para todo o ano, um valor ao redor de US$ 60 bilhões). E a perda de confiança, por parte do investidor internacional, na condução da economia brasileira só fez aumentar desde então. O quadro é tão difícil que o próprio governo já se convenceu de que precisa realizar cortes de custeio junto aos gastos previstos para este ano (acaba de cortar R$ 10 bilhões, porém, se quiser alcançar resultados palpáveis, terá que cortar muito mais).

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