Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
04/07/2013
Terminado o primeiro semestre de 2013 e duas importantes constatações
podem ser feitas em relação ao comportamento do comércio exterior brasileiro.
Em primeiro lugar, e o mais importante, os resultados mostram que registramos o
pior primeiro semestre nos últimos 18 anos. Em segundo lugar, os dados de junho
confirmam uma recuperação no saldo comercial, após os péssimos resultados dos
primeiros quatro meses. No que diz respeito ao primeiro ponto, os primeiros
seis meses do ano fecharam com exportações somando US$ 114,5 bilhões e
importações em US$ 117,5 bilhões. Portanto, o saldo comercial no período foi
negativo de US$ 3,0 bilhões. Em relação ao mesmo período do ano passado, as
exportações no semestre recuaram 2,3% ou US$ 2,7 bilhões. Já as importações
cresceram 6,7% ou US$ 7,4 bilhões. Nesse contexto, o saldo comercial
brasileiro, nos primeiros seis meses do ano de 2012 foi de US$ 7,06 bilhões
contra o resultado negativo visto acima no mesmo período de 2013. Há uma
defasagem, portanto, de US$ 10 bilhões entre as duas performances. No acumulado
de 12 meses (julho a junho), as exportações do período 2012/13 recuaram 5,91%
(US$ 15,07 bilhões) enquanto as importações recuaram apenas 0,22% (US$ 515
milhões). Assim, o saldo comercial em 12 meses recuou 60,9% (US$ 14,6 bilhões).
Quanto ao segundo ponto, registre-se que o mês de junho acusou um saldo
comercial de US$ 2,39 bilhões, após US$ 758 milhões em maio. Esta melhoria
está muito associada a entrada na contabilidade das exportações de soja e seus
preços externos atraentes. Mas outro aspecto merece consideração: as
importações recuaram, em relação a maio, em US$ 2,23 bilhões, situação somente
comparável ao recuo de US$ 3,18 bilhões ocorrida em fevereiro com relação a
janeiro. É provável que, após a forte desvalorização do Real, ocorrida a partir
de 14 de maio, os resultados de junho estejam apoiados nesse movimento cambial
que, aliás, ainda perdura. Mas a tendência de uma revalorização do Real neste
segundo semestre não é descartável, embora a mesma dependa de uma recuperação
na confiança dos investidores e aplicadores internacionais em relação à
condução da economia nacional. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o Banco
Central brasileiro já está revisando suas projeções para o saldo comercial ao
final de 2013, cortando as mesmas em mais da metade. Dito de outra maneira, de
uma projeção anterior ao redor de US$ 15 bilhões de saldo comercial, as
autoridades econômicas brasileiras já admitem fechar o ano com um saldo de tão
somente US$ 7,0 bilhões. Se isso vier a ocorrer, será o pior saldo comercial
anual desde 2001, quando atingimos US$ 2,68 bilhões.