Prof. Dr. Argemiro Luís
Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
23/06/2013
NADA MUDA NA ESTRATÉGIA
ECONÔMICA OFICIAL
Diante
da atual realidade econômica brasileira, onde o Real se desvaloriza
assustadoramente (R$ 2,25 no final da tarde do dia 20/06); a inflação não cede,
devendo subir fortemente neste mês de junho, no acumulado de 12 meses, se não
houver maquiagens; onde o gasto público elevado continua e, agora, com a
população brasileira acordando para a realidade e decidindo se manifestar
contra a situação econômico-social (desconsiderando os baderneiros de plantão,
que nada agregam), é justo esperar que o governo brasileiro altere sua
estratégia econômica. Aliás, foi neste sentido que caminharam as declarações
oficiais no final de maio, quando tal quadro se cristalizou definitivamente, na
medida em que se anunciou que o governo iria investir mais e gastar menos,
incluindo gastos nos pacotes sociais de curto prazo. Naquele momento, tal
anúncio transparecia uma retomada, mesmo que parcial, da responsabilidade para
com o futuro do país, esquecendo-se das eleições do próximo ano. Ora, a
agradável surpresa não durou muito! As últimas declarações oficiais, feitas
nesta semana, revogam o entusiasmo anterior quanto a pensar o Brasil no longo
prazo. As mesmas, infelizmente, confirmam que a visão continua sendo
eleitoreira. Embora a pressão popular, depois disso, tenha se ampliado nas
ruas. Dito de outra forma, numa perigosa ação eleitoreira o governo considera
que não há necessidade de mudanças na estratégia econômica que claramente
fracassou nestes últimos três anos. Assim, o anúncio de pacotes de apoio social
(eleitorais) deve continuar (isso explica o “bolsa mobília” anunciado em plena
crise atual) para quem obteve empréstimo junto ao programa Minha Casa Minha
Vida. O governo julga, erroneamente, que esse tipo de ação incentiva (?)
investimentos e ajuda a reduzir (?) a inflação. Pior, para ajustar as contas
públicas, ao invés de realizar economia, o governo planeja usar recursos das
privatizações (sic) – admitindo, finalmente, que está sim privatizando - no
pagamento dos juros da dívida, num colossal erro de avaliação, já comprovado em
governos passados.
NADA MUDA NA ESTRATÉGIA
ECONÔMICA OFICIAL (II)
Ou
seja, “a ordem é seguir nas medidas a conta-gotas para problemas específicos,
não estando previsto um ajuste forte nas contas públicas”. O ideal seria uma
guinada significativa na economia, porém, o governo não a dará porque, além das
eleições estarem próximas e desejar se reeleger, o que hoje já parece mais complicado,
não está disposto a admitir que errou quando tentou implantar uma política
desenvolvimentista, batizada de “nova matriz macroeconômica”. Além disso, o
resultado de um ajuste estrutural, por serem demorados, não virá antes das
eleições. Ou seja, continuaremos a pagar uma conta cada vez mais pesada, com o risco
de perdermos mais um tempo precioso, porque os que nos governam estão,
novamente, pensando no seu futuro pessoal e não no futuro da Nação. Assim, duas
coisas parecem evidentes: o governo vai tentar capitalizar ao máximo, em seu
favor, as manifestações, tentando mostrar que busca resolver os problemas
sociais exigidos, mesmo que isso seja apenas de fachada e de curto prazo; e, se
reeleito, virá com ajustes estruturais pesados (se vier) que, embora
necessários, irão doer muito mais, pois virão tardiamente. Pelo visto, a
população brasileira terá que manifestar por muito mais tempo e, talvez, de
forma ainda mais dura, para vencer tamanha incompetência administrativa de um
lado e tamanha mesquinhez individual por outro lado. Ou consiga construir, até
as eleições de 2014, uma “terceira via” política que realmente pense o Brasil
em seu coletivo, colocando de lado os que hoje usam o país e suas riquezas em
benefício próprio.