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quinta-feira, 27 de junho de 2013

A SOJA E O FATOR CAMBIAL

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)

27/06/2013

A recuperação dos preços da soja, no mercado gaúcho, nestes últimos 40 dias se deve basicamente à surpreendente desvalorização do Real. A moeda nacional iniciou um processo de forte desvalorização a partir de 14/05, saindo de R$ 2,00 para R$ 2,23 alcançados no dia 24/06, após ter batido em alguns momentos em R$ 2,28. Enquanto isso, o preço de balcão da soja gaúcha, na média, passou de R$ 54,68 para R$ 61,56/saco. Ao mesmo tempo, a cotação da soja em Chicago, para o primeiro mês, recua de US$ 15,24 para US$ 15,12/bushel. Dito de outra maneira, o bushel de soja teve seu valor modificado em muito pouco nos últimos dois meses, ao passar de US$ 14,30 no dia 18 de abril para US$ 15,12 no dia 24/06, alcançando seu ponto máximo nos dias 13 e 14 de junho (US$ 15,40) e seu ponto mínimo no dia 24 de abril (US$ 14,04). Esse comportamento, portanto, é pouco responsável pela forte elevação no preço da soja no mercado brasileiro em geral e no gaúcho em particular, especialmente nos últimos 40 dias. O grande causador da nova elevação nos preços da oleaginosa é o câmbio. Tanto é verdade que nesse período, compreendido entre os dias 14/05 e 24/06, enquanto o Real se desvalorizava 11,5%, o preço do bushel de soja em Chicago recuava 0,8% e o preço do saco de soja no balcão gaúcho ganhava 12,6%. Vale considerar ainda que o prêmio médio no porto de Rio Grande, no período, caiu de 25 centavos de dólar por bushel para apenas 7,5 centavos de dólar, o que seria mais um fator baixista para o preço nacional, porém, absorvido igualmente pelo fator cambial. Nesse contexto, duas outras lições podem ser tiradas desta realidade. Em primeiro lugar, a mesma, em sendo duradoura, e consolidando um novo patamar cambial, ao redor de R$ 2,20, indica um preço da soja, para o final de ano, mais elevado do que o até agora projetado. Considerando que Chicago continua apontando para novembro/13 valores entre US$ 12,50 a US$ 12,75, o preço da oleaginosa, ao novo câmbio, terminaria o ano entre R$ 51,00 e R$ 53,00/saco. Em segundo lugar, caso o Real retorne à casa dos R$ 2,00, a partir das medidas que vêm sendo adotadas pelo governo para tanto, o preço da soja no final do ano recuaria para valores entre R$ 46,00 e R$ 47,00/saco. Enfim, o pior dos mundos seria a confirmação de forte queda em Chicago após a colheita dos EUA (caso ela venha cheia), como indicou o relatório do USDA do dia 12/06 (média de US$ 10,75/bushel), combinada a um retorno do Real aos níveis anteriores. Nesse caso, o saco de soja no balcão gaúcho poderia terminar o ano ao redor de apenas R$ 43,00. Por sua vez, havendo frustração na atual safra estadunidense e o câmbio conservando o novo patamar alcançado, teríamos o melhor dos mundos, com a soja gaúcha podendo alcançar valores ao redor de R$ 60,00/saco e até mesmo um pouco mais.

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