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quinta-feira, 12 de maio de 2016

MERCADO DA SOJA: AS TRÊS FASES DA ATUAL SAFRA (I)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
12/05/2016

Enquanto o Brasil vive um de seus momentos políticos mais delicado, na expectativa de que, após o impedimento do governo Dilma, o país dê início aos ajustes econômicos que o permitam sair de sua pior crise econômica desde o início dos anos de 1930, as regiões produtoras de soja assistem a um repique de alta nos preços da oleaginosa, o que ajuda a aliviar, mesmo que parcialmente, as dificuldades inerentes à crise maior do país. A história recente dos preços da soja pode ser dividida em três partes. Em primeiro lugar, o câmbio efetivamente sustentou os preços da oleaginosa no Brasil até fins de fevereiro. Entre setembro e fevereiro últimos o mesmo chegou a ultrapassar os R$ 4,00 por dólar em duas oportunidades. Por sua vez, entre agosto e o início de março passados o bushel de soja, em Chicago, se manteve estacionado entre US$ 8,50 e US$ 9,00, tendo mesmo atingido seu patamar mínimo, no dia 1º de março, quando o primeiro mês cotado bateu em exatos US$ 8,50. Com isso, os preços internos da soja subiram até R$ 75,00/saco no balcão gaúcho enquanto os lotes ultrapassaram, em diversos momentos, os R$ 80,00/saco. Esta foi a primeira etapa do mercado da soja nesta corrente safra. Muitos produtores de soja no Brasil, atentos ao processo, se anteciparam e, de posse de seus custos de produção, corretamente fecharam negócios. No Rio Grande do Sul, até março, 40% da safra do Estado havia sido negociada antecipadamente, superando em muito a média histórica para este período. A partir da segunda semana de março o quadro muda pelo lado do câmbio no Brasil. O mercado entra em sua segunda etapa. Enquanto Chicago permanece, ainda, abaixo de US$ 9,00/bushel, no Brasil acelera-se a crise política e o impedimento da presidente Dilma ganha força. O mercado financeiro e cambial aposta fortemente na deposição do governo federal, diante dos estragos econômicos que o mesmo provocou nos últimos anos. Assim, a qualquer notícia favorável ao impedimento o Real se valorizava. Como o processo de impedimento avançou celeremente o Real bateu, em muitos dias, abaixo de R$ 3,50 por dólar. O Banco Central, preocupado com as consequências negativas sobre as contas externas, passou a intervir no câmbio, indicando que o patamar de R$ 3,50 seria o mínimo aceitável oficialmente. Ora, um câmbio nesse nível significa uma valorização de 12,5% do Real em menos de três meses. Com isso, o preço da soja recuou fortemente, com o balcão gaúcho se aproximando de R$ 60,00/saco, enquanto os lotes vieram abaixo de R$ 70,00 em algumas oportunidades. Em relação aos melhores momentos da fase anterior (altista) as perdas no preço chegavam entre 10 a 15 reais por saco no mercado gaúcho. Todavia, uma terceira etapa deste mercado, novamente altista, estava por vir. A mesma se desencadeia a partir do início de abril. Até quando a mesma irá durar? É o que veremos na próxima semana! 

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