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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O GOVERNO ERRA DE NOVO (?)

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
12/09/2013

Após elevar a taxa Selic para 9% ao ano, o Copom, em sua ata desta última reunião, surpreende a todos dando a entender que não continuará a elevar o juro por muito tempo, pois haveria uma evolução favorável da política fiscal brasileira. Além disso, mesmo com o IPCA se elevando para 0,24% em agosto, após 0,03% em julho, o acumulado de 12 meses recuou para 6,09%, se distanciando do teto da meta, que é de 6,5%. Isso permitiria baixar a guarda futura dos juros. Ora, ao assim raciocinar o Banco Central se dobra mais uma vez às pressões eleitoreiras do governo, oriundas do Ministério da Fazenda. Em primeiro lugar, porque há uma clara contradição entre o que se disse na ata do Copom de julho e esta de agosto. Isso porque nada mudou no cenário econômico de lá para cá, não justificando a mudança no discurso. Antes, devido a uma política fiscal expansionista, era necessário manter a elevação dos juros. Agora, a mesma se mostra neutra, sem influências sobre a inflação. Ledo engano! Na prática, o expansionismo continua a ponto de o superávit primário, mesmo sendo rebaixado para 2,3% do PIB, não ser alcançado, devendo ficar em apenas 1,7% do PIB no final de 2013. Para piorar o quadro, o Projeto de Lei Orçamentária Anual 2014 se mostra ainda mais expansionista do que o de 2013. Além disso, o próximo ano é eleitoral e o governo tende a naturalmente gastar mais em busca da reeleição. Assim, a pressão inflacionária deverá se manter. Dito de outra forma, não há como aceitar o discurso de que a política fiscal vai ficar neutra. Deve-se somar a isso o fato de que o impacto da desvalorização do Real, sobre a inflação, se estender pelo resto do ano, mesmo com a moeda, neste momento, se aproximando de R$ 2,25 por dólar, valor que consideramos aceitável diante da paridade de poder de compra em relação ao ocorrido no ano de 2012. Soma-se a isso o fato de que a inflação acumulada entre setembro/12 e agosto/13 esconder uma dura realidade ao brasileiro: os preços administrados subiram apenas 1,2% enquanto os preços livres aumentaram 7,6%. Ou seja, no primeiro caso o governo vem segurando os preços dos produtos e serviços sob controle público, caso dos combustíveis, comprometendo a competitividade futura das empresas estatais que os oferecem, além de protelar um reajuste brutal que um dia terá que vir. No segundo caso, os preços que medem o real custo de vida dos brasileiros dispararam e continuam subindo, confirmando que a inflação real é muito superior aos dados oficiais. Nesse sentido, não há como deixar de aumentar os juros. Aliás, o mercado espera uma Selic entre 9,5% e 10% ao final do corrente ano. Se o governo não o fizer, estará errando mais uma vez, trocando um ajuste necessário, mesmo que freando o PIB, por um alívio imediato eleitoreiro e que penalizará mais uma vez o cidadão brasileiro logo adiante e por muito mais tempo.


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