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quinta-feira, 7 de maio de 2015

AJUSTE FISCAL: OU FAZEMOS OU AFUNDAMOS



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
07/05/2015

Dentre as reformas necessárias a serem feitas em nossa economia o ajuste fiscal é a mais urgente. Depois de um superávit primário (receitas menos despesas antes do pagamento dos juros da dívida) negativo em 2014 (-0,6%), o atual ministro da Fazenda colocou como meta alcançar um resultado positivo de 1,2% nesta rubrica em 2015. Ainda será um superávit baixo para as necessidades atuais do país, porém, será um primeiro passo. Todavia, a realização do mesmo continua bastante comprometida e contraditória. Comprometida porque o Congresso Nacional continua a trabalhar em benefício próprio e não em favor do país, salvo exceções. Contraditório porque, nessa postura, o mesmo Congresso triplicou o chamado fundo partidário (na falta das verbas do setor privado após os escândalos de corrupção que grassam no país), passando-o para R$ 867,5 milhões no atual orçamento da União. E isso com o aval da presidente Dilma, refém desse Congresso na busca de aprovação para as duras medidas de ajuste fiscal para solucionar um problema que ela mesma ajudou a criar em seu primeiro mandato. Paralelamente, o governo anuncia que não há mais recursos para o FIES, que financia estudantes junto às universidades do país, nesse Brasil cujo slogan oficial do atual mandato é “Pátria Educadora”. É evidente, e isso vem sendo anunciado há alguns anos, que os constantes gastos federais acima das receitas iriam provocar um estouro das contas públicas, o qual exigiria correções, as quais atingiriam até mesmo os programas sociais. É o que passamos a vivenciar em 2015 e que deverá durar por alguns anos. Afinal, entre 1991 e 2013 a despesa primária do governo central cresceu de 11% do PIB para 18,9%, fato que exigiu, por não se cortar despesas, aumentar a fonte de receitas, ou seja, os impostos, de 25% para 36% do PIB no período. Em 2014 a situação piorou ainda mais. Como 85% desta elevação da despesa primária se devem aos programas sociais, muitos mal executados diga-se de passagem, torna-se lógico que os mesmos sofrerão percalços quando do necessário ajuste, especialmente se ainda enfrentarem contradições impactantes como é o caso da educação. Isso acontece principalmente porque os poderes da República resistem em cortar despesas adequadamente. O problema é que, no estágio em que nos encontramos, ou saem os ajustes ou o país afunda ainda mais, piorando a situação de todos. Assim, cortar subsídios (é o que vem acontecendo no setor elétrico) e modificar regras de alguns gastos sociais e da Previdência se torna imprescindível. Se isso não for feito, aumentará a carga tributária, a qual penaliza os cidadãos em geral e os mais pobres em particular, além de se refletir negativamente em nossa competitividade perante o mundo. Com o agravante de que esta última opção será feita para fechar o rombo no caixa público e não para melhorar os serviços estatais aos cidadãos, como deve ser o caso em país que se preze.

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