Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
10/11/2016
Dando sequência aos principais pontos ou
incertezas que o FMI aponta para a economia mundial em 2017 (ver comentário da
semana passada), a partir de seu relatório anual “Perspectivas Econômicas
Mundiais”, temos o Ponto 8. O mesmo
indica um único aspecto positivo que seria, talvez, a possibilidade de uma
pequena melhora nos países emergentes e em desenvolvimento, a começar pelo
Brasil e a Rússia, os quais poderão iniciar uma saída da recessão. Ponto 9: o crescimento da China deverá continuar a
recuar, passando de 6,6% em 2016 para 6,2% em 2017, mas o conjunto dos
emergentes poderá assistir a uma melhoria com a média passando a 4,2% em 2016. Ponto 10: todavia, ¾ da progressão do
PIB mundial dependerá dos países emergentes (especialmente China e Índia), o
que sempre é uma incógnita, pois o problema é que as perspectivas destes países
são desiguais e geralmente mais difíceis do que em anos passados. Ponto 11: o motor emergente pode a
qualquer momento diminuir, sob efeito de um reposicionamento chinês, de tensões
geopolíticas, e da fraqueza da demanda junto aos países ricos. Ponto 12: por enquanto, necessário se
faz reconhecer que os remédios empregados para combater a crise mundial,
iniciada em 2007/08, são, na melhor das hipóteses, insuficientes (na pior,
ineficazes). Ponto 13: o FMI, diante
de tais constatações, já admite que o apoio da atividade econômica pela via
orçamentária – os Estados gastarem mais – é indispensável desde que as margens
de manobra existam. Ponto 14: os
governos estão igualmente sendo chamados a consertar os balanços dos bancos e
realizar as reformas estruturais até hoje não realizadas. Todavia, esse
esforço, para ser mais eficaz, deve ser coordenado entre os grandes países,
algo que não se está conseguindo concretizar. Ponto 15: enfim, se os Estados agirem pouco e muito tarde, o perigo
é de o mundo deslizar para uma “estagnação secular”. Esta perspectiva se torna
cada dia mais tangível, particularmente junto a certos países desenvolvidos. Afora
esses 15 pontos, o mundo aumentou sua preocupação com a solvência do sistema
bancário em geral e europeu em particular. A crise do Deustche Bank (principal
banco privado da Alemanha), cujo balanço representa quase o PIB da Itália e
mais de 10% do PIB da Zona Euro, pode carregar junto todo o sistema financeiro
em um efeito dominó. Há riscos igualmente em bancos do Portugal e da Itália,
além da maioria de pequenos e médios bancos que, obrigados a fazerem enormes
provisões em razão da enorme inadimplência (inclusive no Brasil), se encontram
em dificuldades. E pensar que muita gente subestimou a crise mundial, assim
como subestima a brasileira.