Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
08/02/2018
O ano de 2018, em seus
primeiros dias, já está confirmando os alertas feitos! A economia passará por
grandes turbulências no Brasil. Apesar de alguns indicadores econômicos, caso
do PIB, apontarem para uma melhoria, os mesmos não são suficientes para
oferecer garantias de sustentabilidade no médio prazo. No cenário
internacional, o aquecimento da economia dos EUA confirma a necessidade de
aumento nos juros básicos daquele país. Isso fez com que estourasse a primeira
bolha especulativa do ano, com Nova York e as demais bolsas de ações mundiais
recuando fortemente neste dia 05/02. Existe a projeção de três aumentos de
juros nos EUA no corrente ano. Ora, juro mais alto naquele país tende a
deslocar capitais dos países emergentes, caso do Brasil, para a América do
Norte. Como o Brasil é tomador de capital externo, tal situação levará a uma
desvalorização do Real, com potencial inflacionário importante, o qual obrigará
a uma elevação de nosso juro básico (Selic). No front interno, a ameaça de o
governo brasileiro romper com a “regra de ouro” nos levou ao rebaixamento de
nossa nota de crédito no exterior, nos deixando três degraus abaixo do grau de
investimento (esta regra compõe a Lei de Responsabilidade Fiscal, determinando
que o montante das operações de crédito não pode ser superior ao valor dos
investimentos, tendo por objetivo impedir que o governo contraia financiamentos
para quitar despesas correntes, ou seja, para manter a máquina pública
funcionando. O descumprimento da mesma se equivale ao fato de um consumidor
usar o cheque especial como complemento salarial no final do mês, pagando
juros, ao invés de cortar despesas). Esta realidade reforça o fracasso do
governo na realização do ajuste fiscal necessário. Aliás, o rombo de R$ 124,4
bilhões nas contas do governo central em 2017, embora abaixo da meta corrigida
de R$ 159 bilhões, é enorme, representando 1,9% do PIB. O total da dívida
pública bruta brasileira deverá atingir 74,8% neste ano, contra 51,3% em 2011
(somente a dívida pública federal equivale, hoje, ao PIB total do México ou da
Indonésia). E para 2018, já há um buraco calculado ao redor de R$ 200 bilhões.
Neste contexto, acaba de ser anunciado um bloqueio no orçamento federal da
ordem de R$ 16,2 bilhões, visando permitir que se alcance pelo menos o déficit
primário projetado, que é de R$ 159 bilhões. Mas novos cortes serão
necessários, especialmente se a Reforma da Previdência não sair. E mesmo que
saia, será muito pequena e pouco ajudará (aliás, até o dia 20/02 tal reforma
será definida no país e, caso não saia, deixará o mercado nacional ainda mais
turbulento, com a Bovespa recuando e o Real se desvalorizando de forma mais
intensa, fato que forçará a reversão da Selic). (segue)