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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

2018: MAIS COMPLICADO QUE 2017 (Final)


Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
15/02/2018

Em continuidade ao comentário passado, soma-se aos aspectos ali destacados, com vistas a chamarmos atenção para o que poderá ser o ano de 2018 na economia brasileira, o fato de a inflação oficial, em porcentagem, ter potencial para quase dobrar, embora fique ao redor do centro da meta oficial (4,5% ao ano). Com isso, o consumo das famílias, que vem puxando timidamente o PIB, ficará mais comprometido. Especialmente porque continuamos tendo, neste início de 2018, um pouco mais de 60% de famílias brasileiras inadimplentes (no Rio Grande do Sul, as famílias inadimplentes em janeiro/18 eram 46,2% do total, contra 27,7% em janeiro/17). E a redução do desemprego pouco ajuda, pois ainda temos 11,8% de desempregados, sendo que os empregos gerados até o momento são majoritariamente informais e/ou de baixa qualidade (mesmo que com franca redução, 2017 foi o terceiro ano consecutivo com saldo negativo na geração de empregos no país). Portanto, de baixa remuneração (a quantidade de pessoas empregadas com carteira assinada recuou 2% no quarto trimestre de 2017, enquanto o percentual de trabalhadores sem carteira assinada aumentou 5,7%)! Aliás, o rendimento médio da população brasileira fechou 2017 em R$ 2.154,00, aumentando apenas 1,6% sobre 2016, enquanto a inflação oficial no ano passado foi de 2,95%. É bom lembrar que a média do endividamento brasileiro era de R$ 4.400,00 por pessoa no final de 2017. Ou seja, mais do que o dobro da renda auferida. Por outro lado, a turbulência maior está por vir na medida em que a campanha eleitoral para Presidente da República avançar em um contexto em que os pré-candidatos existentes não oferecem confiança. O risco de elegermos um “populista irresponsável para com as contas públicas” é enorme. Em tal contexto, não é por acaso que os investidores estrangeiros, em janeiro, já frearam suas participações no mercado brasileiro. Por sua vez, grande parte dos Estados da Federação estão quebrados, caso do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, o mesmo acontecendo com os municípios (no Rio Grande do Sul, 2017 terminou com 25% dos municípios no vermelho, com a situação geral devendo piorar em 2018). Enfim, a safra de verão atual será menor, com preços médios baixos, consolidando uma situação que já foi ruim em 2017. Ou seja, se no ano passado os preços não reagiram, porém, houve volume produzido, neste ano o risco é de, comparativamente, termos pouca mudança nos preços e menor volume de produção. Portanto, 2018 será muito turbulento, podendo mesmo ser mais complicado que 2017, confirmando, infelizmente, que estamos longe da saída da crise econômica e de uma recuperação sustentável.  

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