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terça-feira, 4 de março de 2014

UM PIB FRACO

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
06/03/2014


O IBGE anunciou que o PIB brasileiro, em 2013, ficou em apenas 2,3%. Esse PIB oficial não foi surpresa já que a expectativa de grande parte do mercado era de um percentual entre 2% e 2,5%. Apesar de bem superior ao 1% de 2012, importante se faz destacar que o mesmo é fraco por, pelo menos, duas razões: a) saiu de uma base de comparação muito baixa, que foi o resultado do ano anterior; b) as necessidades brasileiras de crescimento econômico são calculadas entre 6% a 7% ao ano, levando-se em conta o tamanho do país e sua população ativa. Ora, o PIB do ano passado é o terceiro consecutivo em níveis aquém do mínimo necessário, já que em 2011 o mesmo atingiu somente 2,7%. Temos aí a clara confirmação de que o modelo de sustentação econômica, via aumento do consumo interno, que resultou em um crescimento de 7,5% em 2010 (ano em que foi lançado), não durou muito, mesmo com todos os subsídios oficiais durante estes últimos quatro anos. Mas o resultado poderia ser pior, já que o crescimento do último trimestre de 2013 acabou positivo em 0,7%, descaracterizando a possibilidade de recessão econômica que a prévia do Banco Central havia indicado alguns dias antes. Todavia, há pouco o que comemorar. Afinal, boa parte da pífia performance foi sustentada pela agropecuária, que cresceu 7% no ano passado, puxada pela excelente safra de grãos (a indústria e os serviços cresceram somente 1,3% e 2% respectivamente), algo que não se repetirá na mesma proporção em 2014. Por sua vez, se o consumo das famílias ainda registrou 2,3% de aumento, o mesmo se deve particularmente ao primeiro semestre, já que na segunda metade do ano o endividamento e a inadimplência levaram os cidadãos a um maior cuidado nos seus gastos. Com um crescimento de apenas 4,3% no ano passado as vendas no varejo brasileiro obtiveram seu pior resultado nos últimos 10 anos, e as compras natalinas de 2013 apenas corroboraram tal quadro. Por outro lado, e o mais grave, é que o crescimento dos investimentos, embora chegando a importantes 6,3% em 2013, se deu basicamente em investimentos de consumo e não em infraestrutura. E a enorme carência desta última vem freando a economia do país há anos. Por falta da mesma, o sistema produtivo não conseguiu acompanhar a demanda estimulada em 2010, ocasionando uma pressão inflacionária que obriga o governo a aumentar os juros (a Selic, no final de fevereiro, passou para 10,75% ao ano, com tendência a aumentar um pouco mais no transcorrer de 2014). O aumento do juro básico, que rebate no comércio, cartão de crédito e cheque especial, eleva a percentuais estratosféricos o custo do dinheiro no país, freando definitivamente a economia. A ponto de o mercado indicar um PIB de apenas 1,6% para este novo ano, com muitos analistas nacionais e internacionais afirmando que 2014 já estaria comprometido, com o governo devendo se preocupar com 2015. E isso que tão somente iniciamos o terceiro mês do novo ano!  

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