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quinta-feira, 20 de março de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
22/03/2014

A IMPREVIDÊNCIA ENERGÉTICA
No início dos anos 2000 tivemos apagões importantes Brasil afora. Isso se deu à falta de chuvas que reduziram drasticamente os reservatórios de nossas usinas hidrelétricas. Na ocasião se verificou que o baixo investimento na infraestrutura do setor igualmente era uma causa relevante. Passados mais de 10 anos daqueles fatos nos deparamos, hoje, com problemas idênticos. Apesar de alguns ajustes e investimentos realizados no setor elétrico nacional, os mesmos se mostram distantes das necessidades do país. Desta forma, bastou uma nova redução no regime de chuvas em algumas regiões brasileiras para os apagões retornarem, muitos dos quais sem nenhuma relação direta com os reservatórios. Essa imprevidência na gestão pública, e na cobrança do bom funcionamento das empresas privadas junto ao setor, irá novamente cair no colo do consumidor, que terá uma conta salgada a pagar em 2015. Isso porque, por razões eleitorais, o aumento no preço da energia elétrica no Brasil virá apenas no próximo ano, aumentando o custo geral ao consumidor, pois represar aumentos de preços nunca foi solução (veja o caso da Petrobrás e o represamento no preço dos combustíveis).

A IMPREVIDÊNCIA ENERGÉTICA (II)
Na prática, a imprevidência nos investimentos de infraestrutura energética fragiliza o setor. O processo atual pode ser assim resumido: a falta de chuvas é apenas mais um componente que entra na equação, obrigando o governo a colocar em prática as termelétricas, custosas e poluidoras; isso torna a energia mais cara no Brasil, fato que penaliza as empresas do setor elétrico; para compensá-las, o governo acaba de anunciar um repasse de R$ 12 bilhões ao setor; esse repasse será pago na altura de R$ 4 bilhões pelo contribuinte, já que tal valor não terá retorno e sairá do Tesouro Nacional; os outros R$ 8 bilhões, que serão oferecidos como empréstimos às distribuidoras, virão do aumento nas contas de luz dos consumidores; muitos destes, portanto, pagarão a conta cheia, pois igualmente são contribuintes. Para não pesar demais o bolso do consumidor e a própria inflação, a ideia é escalonar os reajustes no tempo. Ou seja, após os demagógicos discursos e ações de redução no custo da energia elétrica no início de 2013, basicamente para se poder reajustar parcialmente o preço dos combustíveis, sem pesar demais sobre os índices inflacionários, o governo se obriga a voltar atrás um ano depois devendo provocar aumentos ainda maiores do que os esperados até então. Isso porque não realizamos investimentos adequados para o bom funcionamento energético do país.

A IMPREVIDÊNCIA ENERGÉTICA (III)
Para complicar as coisas, o impulso dado ao consumo das famílias, no afã de enfrentar a grande crise mundial que se instalou em 2007/08, acabou permitindo aos brasileiros adquirirem mais ventiladores, aparelhos de ar-condicionado, splits, televisores, geladeiras, freezers.... Assim, o consumo de energia elétrica se multiplicou sem que criássemos a infraestrutura necessária para dele darmos conta. Aliás, o mesmo ocorre com os automóveis e as estradas e ruas urbanas, aeroportos e número de viajantes e assim por diante. Nesse quadro, como investir nesse tipo de infraestrutura é um processo que leva tempo para maturar, o risco de desabastecimento elétrico no país é enorme. A imprevidência está cobrando seu preço, após os avisos de mais de uma década atrás. Como crescer economicamente sem acesso adequado a tal insumo? Impossível nos dias de hoje! Provavelmente, além do aumento nas tarifas para todos, seremos obrigados a conviver, em muitas regiões do país, com racionamento de energia elétrica por muito tempo, particularmente no verão. Obviamente, o retorno à normalidade no regime de chuvas ajuda em muito a enfrentar o problema, porém, somente isso não será suficiente para resolver mais esta grave lacuna econômica nacional.



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