Prof. Dr. Argemiro
Luís Brum
CEEMA/DACEC/UNIJUI
19/03/2014
Os preços internacionais da
soja subiram neste primeiro trimestre de 2014, puxados pela preocupação mundial
com a quebra de safra na América do Sul. Embora ainda haja muita controvérsia a
respeito, a produção sul-americana deverá perder entre 11 a 14 milhões de toneladas,
na hipótese mais otimista. Diante disso, o bushel de soja em Chicago, que em
safra normal estaria entre US$ 12,00 e US$ 12,50 nesse momento, atinge valores
entre US$ 13,80 e US$ 14,20. Mas as condições futuras (segundo semestre)
apontam para um recuo de preços. Isso em função de alguns fatores importantes:
1) se a quebra sul-americana ficar nestes níveis, ainda assim a produção total
será recorde; 2) a intenção de plantio do produtor dos EUA (relatório em 31/03)
estaria indicando um aumento entre 4% a 8% na área de soja naquele país; 3)
isso, em condições normais de clima, elevaria a produção estadunidense
(colheita em outubro) para 96,5 milhões de toneladas, contra 89,5 milhões
colhidas na safra passada; 4) a economia dos países desenvolvidos dá sinais de
recuperação, fato que tende a aumentar os juros locais levando a um
deslocamento do capital financeiro especulativo das commodities para os títulos
públicos destes governos; 5) a China reduz seu crescimento econômico para
níveis anuais de 7,5%, fato que pode atingir seu consumo interno; 6) o Brasil e
a Argentina igualmente deverão aumentar um pouco mais suas áreas de soja para
2014/15; 7) o dólar se valoriza na economia internacional, fato que leva o
preço das commodities a recuarem em dólares, no tradicional efeito de
compensação (o inverso também é verdadeiro). É nesse contexto que o Fórum
Outlook do USDA, em fevereiro, projetou o bushel de soja, para o produtor
estadunidense, em torno de US$ 9,50 na média de 2014/15. Na mesma linha, a Agroconsult,
no recente Fórum Nacional da Soja realizado na Expodireto/Cotrijal, no dia 11
de março, avançou que o bushel de soja pode recuar para a média de US$ 11,50
neste segundo semestre e para valores entre US$ 10,00 e US$ 11,00 para 2015.
Nesse último caso, mesmo que o dólar saia dos atuais R$ 2,35 para R$ 2,60, o
saco de soja ao produtor gaúcho, no balcão, ficaria, em média, entre R$ 47,00 e
R$ 52,00, contra os R$ 55,00
a R$ 60,00 que agora se projeta para abril/maio do
corrente ano.