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quarta-feira, 12 de março de 2014

TENDÊNCIAS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
(CEEMA/DACEC/UNIJUI)
15/03/2014

FÓRUM DA SOJA: O BRASIL EM RISCO
Por ocasião da Expodireto Cotrijal deste ano tivemos o 25º Fórum Nacional da Soja. Dentre os diversos assuntos de importância ali debatidos, um destaca-se aqui a partir da tradicional Carta do Fórum, divulgada sempre no seu encerramento. O mesmo vai ao encontro do que estamos alertando há meses, em uma perspectiva de médio prazo. Segundo o palestrante Alexandre Englert Barbosa, economista-chefe do Banco Cooperativo Sicredi, o mundo desenvolvido se encontra em recuperação da crise econômico-financeira de 2007/08. Todavia, a normalidade destas economias se dará em outro contexto daqui em diante. Nesse quadro, os países emergentes irão sofrer mais, porém, de forma assimétrica. Enquanto o mundo deverá crescer 3,7% em 2014 e 4,1% em 2015, segundo o FMI, os EUA deverão se aproximar do crescimento observado entre 2004-2007, a região do Euro ainda registrará uma reação econômica muito baixa, enquanto a China assistirá a um recuo de 12% para 7% em seu crescimento médio anual. Quanto ao Brasil, com um crescimento baixo e ajuste fiscal insuficiente, o país apresenta um reduzido crescimento e está em risco. Afinal, nosso país, de 2011 em diante registra um descolamento em relação ao crescimento mundial, ficando aquém da média mundial. E a recuperação das economias desenvolvidas não resolverá a situação. Especialmente porque a recuperação dos EUA, por exemplo, eleva a taxa de juros de seus títulos públicos, fato que altera a circulação do capital internacional, fazendo-o se destinar em maior volume para os países ricos. Isso deixa os emergentes, e particularmente o Brasil, com menor liquidez, fragilizando suas economias. É isso que nos leva a fazer parte, neste início de 2014, do grupo de países batizado de “vulneráveis”, e não há perspectiva no médio prazo de sairmos do mesmo.

FÓRUM DA SOJA: O BRASIL EM RISCO (II)
Nesse contexto, a taxa de câmbio no Brasil deverá manter um processo de desvalorização do Real. Para enfrentar tal problema o país terá que fazer um importante ajuste fiscal, acompanhado de um aumento ainda mais expressivo de sua taxa básica de juros. Todavia, tal ação parece não ser o objetivo imediato do governo. Em sendo assim, a taxa cambial brasileira deverá fechar o ano em R$ 2,55 e para o final de 2015 se estabelecer ao redor de R$ 2,65.  Quanto à inflação e os juros, se o objetivo oficial for trazer a primeira para o centro da meta, ou seja, 4,5% ao ano, a Selic terá que ser elevada para 11% neste ano (talvez um pouco mais) e para 12,25% em 2015. Em tal contexto, o crescimento da economia brasileira, para melhorar, terá que superar uma série de desafios. No que diz respeito aos desafios conjunturais, tem-se: o crédito moderado; o comprometimento da renda e o alto endividamento do consumidor (45% da população); a recuperação mundial com a consequente desvalorização do Real; a taxa de juros em alta com efeitos defasados; a confiança em queda; a dívida bruta elevada (beirando os 60% do PIB) com grande necessidade de ajuste fiscal; a baixa poupança, após forte incentivo ao consumo (o modelo de crescimento calcado no consumo interno se esgotou, a tal ponto que as vendas no varejo recuaram para apenas 4,4% em 2013, se constituindo no pior resultado nos últimos 10 anos); e a redução da liquidez mundial.

FÓRUM DA SOJA: O BRASIL EM RISCO (III)
Quanto aos fatores estruturais a serem enfrentados, tem-se: a redução no número de pessoas no mercado de trabalho e/ou dispostas a trabalhar devido a menor natalidade e a baixa qualificação; a precária infraestrutura nacional, elevando o chamado custo-Brasil; a falta de energia elétrica (há forte risco de racionamento de energia por questões naturais, mas particularmente por falta de investimentos em infraestrutura no setor); e a baixa produtividade. Sem vencer tais gargalos nosso crescimento ficará por muito tempo entre 1,5% e 2,5% anuais, o que é largamente insuficiente para as necessidades do país (aliás, o que vem salvando o crescimento do país é o agronegócio, graças às boas safras agrícolas). Para melhorar as perspectivas de crescimento o país deve voltar, urgentemente, a respeitar o tripé que consolidou a estabilidade da economia, posto em prática em 1999: superávit primário; meta inflacionária; câmbio flutuante. Soma-se a isso a necessidade de um ajuste fiscal profundo, com melhoria da qualidade do sistema educacional, acompanhado de uma maior participação do setor privado em obras de infraestrutura já que o Estado não tem condições de executá-las. Enfim, criar um ambiente de segurança jurídica para o empreendedorismo.



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