Muito se
tem discutido, a ponto de se ideologizar o problema, sobre as duas principais
estratégias de combater a pandemia da Covid-19: fechar a economia ou não a
fechar. Uma boa resposta nos vem da análise do exemplo dado pela Suécia e a Dinamarca,
países vizinhos entre si e de mesmo padrão socioeconômico. Entre março e maio
passados, o primeiro optou por não fechar a economia. O segundo promoveu um
fechamento praticamente completo da mesma. Passadas nove semanas das medidas, a
Dinamarca e seus 5,8 milhões de habitantes lamentou a morte de 548 pessoas
causada pela Covi-19. Já a Suécia, com seus 10 milhões de habitantes, lamentou
a morte de 3.698 pessoas. Em termos econômicos, após este período, notou-se que
a economia sueca não foi poupada dos efeitos da crise provocada pela doença, como
se poderia imaginar. Neste país, 80.000 pessoas foram desempregadas, a taxa de
desemprego passou de 7% no início do ano, para 8,4% em meados de maio,
caminhando para 11% até o final do ano, enquanto seu PIB deverá conhecer uma
queda entre 7% a 10% em 2020. Por quê? Porque a população diminuiu
consideravelmente seu consumo e sua circulação, mesmo não estando proibida, e
porque o comércio internacional caiu significativamente, atingindo em cheio o
setor produtivo local. No setor de hotelaria e restaurantes, o faturamento caiu
75% no período, sendo que em abril passado 50.000 empresas suecas haviam
solicitado o sistema de desemprego parcial. Na Dinamarca, a economia recuou um
pouco mais, porém, a diferença, segundo estudos feitos por economistas dinamarqueses,
foi marginal. Ou seja, a baixa no consumo na Dinamarca foi de 29% enquanto na
Suécia foi de 25%. Isto desmente a ideia pré-concebida de que o confinamento
seria o responsável maior pela queda no consumo. O mesmo é causador sim deste
fato, porém, sua intensidade não difere de outras regiões que não o fizeram,
pois há outros fatores que provocam um recuo no consumo: desde os cuidados
sanitários particulares das pessoas, até a renda disponível, passando pelas
incertezas quanto ao futuro. Ou seja, a Suécia sem confinamento travou sua
economia naturalmente quase na mesma intensidade de que seu vizinho confinado.
Todavia, para efeitos econômicos semelhantes, resultados sanitários diferentes:
na Suécia houve 575% mais mortes de pessoas a lamentar (3.150 pessoas), naquele
período de tempo (cf. Le Monde, Paris-França). Embora a realidade de países
subdesenvolvidos como o nosso tenha suas diferenças, em relação a este debate a
experiência sueco-dinamarquesa exige profunda reflexão, pois ao não atacarmos a
pandemia na intensidade necessária, no seu início, acabamos ficando no pior
cenário: o de prolongar o problema, assim como seus custos em vidas e
econômicos, sem expectativa de resolução.
:)
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