Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
23/05/2013
Há exatos cinco anos, em 20/05/2008, o índice da Bovespa atingiu o seu
recorde histórico, cravando 73.516 pontos. Os brasileiros não sabiam, embora
alguns já desconfiassem, que tal marca seria o ápice de nossa Bolsa por um longo
tempo. De fato, passados cinco anos nunca mais a mesma atingiu tal ponto. E os
sinais vinham de todos os lados, indicando que um movimento de correção
importante deveria ocorrer. Em primeiro lugar, puxado pela euforia externa
pós-crise das empresas ponto.com nos EUA, em 2000/01, e pela confirmação de que
o governo Lula não iria alterar os rumos econômicos do Brasil, dando sequência
à estabilidade da economia, o Ibovespa disparou 730% entre o final de 2002 e a
data fatídica de 2008. Em segundo lugar, não havia lógica econômica que pudesse
explicar tal valorização, salvo um enorme movimento especulativo, que sempre
tem um triste fim, na medida em que as empresas que tinham suas ações tão
valorizadas na Bolsa, na economia real não conseguiam gerar um PIB nacional, em
média, superior a 3% ao ano. Enfim, a crise financeira mundial já havia
iniciado em agosto de 2007 e estava a ponto de atingir a economia real, fato
que ocorre em setembro de 2008. Esta crise provoca uma severa correção bursátil
no mundo. No Brasil, o Ibovespa, em outubro de 2008, despenca para apenas
29.435 pontos, registrando uma perda de 60% cinco meses após ter alcançado o
seu recorde. E, de lá para cá vem oscilando na faixa dos 50 a 60.000 pontos, salvo raros
momentos. O fechamento deste dia 20/05/2013, por exemplo, ficou em apenas 55.696
pontos. Assim, em cinco anos completos as perdas na Bovespa somam quase 25%,
inibindo novos aplicadores. E o quadro de médio prazo tende a não melhorar, na
medida em que neste ano de 2013, desconfiados com a política econômica que o
governo brasileiro vem adotando nos últimos dois anos, onde o crescimento da
economia se vê comprometido, os aplicadores estrangeiros diminuíram suas
presenças em nosso mercado bursátil. Assim, enquanto Wall Street (a Bolsa de
Nova York) já recuperou o seu índice de antes da crise de 2007/08, tendo gerado
um ganho de 18% apenas neste ano, o Ibovespa acusa perdas acumuladas de 10% em
2013. No longo prazo, obviamente, uma recuperação nacional se espera, nem que
seja na esteira do movimento mundial, porém, para quem comprou ações no início
de 2008 e ainda às possui (e teria sido um erro vendê-las na baixa), a espera
tende a ser longa, muito longa, em condições racionais da economia. Pois além
de aumentar 32%, apenas para recuperar a marca de 20/05/2008, nosso aplicador
tem que obter ganhos adicionais que compensem o que ele deixou de ganhar se
tivesse aplicado seus recursos em outro ativo. Por exemplo, nestes últimos
cinco anos, a poupança brasileira, pelo cálculo antigo, rendeu 41%. Um
adicional que nosso aplicador em Bolsa precisará recuperar para, pelo menos,
empatar com a considerada pior aplicação do mercado brasileiro.