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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Tendências



Prof. Dr. Argemiro Luís Brum


O FUTURO BRASILEIRO EM JOGO (I)

Por ocasião do 1º de maio deste ano, Dia do Trabalho, dois assuntos predominaram nos debates nacionais: inflação e emprego. Nesse contexto, surgiram duas ideias, dentre tantas, que merecem uma análise mais apurada: voltar a indexar o reajuste salarial, fazendo com que o mesmo aconteça a cada trimestre conforme o comportamento inflacionário; gerar desemprego seria a saída para conter a inflação. Nenhuma delas se sustenta se realmente desejamos manter o país na estabilidade econômica e pensamos em gerar reais condições para, um dia, chegarmos ao almejado desenvolvimento. Em primeiro lugar, recuperar a famigerada indexação dos salários, embora a economia ainda tenha muito desta prática em diferentes setores, é um retrocesso. A ideia, que vem de algumas Centrais Sindicais, seria um “tiro do pé” para os próprios trabalhadores. Isso porque a inflação nacional atual, embora elevada (no acumulado do ano atinge a 6,49%) ainda não justifica medidas deste tipo, que tinham alguma razão em épocas de hiperinflação. Hoje, a adoção de tal medida iria alimentar a inflação, sem um correspondente aumento de competitividade do trabalho (algo que já se percebe há alguns anos no país), além de elevar o desemprego, pois nesta combinação de salários elevados e baixa produtividade não há empresário que resista por muito tempo. Em segundo lugar, se é verdade que o desemprego tende a gerar menor pressão sobre os preços, esta medida não é desejável e nem mesmo aceitável em um país como o nosso. Para gerar desemprego teríamos que frear a economia, realidade que já estamos vivendo há dois anos e que deveremos continuar vivenciando nos próximos anos caso a crise mundial não se resolva. E mesmo assim, em alguns setores existe quase o chamado “pleno emprego”, um conceito um tanto vago para a realidade política brasileira. Por outro lado, a necessidade de aumentar o juro básico (Selic) para conter a inflação, no curto prazo, já estará atuando no sentido de frear a economia. Portanto, também não serve! O que precisamos mesmo são medidas mais profundas e objetivas. Não é novidade para ninguém, embora o país não consiga as executar, que o necessário para conter a inflação, melhorar a estabilidade econômica e gerar as condições para um real crescimento, adequado às demandas nacionais, seguido de um desenvolvimento mais equilibrado, são as reformas estruturais no Estado nacional e no seu funcionamento.

 

O FUTURO BRASILEIRO EM JOGO (II)

Trata-se das conhecidas reformas administrativa, tributária, fiscal, trabalhista, política, judicial, previdenciária, educacional e tantas outras que precisariam ser feitas com o sentido de se pensar um Brasil para o futuro, com ganhos para o conjunto da sociedade. Como é o individualismo e o corporativismo que impera neste país subdesenvolvido que somos, nada acontece. Um simples exemplo de nossa incompetência em realizarmos o que se deve realizar pode ser dado com notícias que circularam na imprensa nesta semana: 1) Portugal, que abusou de consumir sem poupar, durante anos, está no olho da atual crise mundial. Para obter crédito internacional e tentar sair do buraco onde se meteu, o país acaba de decidir demitir 30.000 funcionários públicos, cortar 10% dos gastos dos ministérios em 2014, mudar a idade da aposentadoria para os funcionários públicos e aumentar a jornada de trabalho deste funcionalismo de 35 para 40 horas semanais; 2) aqui no Brasil, onde tanto precisamos de reformas, caminhamos a passos largos para sermos amanhã o Portugal, a Espanha ou a Grécia de hoje, muitos lutam para reduzir a jornada de trabalho para 35 horas semanais; manter os privilégios em todas as esferas de governo, inclusive as municipais; o Estado continua gastando em bobagens de toda a ordem (acabamos de descobrir que o presidente do Senado, Renan Calheiros, às voltas com escândalos de toda ordem, mantém mordomo ganhando R$ 18.000,00 mensais para servir cafezinho, inclusive em sua residência oficial; descobrimos igualmente que o Senado paga até R$ 20.000,00 mensais por funcionário para que os mesmos realizem o despacho das bagagens dos senadores no aeroporto de Brasília; e assim por diante). Qual a diferença entre Portugal e Brasil? Portugal já passou pela realidade do gasto fácil sem muito trabalho e agora, após afundar na crise, age duramente para recuperar sua economia, o que levará anos. O Brasil, com pouca visão de futuro e ignorando os exemplos mundiais, continua agindo na direção do precipício da crise estatal sem retorno, incapaz de mudar de rumo e evitar que venhamos a afundar, nos próximos anos, com todas as conseqüências sociais nefastas que nos esperam. Ou o povo acorda ou ........

 

 

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