Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
O ano de 2012/13 pode estar se revelando, aos poucos, o da virada de um
ciclo para o mercado das commodities no mundo. Após as fortes altas de preços
internacionais, iniciadas em 2007, quando do começo da crise
econômico-financeira mundial, a tendência atual indica um retorno a preços
menores, com uma nítida acomodação do mercado. Isso se deve, naturalmente, ao
aspecto recessivo da economia mundial, que já dura seis anos, mas também ao
fato de que o capital especulativo voltou a apostar nos ativos financeiros,
especialmente as Bolsas de Valores (Wall Street vem batendo recordes de alta
nas últimas semanas), deixando de lado, em parte, as Bolsas de Mercadorias.
Soma-se a isso a recuperação das safras de grãos no mundo e a redução no ímpeto
consumista chinês, em função de uma inflação interna que lá também preocupa.
Desta forma, se o bushel de soja ainda se mantém acima de US$ 14,00 em Chicago
neste momento, a tendência para o final do ano é de o mesmo recuar para níveis
abaixo de US$ 12,00. No recente relatório de oferta e demanda do governo dos
EUA (10/05), o preço médio a ser obtido pelos produtores daquele país ficaria
entre US$ 9,50 e US$ 11,50/bushel durante o próximo ano comercial 2013/14, com
início previsto para setembro/13. Isso em função de uma demanda menos intensa
e, principalmente, de uma oferta de soja que cresce muito em perspectiva. Assim ,
para o novo ano 2013/14 a produção sul-americana atingiu a 146 milhões de
toneladas (Mt), contra 117 Mt no ano anterior. A projeção para a nova safra dos
EUA, a ser colhida em outubro próximo, está agora em 92,2 Mt, contra 82,0 Mt no
ano anterior. Em termos mundiais, a produção passaria para 285,5 Mt, após 269,1
Mt em 2012/13. Nessas condições, os estoques finais nos EUA e no mundo
cresceriam respectivamente para 7,2 Mt (3,4 Mt atualmente) e 75 Mt (62,5 Mt
atualmente). Obviamente, muito disso depende do clima nos EUA e da real safra
de soja que o país norte-americano ainda colherá. Mas se os números vierem a se
confirmar, conforme a tendência, os preços em reais da soja, para os produtores
gaúchos, por exemplo, que chegaram a superar R$ 70,00/saco, no balcão, em
setembro/12, após já terem recuado para R$ 53,00/saco nesta primeira quinzena
de maio/13, poderão muito bem se estabelecer em R$ 43,00/saco no final do
corrente ano, em se mantendo um nível cambial ao redor de R$ 2,00 por dólar. E
isso, mesmo que o prêmio no porto melhore. E nota-se que o processo é o mesmo
para o milho, trigo e outras culturas negociadas internacionalmente. Em sendo
assim, o mundo e o Brasil estariam deixando para trás o ciclo de euforia no
mercado das commodities para entrar novamente no ciclo da racionalidade.