Argemiro
Luís Brum
25/10/2018
Para
sairmos do buraco onde fomos colocados é preciso: uma liderança determinada por
parte do presidente eleito; uma forte coalizão no Congresso; um grande e
persistente esforço de comunicação e convencimento da sociedade sobre a
necessidade das reformas. O desafio é imenso e, sim, infelizmente existe a
possibilidade de que o próximo governo, qualquer que seja ele, não arrume as
contas públicas, fato que elevará ainda mais a dívida pública, sendo motor de
inflação e outros descontroles. O impacto na economia será tanto maior quanto
maior for a percepção do mercado de que o novo governo não fará ou conseguirá
fazer o ajuste fiscal e as reformas estruturais necessárias para restaurar os
fundamentos de nossa economia. É apenas através desse movimento que poderemos
reduzir a pobreza e a desigualdade entre os brasileiros, situação fundamental
para a economia reagir. Hoje, 35% dos brasileiros possuem renda insuficiente
para pagar as contas em dia. Outros 46% dos consumidores informam que, embora
não falte dinheiro, nada sobra com a renda que possuem. Ou seja, são 81% dos
brasileiros incapacitados de gerar um consumo que alavanque a economia de forma
sustentável. Não é por nada que recente estudo da FGV nos mostra que no final
do 2º trimestre de 2018 havia 23,3 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha
de pobreza em nosso país, com rendimentos inferiores a R$ 232,00 por mês,
representando 11,2% da população. O estudo revela ainda que a miséria, nos
últimos quatro anos, resultado de políticas econômicas desastrosas na última
década, subiu 33% no país. No período da forte recessão (final de 2014 até
meados de 2016), ápice do desastre econômico, a renda média dos brasileiros
recuou para os níveis de 2012, enquanto o bem-estar social caiu 10,6%. Se, de
lá para cá, a renda recuperou 40% do que havia perdido, em termos de bem-estar
geral da Nação nada ocorreu. E o efeito do empobrecimento brasileiro é ainda
mais dramático entre os jovens (-20,1% entre 15 e 19 anos e -13,9% entre 20 e
24 anos). Em conclusão podemos dizer que: 1) se o próximo governo não conseguir
fazer as medidas que estabilizem e reduzam a dívida pública, entregará o poder
em 2022, com uma economia pior do que está hoje; 2) se, ao contrário, conseguir
realizar os ajustes, mesmo que não sejam completos, a economia poderá voltar a
crescer 3% ao ano e teremos um respiro temporário, chegando a 2022 com um
caminho melhor; 3) os dois candidatos eleitos para o 2º Turno presidencial não
oferecem segurança em suas propostas político-econômicas, por enquanto, de
conseguirmos espaço para melhorarmos o quadro econômico-social do país; 4)
resta esperar que a prática de quem será eleito nos prove o contrário, para o
bem do país.