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quinta-feira, 17 de março de 2016

O QUANTO PERDEMOS

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
17/03/2016

As questões políticas, com os desdobramentos da Operação Lava-Jato nesta primeira quinzena de março/16, levaram o mercado e a sociedade a quase ignorar um conjunto de informações econômicas decisivas para o nosso futuro. As mesmas indicam que não basta apenas mudar de governo para o Brasil melhorar. É preciso mudar de postura na gestão pública, colocando em prática rapidamente um governo responsável, pois o trabalho de recuperação econômica e da renda nacional será longo e árduo. Nosso PIB em 2015 foi negativo em 3,8%. Desde 1948, este foi apenas o sétimo ano de PIB negativo no país. Este PIB foi o pior desde 1990. Com isso, a renda per capita recuou 4,6% entre 2014 e 2015. Para piorar o cenário, as projeções de PIB para 2016 indicam outros 4% negativos, podendo isso continuar para 2017, embora com menor intensidade. O Brasil não assiste a dois anos consecutivos de PIB negativo desde o início dos anos de 1930. Todavia, o quadro não é de hoje! O desastre econômico começou quando o governo, em 2009, decidiu colocar em prática a chamada “nova matriz econômica”, sustentada por gastos públicos sem limites, pressionado que foi pela grande crise mundial de 2007/08 e por grande dose ideológica. Em pouco tempo a receita se esgotou, tanto é verdade que, não considerando os 7,6% de PIB em 2010, uma exceção, entre 2009 e 2015 o crescimento médio anual da economia brasileira ficou em apenas 0,5%, contra 3,73% anuais entre 2000 e 2008 e, sobretudo, 4,84% anuais entre 2004 e 2008. É bom lembrar que, pelo tamanho atual do país, precisaríamos de um crescimento anual médio de 4% nestes anos 2000 para dar conta das necessidades básicas de qualidade de vida do conjunto da população. Mas isso é o passado! Pois o futuro não acena com melhorias rápidas. A taxa de investimentos, em 2015, ficou negativa em 14,1%, recuando para 18% do PIB quando o necessário seria 25% deste mesmo PIB. Sem investimentos, o crescimento futuro está comprometido. Agora, para investir é preciso poupança. Ora, nossa taxa de poupança, em 2015, recuou para apenas 14,4% do PIB, ante 16,2% em 2014, sendo que o ideal igualmente fica ao redor de 25%. Ao mesmo tempo, o governo continuou gastando cada vez mais, e muito mal. A dívida pública nacional, que era de 51,3% do PIB em 2011, atingiu a 66,2% em 2015, exigindo um profundo ajuste fiscal que não avança. Quanto ao PIB per capita (ver Monica de Bolle, ZH 12-13/03/16, p.37), as projeções atuais dão conta de um recuo de 9% entre 2013 e 2017 em nosso país. Isso equivale ao que vivemos entre 1989 e 1992. Nesta época, levamos oito anos para recuperar a renda per capita de 1989. E isso graças ao Plano Real. Assim, na melhor das hipóteses, para voltarmos à renda per capita de 2013, somente em 2021 (o resto do mandato da presidente Dilma e todo o mandato do novo governo a ser eleito no final de 2018, qualquer que seja ele). Isso se nenhuma aventura “desenvolvimentista” surgir pelo caminho. Além disso, não há um novo Plano Real no horizonte. Isso nos dá uma das tantas dimensões do que perdemos nestes últimos anos de gestão pública irresponsável

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