Argemiro Luís Brum
06/09/2018
Chegamos ao 196º aniversário de nossa independência
política, infelizmente com nada a comemorar. Continuamos um país
subdesenvolvido, com pouquíssimas chances de reverter tal situação. Pior: a
rara oportunidade que tivemos para dar início a tal processo de recuperação,
jogamos fora com políticas populistas e gestões públicas incompetentes nestes
últimos 12 anos. Com isso, o Brasil piorou. Nosso PIB patina ao redor de 1% ao
ano, flertando constantemente com a recessão (no segundo trimestre de 2018 os
segmentos da indústria de transformação e da construção civil acusaram
novamente estarem em recessão técnica); nossa taxa de investimentos não sai dos
16% do PIB; uma alta potencial da inflação volta a bater à porta, novamente por
reajustes dos preços administrados e não pela dinâmica da demanda; o desemprego
continua elevado (12,6% da população ativa) e só recua em função de sua fórmula
de cálculo e não pela realidade vivida pelos cidadãos; a inadimplência no
Brasil atinge a 63,4 milhões de cidadãos, segundo o SPC, representando cerca de
2/3 da população em idade de consumir (isto representa quase uma Itália inteira
de inadimplentes); a corrupção continua “solta” no setor público e privado
nacional, apesar dos esforços de segmentos do Ministério Público e da Polícia
Federal; o Estado continua aumentando seu rombo, e nada é feito de concreto
para ajustar as contas públicas (a dívida pública bruta se aproxima de 78% do
PIB, contra 51,5% em 2013); em paralelo, os gastos com salários desmesurados no
setor público continuam; grande parte da juventude nacional, nossos cérebros, só
pensa em abandonar o país; uma tragédia anunciada, estilo Argentina e
Venezuela, está cada vez mais próxima; e assim chegamos a mais uma eleição geral
no país. E, além de os candidatos que se apresentam não transmitirem confiança,
uma população despreparada e sem esperanças volta a buscar no populismo
irresponsável uma saída, colocando na ponta das pesquisas desde políticos
presos por corrupção, até candidatos demagogos que pouco sabem do que estão
falando, num claro analfabetismo funcional. Nenhum coloca como prioridade a
educação do brasileiro. E a reação da sociedade indica que este instrumento,
fundamental para tirar um país do fundo do poço, igualmente não é prioridade há
muito tempo. Em tal contexto, não basta estarmos entre as 10 maiores economias
do mundo; termos reservas cambiais importantes para defender nossa moeda;
colocarmos no governo uma equipe econômica preparada para os ajustes e reformas
estruturais necessários; realizarmos discursos inflamados e mesmo artigos como
este. É preciso que os cidadãos brasileiros queiram realmente mudar para melhor
o país. Para isso ser possível, é preciso entender o que aqui acontece. E para
entender, é preciso formação, educação, cultura. Como está o país neste
quesito? (segue)