Prof.
Dr. Argemiro Luís Brum
10/05/2018
Nesta hora brasileira em que o juro básico
caiu para 6,5% ao ano, servindo especialmente para balizar o que os bancos pagam
pelas nossas aplicações, mas pouco servindo para reduzir os juros que os
brasileiros pagam ao setor financeiro, especialmente cheque especial e cartão
de crédito, muitas pessoas voltam a se interessar pelas aplicações em bolsa de
valores (no caso brasileiro a Bovespa). Afinal, nos primeiros quatro meses de
2018 a mesma registrou um ganho expressivo de 13,1%, enquanto os demais rendimentos
financeiros, em sua maioria, não chegaram a 2%. Mas ganhar com aplicações em
ações não é simples. Diante das diversas considerações possíveis a respeito,
vamos aqui (e na próxima coluna) destacar algumas. Em primeiro lugar, na nossa
Bovespa duas grandes empresas (Petrobras e Vale do Rio Doce) dominam geralmente o
movimento bursátil. Assim, há forte concentração de valores na Bolsa e a
oscilação no valor das ações das duas empresas, a partir de suas saúdes
econômico-financeiras, são fundamentais. Em segundo lugar, é preciso se
informar com especialistas do ramo quanto ao funcionamento da Bolsa e procurar
observar, em um período longo, como e o porquê da ocorrência das oscilações nas
cotações das ações. Em terceiro lugar, se realmente a pessoa quiser investir na
Bolsa, deve começar com poucos recursos, visando um exercício-teste, até “pegar”
os macetes e a prática do processo. Enfim, é importante se assessorar de
corretores especializados na matéria. É preciso entender que aplicar em Bolsa
de Valores (não confundir com Bolsa de Mercadorias), pensando em ganho fácil, é investir no risco, pois o processo é de risco. Ou seja, assim como se
pode ganhar dinheiro, igualmente se pode perder muito dinheiro. Para quem não
gosta de arriscar o seu dinheiro, não se aconselha investir neste instrumento,
pois a Bolsa não deixa de ser um "jogo". Dito isso, em épocas de
crise pode ser interessante aplicar em Bolsa, pois é possível comprar ações
mais baratas de empresas importantes. Porém, na sequência é preciso
monitorar constantemente as oscilações e o mercado bursátil para saber o
momento de realizar a venda e auferir o lucro. Caso, após a compra, os preços
recuarem, não se assustar tentando vender o que comprou porque é perda
certa. Importante, nestes casos, é perseverar até que o mercado se recupere (as
vezes pode levar anos). Mas cuidado: o cálculo deve levar em conta não apenas a
recuperação do capital aplicado e sim, também, recuperar aquilo que se teria
ganho no período caso o investimento tivesse sido feito em outra aplicação mais
segura (Poupança, LCA, LCI...). Portanto, depois de comprar, se o mercado
subir, saber a hora de vender. Ao mesmo tempo, jamais tentar ganhar o máximo
(na expectativa de que sempre irá subir), pois como se trata de um mercado dominado
pela especulação, o tombo pode ser rápido e violento. (segue)