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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

COMEÇOU A TRAVAR (?) (I)


Argemiro Luís Brum
05/12/2019

Depois da reforma previdenciária, que saiu incompleta, o governo não conseguiu (ou quis) avançar nas demais reformas estruturais, especialmente a tributária e a administrativa. A discussão das mesmas fica para 2020, após o recesso do Congresso, ou seja, a partir de março. Considerando que o próximo ano é de eleições, pouco se tomará de decisões difíceis como estas a partir de julho. Assim, o governo terá de quatro a cinco meses para fazer alguma coisa neste sentido. Muito pouco! O motivo principal desta freada no processo vem do exterior e, particularmente, dos países vizinhos. As reformas são fundamentais, o ajuste fiscal do Estado necessário, o acerto das contas públicas urgente, porém, tudo isso deve ser bem-feito, ou seja, de forma igualitária, sem penalizar alguns (geralmente os pobres e a classe média) em favor de outros (os mais abastados). Ou seja, a política econômica liberal é bem-vinda, porém, deve ser bem executada. O estouro social em diferentes países do mundo em geral e da América do Sul em particular, nestes últimos meses, confirma que, qualquer que seja o modelo econômico adotado, sem ações igualitárias, o processo freia dia mais dia menos, inclusive comprometendo o futuro da Nação. Já vimos no que deu o uso irrestrito do Estado, sem controle dos gastos públicos. Estamos vendo agora no que dá (ou pode ainda dar) em ações ultraliberais de correção, sem que as mesmas sejam bem-feitas (entendidas aqui, e sempre foi este o sentido, desde que respeitem a realidade econômica das diferentes classes sociais). O governo brasileiro dá sinais de estar assustado com os fatos externos a este respeito e ficou perdido nos últimos tempos em como agir. A ponto de insistir com indicativos em torno do retorno do AI-5 ditatorial caso haja manifestações importantes contra as medidas econômicas. De fato, se as correções econômicas do atual governo, embora necessárias, continuarem a penalizar alguns segmentos sociais em favor de outros (geralmente sempre os mesmos) o país vai estourar, como ocorreu em 2013. Além disso, o presidente da República e sua prole ainda não aprenderam a agir como manda a nova situação política que ocupam, mais atrapalhando do que ajudando ao encaminhamento das soluções para os problemas econômicos nacionais. A significativa saída de dólares do país neste segundo semestre, mesmo depois de aprovada a reforma da Previdência, a qual levou o Real a bater no seu recorde de desvalorização, é um indicativo desta realidade. Até os primeiros dias de novembro saíram do país US$ 21 bilhões, sendo o maior volume registrado desde 1999, e a tendência é de este volume aumentar nos próximos meses. (segue)


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